Justiça
O Supremo Tribunal Federal nas mãos de Luiz Fux
De perfil rígido em questões penais e defensor da democracia, Fux quer deixar STF fora dos holofotes
Karla Lucena
• Atualizado em
Publicidade
O ministro Luiz Fux assume a presidência do Supremo Tribunal Federal nesta quinta | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Com a disciplina de um faixa vermelha e branca de jiu-jitsu, Luiz Fux está prestes a ocupar o topo de sua carreira na magistratura. A partir de quinta-feira (10/9), o ministro assumirá a presidência do Supremo Tribunal Federal, a mais alta Corte do país e a responsável por decisões de grandes impactos e repercussões.
Pela frente, o ministro Luiz Fux deverá seguir a postura que assumiu desde que entrou no STF em 2011. É conhecido pela característica de votar seguindo fundamentos técnicos e tem conhecimento vasto do Código Civil, sendo o coautor do novo Código de Processo Civil. Mas a grande marca do novo presidente do STF é a tendência linha-dura ao julgar processos penais.
Diferentemente de Dias Toffoli, considerado da linha garantista no Supremo -- ou seja, mais propenso a decidir a favor dos réus --, Fux segue tendência mais punitiva quando julga questões penais. Forte defensor da Lava Jato, pode pautar processos que favoreçam a operação, diferente das derrotas sofridas nos últimos anos, como a derrubada da possibilidade de prisão após condenação em 2ª Instância e o envio de ações que envolvam crimes como corrupção para serem julgados pela justiça eleitoral, quando há correlação com delitos eleitorais.
Diálogo político
No campo do diálogo com os demais poderes, Luiz Fux deve se distanciar de encontros políticos e manter apenas relações institucionais. Na última terça-feira (8/9), ao se despedir dos colegas da 1ª Turma, o ministro deixou o recado de como deve atuar nos próximos dois anos."Tenho certeza que nós lograremos colocar o Supremo Tribunal Federal no patamar das instituições que ele merece. Um tribunal que luta pelos direitos fundamentais, luta pelo amor ao próximo, luta pelo amor ao bem. A 1ª Turma é pacífica, harmoniosa, coerente, que tem julgadores muito respeitados. E acima de tudo, uma Turma que pode se vangloriar que colocou o Supremo Tribunal Federal no patamar que ele merecia. Lutamos contra algumas adversidades, mas nenhuma delas pode ser atribuídas à 1ª Turma", disse.
Desafios da pauta de Fux
- Foro Privilegiado
- Prisão após condenação em 2ª Instância
- Empate nas Turmas
- Juiz de garantias
- Direitos individuais
Trajetória
A trajetória de Luiz Fux foi toda dedicada à magistratura. Iniciou como juiz aos 27 anos no Rio de Janeiro. Chegou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 2001, sendo indicado ao Supremo pela ex-presidente Dilma Rousseff em 2011 para ocupar a vaga deixa por Eros Grau. Em 2018 presidiu o Tribunal Superior Eleitoral.
Nesta quinta-feira (10/9), a posse de Fux seguirá todas as restrições de segurança instituídas com a pandemia do novo coronavírus. No plenário, apenas os chefes dos Três Poderes, ministros do STF e poucos familiares. Estruturas de acrílico e marcações para o distanciamento foram colocados no espaço. As demais autoridades e outros convidados vão acompanhar a cerimônia de forma virtual. A posse será transmitida pela TV Justiça a partir das 16h.
Publicidade