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Estados Unidos utilizam a guerra na Ucrânia para dar recado à China

Invasão a vizinhos ou tentativas de mudar a ordem global não serão toleradas pela maior potência global

Estados Unidos utilizam a guerra na Ucrânia para dar recado à China
Joe Biden, presidente dos Estados Unidos
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Na 5ª feira (26.mai), o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse que o governo dos Estados Unidos quer transformar o bloco internacional que se opõe à invasão da Ucrânia pela Rússia numa coalizão mais ampla para combater o que é visto como uma ameaça mais séria e de longo prazo da China à ordem mundial. Anteriormente, Joe Biden já havia aumentado a tensão entre os países ao reviver as alianças Quad e Aukus no Pacifíco. O presidente norte-americano também chegou a afirmar que os EUA iriam responder militarmente a qualquer invasão chinesa a Taiwan.

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"Há pelo menos uma década, desde o governo Obama, existe uma percepção por parte do establishment americano de que a China é o principal competidor dos Estados Unidos. Mais do que percepções de republicanos ou democratas, existe uma percepção do Estado, da Federação, de que você efetivamente tem na China um competidor com capacidade não só militares, mas também econômicas, de conseguir ameaçar a hegemonia norte-americana. Então isso levou os EUA a construírem uma série de mecanismos para tentar conter esse avanço da China. Você tem uma tensão específica e muito crítica agora com a Rússia, mas a longo prazo, a China é esse competidor", explica Pedro Brites, professor da Escola de Relações Internacionais da FGV.

A partir do que aconteceu na Ucrânia, os Estados Unidos, na posição de líderes do Ocidente, tentam deixar um posicionamente ao se impor em questões consideradas domésticas pela China, afirma o especialista. "Eu acho que é esse o simbolismo que os EUA estão tentando trazer para essa discussão, é mostrar como ações desse tipo, para resolver questões que os países digam que são questões suas ou, como no caso da China, questão interna, como Taiwan, não serão toleradas. Se colocando nessa posição como líderes do Ocidente, os EUA não vão tolerar esse tipo de ação."

Diferentemente do ex-presidente Donald Trump, Biden tenta conter o avanço da China por meio de seus aliados, sobretudo no leste asiático. O atual presidente norte-americano ressuscitou o Diálogo de Segurança Quadrilateral, também conhecido como Quad, entre Estados Unidos, Japão, Austrália e Índia, e o Aukus, aliança militar tripartida formada por Austrália, EUA e Reino Unido, alianças que incomodam a China e demonstram o interesse norte-americano de voltar a ter uma posição de liderança na região que havia sido deixada de lado durante o governo do republicano, cuja abordagem era mais agressiva com Pequim, com uma guerra comercial muito mais aberta.

"No governo Biden, você tem uma ideia de tentar utilizar muito mais os aliados dos Estados Unidos pelo mundo para tentar conter esse avanço da China, principalmente os aliados no leste asiático, como o próprio Japão e Taiwan, por exemplo. Então, a ideia continua sendo a mesma, é só a maneira como essa competição é apresentada que mudou pouco. Até porque o Trump havia abandonado essas instituições internacionais, os EUA tinham deixado esse papel de liderança e o Biden tenta retomar o papel que, em muitos sentidos, a China conseguiu ocupar. De ter mais ações, como foi no caso da pandemia, que a China teve uma liderança muito maior até que a dos Estados Unidos. O Biden tenta retomar isso, o que muda um pouco o perfil de como a competição vai ser feita, mas a competição persiste."

A China se recusou a denunciar a invasão da Ucrânia pela Rússia ou mesmo descrevê-la nesses termos, também aumentou suas ameaças contra a República Insular Autônoma de Taiwan e expandiu sua presença militar no Mar da China Meridional, enquanto enviava seu ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, em uma missão ao Pacífico Sul com uma proposta de segurança abrangente que, mesmo que apenas parcialmente realizada, poderia dar à China uma presença muito mais próxima do Havaí, Austrália e Nova Zelândia, e às portas do estratégico território americano de Guam.

No entanto, não é de interesse de nenhum dos países se envolver em um conflito que saía do campo da retórica. Hoje, é dificil pensar em qualquer dimensão econômica da qual a China não faça parte. Tentar excluir o país asiático do contexto internacional, como está sendo feito com a Rússia, prejudicaria não só os Estados Unidos, como seus aliados.

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