Justiça mantém prisão de policial que matou jovem com tiro à queima-roupa no Rio
Familiares da vítima ainda tentam conseguir dinheiro para pagar o enterro
Léo Sant'anna
Após audiência de custódia, a Justiça do Rio de Janeiro decidiu manter a prisão do policial militar que matou um homem à queima-roupa, no Complexo da Maré. Segundo o juiz, a decisão foi por causa da gravidade do crime e da periculosidade do PM.
O corpo de Jefferson de Araújo Costa foi liberado pelo IML no fim da tarde, mas os familiares ainda tentam conseguir dinheiro para pagar o enterro.
Faltam respostas para um crime à queima-roupa. A irmã denuncia que não foi ouvida na delegacia de homicídios, que teria havido omissão de socorro, e que o PM que atirou mostrou despreparo.
Jefferson, de 22 anos, tinha deficiência mental e participava de um protesto durante uma operação policial no Complexo da Maré. A vítima foi baleada à queima-roupa, com um tiro de fuzil, pelo cabo Eduardo Gomes dos Reis. Ele alegou que o disparo foi acidental.
Nesta sexta, o porta-voz da PM admitiu erro no procedimento. "Um policial militar teve uma atitude a qual a gente não aprova, uma atitude errada em meio a essa ação da corporação no Complexo da Maré", disse Maicon Pereira.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, escreveu numa rede social que acionou o ministro da Justiça e chamou o crime de aterrorizante.
O Ministério Público Estadual informou que recebeu relatos de violações de direitos durante a operação policial no Complexo da Maré. Além da Promotoria de Investigação Penal, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também vai acompanhar o processo que a apura a morte de Jefferson.
As investigações ficarão a cargo da Justiça Militar e não da Delegacia de Homicídios. A decisão representa uma preocupação para a Comissão de Direitos Humanos da OAB.
"Se a família do Jefferson tiver que ser ouvida na Justiça Militar, que seja ouvida direto na Promotoria da Ouvidoria Militar do Ministério Público. É muito ruim a família que teve um ente querido morto por um determinado órgão público ser ouvida por colegas de farda desse mesmo órgão público", afirma Rodrigo Mondego, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ.