Fábrica da Chocolates Pan, em São Caetano do Sul, foi vendida para Cacau Show por R$ 71 milhões
Leilão aconteceu em setembro e foi homologado pela Justiça de São Paulo na 5ª feira (19.out). Valor será usado para pagar dividas da empresa
A Justiça de São Paulo homologou na 5ª feira (19.out) a Cacau Show como a vencedora do leilão de venda do terreno da fábrica de Chocolates Pan, em São Caetano do Sul, no ABC paulista. O leilão aconteceu em 15 de setembro, quando Cacau Show, DGD Participações e a Construtora Patriani ofereceram lances pelo terreno de 10,4 mil metros quadrados, localizado no bairro Santa Paula, região nobre da cidade abeceana.
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A Cacau Show ofereceu R$ 70 milhões. Já a DGD Participações ofereceu R$ 65 milhões à vista e a Construtora Patriani ofereceu R$ 70 milhões a prazo, com condições de viabilidade de construção de prédios residenciais no local. A empresa de chocolates venceu com o melhor lance.
"Acolho a proposta apresentada pela arrematante CCSH -ADMINISTRAÇÃO DE BENS INTANGÍVEIS LTDA (Cacau Show), no importe de R$70.000.000,00 (setenta milhões de reais), com 25% (vinte e cinco por cento) de entrada e o saldo remanescente em até 30 (trinta) meses, corrigidas pela Tabela Prática do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, e a HOMOLOGO como LANCE VENCEDOR", escreveu o juiz Marcello do Amaral Perino na sentença.
A Pan (Produtos Alimentícios Nacionais) foi fundada em 12 de dezembro de 1935, pelos engenheiros Aldo Aliberti e Oswaldo Falcheiro, na rua Maranhão, em São Caetano do Sul, no ABC paulista, quando a empresa lançou seus primeiros produtos: o cigarrinho de chocolate; a Bala Paulistinha, devido à Revolução Constitucionalista de 1932; e as barras de chocolate quadradas. Lançado em 1941, os cigarrinhos de chocolate foram sucesso nos anos 1960, 1970 e 1980.
O produto virou alvo do Ministério da Saúde em 1996, cerca de 60 anos depois, quando foi realizado uma campanha contra o tabagismo e o produto foi acusado de fazer alusão ao hábito de fumar, sendo tirado da linha de produção.
No entanto, a empresa encontrou uma alternativa e começou a produzir e vender dos "chocolápis", os lápis de chocolate, para substituir o produto infame e, logo depois, as moedas de chocolate.
Posteriormente, a produção dos "lápis" de chocolate viraram uma das marcas da empresa, assim como as balas Paulistinha, o pão de mel e outros produtos derivados do chocolate.
Em 2022, o MP paulista pede a falência da Chocolates Pan
Em agosto do ano passado, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) entrou com um pedido para que a Justiça decrete a falência da fábrica de chocolates Pan. Segundo o promotor Júlio Sérgio Abbud, a solicitação tinha por base os débitos tributários, que somam quase R$ 300 milhões, sendo grande parte de impostos federais.
A ação considera que, apesar de ter aberto um processo de recuperação judicial em 2021, a Pan não tem condições de manter as atividades. Isso porque, mesmo com a suspensão dos processos de cobranças e elaboração de um plano de pagamento, a grande dívida tributária está longe de ser quitada.
"Impõe-se a decretação de falência da ora Recuperanda, pois ao que consta, o considerável montante tributário existente, consoante restou devidamente comprovado nos autos, revela total inviabilidade da continuidade da atividade empresarial da demandante", diz o texto.
O pedido foi protocolado no dia 5 de maio no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), onde o processo de recuperação judicial foi aberto em 2021. Em nota enviada ao SBT News, o fórum informou que "ainda não há nenhuma determinação do juiz Marcello do Amaral Perino a este respeito".
Em 2016, a Pan mudou de donos, sendo adquirido pelo Grupo Brasil Participações. A Chocolates Pan encerrou as atividades em março de 2023.
O comprador receberá o imóvel livre de qualquer débito.