Justiça adia decisão sobre júri popular de PM que executou jovem negro com tiros nas costas
Tribunal ouviu mãe de outra vítima negra atingida por tiros pelas costas efetuados por Vinicius de Lima Britto; veja laudo
Derick Toda
Kaê Carneiro
O Tribunal de Justiça de São Paulo realizou nesta quarta-feira (29) a primeira audiência de Vinicius de Lima Britto, policial militar que executou um jovem negro com ao menos oito disparos pelas costas. O crime ocorreu na porta de um mercado, na zona sul de São Paulo, em novembro do ano passado. Gabriel da Silva Soares, de 26 anos, sofreu 11 perfurações.
Havia a expectativa de que a Justiça decidisse nesta tarde se Vinicius seria conduzido a júri popular. No entanto, a decisão ficou para uma nova audiência, marcada para a próxima quarta-feira (5).
No Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo, apenas uma testemunha da acusação foi ouvida, a mãe de Matheus Quintino dos Santos.
Matheus foi morto pelo PM Vinicius em outro caso, ocorrido em dezembro de 2023, em São Vicente, litoral de São Paulo. Matheus, um jovem negro de 25 anos, foi alvo de disparos na lateral do corpo e também nas costas.
Assim como na morte de Gabriel da Silva Soares, o policial argumenta que só se defendeu.
O SBT News teve acesso à investigação do caso. Vinicius atirou 16 vezes e um laudo do Instituto Médico Legal (IML) comprovou onde os disparos acertaram Matheus.
Além da mãe de Matheus, o atendente do mercado que testemunhou a execução de Gabriel, que é considerado peça fundamental para o caso, prestaria depoimento nesta tarde, mas não compareceu.
Do lado da defesa do militar, quatro pessoas foram ouvidas.
- Dois policiais militares que atenderam a ocorrência;
- Dois policias militares colegas de Vinicius de Lima Britto.
O júri procurou entender o comportamento de Vinicius dentro da PM. Ele deve prestar depoimento na próxima audiência.
Câmeras de segurança desmentiram a versão do PM, que dizia que Gabriel da Silva Soares estava armado. A imagem flagra o jovem furtando pacotes de sabão e sendo alvo dos disparos quando tentava fugir.
O militar foi preso no dia 5 de dezembro e está recluso desde então no Presídio Romão Gomes, da PM. No dia 9 do mesmo mês, a Justiça recusou o pedido de liberdade provisória da defesa do policial.
SBT News teve acesso a documentos que mostram que Vinicius reprovou no teste psicológico da PM, em 2021.