Justiça condena hacker da “vaza-jato” por calúnia ao ex-presidente Jair Bolsonaro
Walter Delgatti Neto recebeu a pena de 10 meses e 20 dias de prisão em regime semiaberto; Defesa diz que vai recorrer
A 3ª Vara Criminal da Justiça do Distrito Federal, em Brasília, decidiu condenar Walter Delgatti Neto a 10 meses e 20 dias de prisão em regime semiaberto por caluniar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Conhecido como hacker da “vaza-jato”, Delgatti disse, durante depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos de 8 de janeiro no Congresso, que o atual presidente de honra do Partido Liberal havia grampeado o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
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Segundo narra o juiz Omar Dantas Lima, Delgatti, “sabendo ser falsa a imputação”, assim fez “diante de parlamentares integrantes da CPMI”, “cujas sessões eram transmitidas por diversos veículos de imprensa, com grande repercussão no país e no exterior mormente em função da internet e das redes sociais”. Por tanto, considerou o réu “culpável, a condenação é de rigor”. Também instituiu a pena-multa referente a 17 dias (valor que será calculado posteriormente).
Na sua visão, Walter tentou deliberadamente atrelar Bolsonaro a um crime que sabia não ser verdade.
O hacker está preso desde 2023 por conta de outro caso: a inserção de dados falsos em bancos de dados no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), processo que está em tramitação no STF (Pet. nº 11.626). Ele afirmou à Polícia Federal que recebeu dinheiro da deputada Carla Zambelli (PL-SP) para incluir no sistema judiciário um falso mandado de prisão contra Moraes, assinado pelo próprio ministro.
Na CPMI disse que, em conversa com Bolsonaro, ouviu que o entorno do então presidente já havia conseguido grampear o ministro Alexandre. "Segundo ele [Bolsonaro], eles haviam conseguido um grampo, que era tão esperado à época, do ministro Alexandre de Moraes. Que teria conversas comprometedoras do ministro, e ele precisava que eu assumisse a autoria desse grampo", afirmou aos parlamentares.
Ainda, disse que durante uma reunião no Palácio da Alvorada, o ex-presidente assegurou que concederia um indulto (perdão presidencial) a ele, caso fosse preso ou condenado por ações sobre urnas eletrônicas.
O que disse a defesa?
Em contato com a reportagem, advogados de Walter Delgatti Neto disseram que irão recorrer da decisão do Tribunal.