"A Justiça não será falha desta vez", diz advogada chamada de "galinha" em julgamento no TJMG
Criminalista detalhou caso em entrevista ao Brasil Agora; acusado deverá explicar ofensas ao Conselho Nacional do Ministério Público
A advogada criminalista Sarah Quinetti, que diz ter sido xingada de "galinha" pelo promotor Francisco de Assis Santiago em julgamento no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), afirmou ao Brasil Agora desta sexta-feira (5) acreditar "que não terá corporativismo" na punição.
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Santiago tem dez dias úteis, a contar da última quarta, para apresentar informações, a mando de Ângelo Fabiano Farias da Costa, corregedor do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
Em sessão de 26 de março, que julgava um caso de homicídio, o promotor teria ainda insinuado que a advogada faria um "striptease" durante procedimento de troca de beca entre colegas do caso.
"Enquanto advogada, eu estava ali trabalhando, não estava ali a passeio. Então, eu espero que de fato a situação seja revista e as autoridades não utilizem de seu poder para ofender ou discriminar qualquer profissional", afirmou Quinetti.
Ela afirmou que, apesar da carreira extensa e conhecida do agressor — "muito aplaudido", relatou —, a investigação do CNMP é vista como demonstração de que "a Justiça não será falha desta vez", relembrando outros casos de ofensas que aconteceram a mulheres nas cortes brasileiras.
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"Eu não milito. Eu acho que todos nós temos os mesmo direitos, correto? Mas todos os órgãos jurídicos, OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] Minas, OAB Nacional, também outras mulheres que militam no Tribunal de Júri, já estão também junto a mim tomando providências para que estes casos não ocorram, porque vêm acontecendo com muita frequência”, lamentou Quinetti.
A advogada reforçou que as ofensas foram "gratuitas" e que Francisco de Assis Santiago a destratou durante todo o júri. "Parece que pesquisou mais sobre minha vida do que a de meu cliente", ponderou a criminalista.
O corregedor também estabeleceu prazo de cinco dias para que a ata da audiência de julgamento, assim como quaisquer registros em áudio e vídeo relevantes, sejam anexados ao processo.
Apesar de a OAB ter solicitado o afastamento temporário do promotor por 120 dias, não houve ainda uma decisão da corregedoria sobre essa demanda.
A sessão de março foi suspensa e só deverá ser reiniciada em junho. Um novo promotor será designado para conduzir o caso.