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Justiça

PF tem mais de 4 mil horas de vídeos e cruza com depoimentos do 8/1

Com novas filmagens do GSI e falas de militares, apuração contra autoridades é aprofundada

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Delegados da Polícia Federal ouviram os depoimentos de nove militares do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), da Presidência da República, neste domingo (23.abr), sobre suas atuações no dia 8 de janeiro, nas invasões aos prédios dos Três Poderes, em Brasília, e iniciaram a análise das novas imagens dos vídeos de segurança entregues pelo Planalto, neste final de semana. 

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Os depoimentos dos nove militares do GSI foram ouvidos por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), nos inquéritos sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, após a revelação das imagens na 4ª feira (19.abr). 

Nelas, o ex-ministro chefe do GSI general Gonçalves Dias aparece interagindo com os golpistas invasores, no final da tarde, no andar do gabinete presidencial e depois circulando pelo Planalto. 

Assista às imagens:

Segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desde os primeiros mandatos, G. Dias - como é conhecido - pediu demissão do cargo. Foi ouvido pela PF na 6ª feira (21.abr) e negou qualquer facilitação aos criminosos.

O material de vídeo - parte dele inédito - era guardado pelo Planalto, que entendeu existir sigilo sobre seu conteúdo, até a última semana. Moraes determinou na 6ª feira (21.abr) que todas as imagens do sistema de segurança fossem disponibilizadas para as investigações - o que era para ter sido feito, desde janeiro, quando foram abertos os inquéritos contra os golpistas, 8 de janeiro.

Videos

São mais de 500 horas de filmagens de 33 câmeras que se somam às 4 mil horas de imagens de vídeos que a PF já tinha recebido e recolhido. São vídeos de segurança do Palácio do Planalto que registraram em detalhes nunca antes vistos, a dinâmica dos crimes praticados por golpistas que invadiram e depredaram os prédios sedes dos Três Poderes, no 8 de janeiro de 2023.

A chegada dos invasores, o recuo das equipes de segurança, o medo dos servidores acuados, a interação de militares do GSI, a chegada de Lula, estão no conteúdo agora liberado para os investigadores e publicamente. 

As filmagens guardadas até agora servem para reconstituir integralmente os passos do ex-ministro chefe do GSI e de outros militares do órgão durante as invasões, na tarde daquele domingo, as chegadas de autoridades, policiais e do presidente Lula, já quando a situação estava controlada no local e boa parte dos criminosos estavam detidos.

O material foi enviado com o restante dos que já estava apreendido sob análise da Polícia Técnico Científica da PF. O delegado Raphael Soares Astini informou que foram levantadas 4.410 horas de filmagens, totalizando 1,47 Terabytes de arquivos digitais relativos a imagens de câmeras de segurança do Planalto, do Congresso e do STF, e ainda 129 gigabytes de vídeos capturados da internet.

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"Os vídeos foram encaminhados para os Institutos de Criminalística e Identificação Nacional e que estão sendo realizadas as perícias e análises para as deliberações pertinentes", registra ofício enviado ao STF.

A PF informa ainda que ao todo foram ouvidos até aqui 81 militares que atuaram no dia 8 de janeiro, "tendo sido selecionado os de patente igual ou superior a sargento do Exército".

Depoimentos

Moraes ordenou à PF, na 5ª (20.abr), que ouvisse o ex-ministro do GSI e os servidores do órgão que estavam sob investigação, em sindicância no Executivo.

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Lula, por volta das 23h, no Planalto, vê estrragos do 8/1 | Reprodução

Os vídeos mostram além de G.Dias e Lula, outros militares do GSI, como o major José Eduardo Natale de Paula Pereira, que aparece servindo água aos invasores, caminhando com eles, em mais de um momento.

+ Moraes manda GSI enviar íntegra de imagens do Planalto no 8/1

Natale é um dos nove membros do GSI ouvido neste domingo (23.abr) pela PF, em Brasília. G.Dias e os militares chamados à sede da PF são alvos do inquérito que apura responsabilidade de autoridades por possível omissão nos crimes do 8/1, na Praça dos Três Poderes.

O Ministério Público Federal (MPF) decidiu dividir os alvos das investigação sobre os crimes do 8/1 em quatro frentes, relativas aos núcleos de atuação: os executores das invasões e do vandalismo nas sedes dos Três Poderes; os incitadores e autores intelectuais; os financiadores; e o de autoridades omissas.

Natale, como é conhecido, era servidor do GSI e foi exonerado no dia 3 de fevereiro. Ele que aparece nas imagens de vídeo do Planalto dando água para os golpistas, no saguão em frente ao gabinete de Lula.

VEJA QUEM SÃO OS MILITARES DO GSI OUVIDOS PELA PF

  1. General Marco Edson Gonçalves Dias
  2. Major do Exército José Eduardo Natale de Paula Pereira
  3. General do Exército Carlos Feitosa Rodrigues
  4. Coronel do Exército Wanderli Baptista da Silva Júnior
  5. Coronel do Exército Alexandre Santos de Amorim
  6. Coronel do Exército André Luiz Garcia Furtado
  7. Tenente-Coronel do Exército Alex Marcos Barbosa Santos
  8. Tenente-Coronel do Corpo de Bombeiros do DF Marcus Vinícius Braz de Camargo
  9. Capitão do Exército Adilson Rodrigues da Silva
  10. Sargento da Aeronáutica Laércio da Costa Júnior

As investigações seguem nesta semana, com análise do material. O SBT News apurou que os nove militares negaram facilitação ou conivência e reforçaram as afirmações de G.Dias, dadas na 6ª feira, de falta de informações ao GSI sobre os atos preparatórios de segurança para o 8/1.

+ Bolsonaro será ouvido na Polícia Federal na 4ª por atos do 8 de janeiro

O ex-presidente Jair Bolsonaro será ouvido pela PF nesta 4ª feira (26.abr), nesses inquéritos, por ordem de Moraes. Ele é suspeito em investigação que apura o núcleo de incitadores e autores intelectuais.

Processos

Nesta 3ª feira (25.abr), o STF começa a segunda sessão virtual de análise das denúncias da Procuradoria Geral da República (PGR) contra os golpistas, que vai até o dia 2 de maio. São quase 200 novos pedidos de abertura de processos criminais contra os bolsonaristas, de um total de 1.390 denúncias que o MPF deve apresentar.

O pacote das primeiras 100 acusações foi aceito pela maioria dos ministros, na última semana. Restam votar ainda os ministros Kássio Nunes Marques e André Mendonça - indicados ao Supremo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) -, mas com o voto da maioria, elas vão resultar em ações penais, com o encerramento da análise à meia-noite, desta 2ª feira (24.abr). 

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