Ministério Público denuncia influenciadora por morte de paciente durante peeling de fenol
Natalia Becker foi denunciada por homicídio doloso, ou seja, com intenção de matar
SBT News
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) denunciou, nesta sexta-feira (30), a esteticista e influenciadora Natalia Becker por homicídio doloso com dolo eventual qualificado por motivo torpe ao assumir o risco de matar o empresário Henrique da Silva Chagas, em um procedimento de peeling de fenol, em junho.
De acordo com Eduardo Luis Ferreira, delegado responsável pelo caso, a esteticista não estava habilitada a realizar a intervenção estética.
"Esse procedimento, peeling de fenol, obviamente não poderia ter sido feito em uma clínica de estética, mesmo porque é tipo um ato médico. Ele pode ser realizado em centro cirúrgico por médico dermatologista ou em uma clínica de dermatologia", afirma o delegado.
Em nota, a defesa da acusada, que cobrou R$ 5 mil pelo serviço que terminou na morte do empresário, afirma que Natalia "não praticou qualquer equívoco, somenos ilicitude".
Relembre o caso
O empresário Henrique da Silva Chagas, de 27, anos morreu após um procedimento estético conhecido como "peeling de fenol", no bairro do Campo Belo, em São Paulo no dia 3 de junho. O caso foi registrado inicialmente como morte suspeita.
A intervenção estética é considerada invasiva e agressiva, com promessa de rejuvenescimento da pele e deixando a pessoa com uma aparência de dez anos mais jovem. O fenol é cardiotóxico e pode causar arritmia e até parada cardíaca, com alergias, risco hepático e cardíaco.
Henrique da Silva Chagas não resistiu ao procedimento realizado pela esteticista Natalia Becker, que dá nome à clínica e tem 200 mil seguidores nas redes sociais. Os vídeos com a intervenção rejuvenescedora do tipo feitos por profissionais de estética viralizaram recentemente. Ela desativou as páginas após o caso.
"Sucesso", disse esteticista após procedimento
Segundo o boletim de ocorrência, Henrique e o companheiro chegaram à clínica durante a manhã. No local, fez limpeza de pele e, depois, a aplicação de um anestésico para amenizar a dor. Na sequência, foi feita uma raspagem na pele e, por último, a aplicação do fenol.
O produto ácido deixa a pele com aparência escamada e avermelhada, com a promessa de retirar manchas e marcas. O procedimento durou cerca de uma hora.
Ainda de acordo com o boletim, Natalia chamou o companheiro de Henrique, dizendo que o paciente "resistiu bem à dor", que a intervenção foi um "sucesso". Logo depois, porém, o rapaz começou a passar mal. Apertando a mão do namorado, começou a respirar de forma ofegante. Funcionárias foram acionadas, chamando o resgate.
O atendente do Samu passou recomendações para medir a pressão. Nesse tempo, a situação de Henrique piorou. A esteticista, ao ver a situação, também teria passado mal, foi socorrida e levada a um pronto-socorro. Ela acionou o marido, identificado como “Jorge”, também sócio da clínica, para dar conta da situação.
Ao chegar no local, o sócio deu conta da situação agravada. Ele chegou a fazer respiração boca-a-boca na vítima, além de fazer massagem cardíaca. Quando o resgate chegou, a morte de Henrique foi constatada.
Posteriormente, foi descoberto que Natalia Becker sequer tinha habilitação para realizar a intervenção estética, que só poderia ter sido feita por um dermatologista e dentro de um centro cirúrgico.