Tribunal obriga governo a fornecer informações sobre filho de Bolsonaro
Deverão ser fornecidos possíveis registros de entrada de Jair Renan em órgãos do governo do DF
Débora Bergamasco
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios determinou, de forma unânime, que a secretaria de Esporte e Lazer do governo do Distrito Federal forneça informações sobre o influenciador digital Jair Renan Bolsonaro, filho "04" do presidente Jair Bolsonaro, fruto do relacionamento com Cristina Valle. Tratam-se de possíveis registros de entrada e saída do jovem nas dependências do órgão público desde 2019, quando começou o mandato presidencial do pai. Também deverão ser disponibilizadas eventuais agendas públicas, atos e listas de presença do jovem em reuniões.
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A determinação do tribunal atende a um pedido do advogado Marivaldo Pereira, que assessora juridicamente o deputado federal Ivan Valente (PSol-SP). Pereira havia feito essas solicitações por meio da Lei de Acesso à Informação. Mas a secretaria havia se recusado a entregar os dados. O caso foi judicializado e ainda cabe recurso ao Superior Tribunal de Justiça.
O advogado explicou a motivação do pedido: "Há fortes indícios de que a estrutura do Governo do Distrito Federal foi utilizada para estruturar e custear a empresa que o filho do presidente criou. A resistência do GDF em fornecer os registros de entrada e saída de Renan Bolsonaro em suas dependências, somente reforça essas suspeitas." E avisa: "Vamos lutar até esclarecer se Renan Bolsonaro usou a estrutura do GDF para se favorecer. E se ele fez isso, vamos cobrar, na justiça, sua punição e o ressarcimento dos cofres do GDF".
Entenda o caso
As informações foram solicitadas para vários órgãos do governo de Brasília, mas há um interesse especial na secretaria de Esporte e Lazer porque era lá que trabalhava, desde 2019, com cargo estratégico e de confiança, Allan de Lucena, ex-personal e ex-amigo de Jair Renan Bolsonaro. Os dois atuaram juntos para montar o Camarote 311, um espaço no Estádio Nacional Mané Garrincha, destinado a promoção de eventos.
O influenciador digital fechou diversas parcerias com empresários, por meio do que ele chamou de "permuta", para reformar e decorar o espaço. Depois, parte desses empresários que ajudaram o jovem de 24 anos nos negócios participaram de reunião com o então ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, com a presença do filho do presidente.
Essas relações estão sendo investigadas pela Polícia Federal em um inquérito aberto após representação confeccionada pelo advogado Marivaldo de Castro Pereira, representando o deputado federal Ivan Valente. O filho do presidente é investigado por tráfico de influência, corrupção e lavagem de dinheiro.
Em entrevista exclusiva ao SBT, ele negou todas as acusações. Veja a íntegra da entrevista aqui.