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Polícia Paralela: impunidade causa indignação em familiares das vítimas

Justiça negou pedido de prisão preventiva dos investigadores e dos 'gansos'

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A decisão da Justiça de São Paulo de negar o pedido de prisão dos policiais que mataram dois inocentes provocou revolta e indignação nos parentes das vítimas. A mãe do mecânico Guilherme Tibério Lima falou sobre a perda do filho. 

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"Quando a gente perde pai, a gente fica órfão, quando a gente perde marido, a gente fica viúvo, mas e um filho? É uma dor sem nome, é uma dor eterna", afirmou Eliete Tibério, mãe da vítima. 

O rapaz, de 25 anos, foi morto por investigadores que trabalhavam em uma delegacia, na zona leste de São Paulo, no dia 25 de novembro, em uma falsa blitz. Os policiais estavam acompanhados de três dos chamados 'gansos' - um tipo de polícia paralela. Eles eram agentes de uma ONG que usava distintivo, o Instituto Nacional de Defesa e Promoção à Pessoa (Indep). Após matarem o rapaz, gansos e policiais limparam a cena do crime e colocaram uma arma na mão do rapaz para fazer dele o criminoso. 

A Corregedoria da Polícia Civil e o Ministério Público pediram a prisão preventiva dos acusados, mas o juiz Leonardo Valente Barreiros, da quarta vara do Júri de São Paulo, entendeu que a medida não é necessária e também permitiu que os investigadores continuem trabalhando nas ruas armados. 

"Quem tirou a vida do meu filho eu estou pagando o salário dele. Ele tá aí podendo tirar a vida de outro inocente, porque meu filho era inocente", conta a mãe do jovem. A indignação da mãe do mecânico Guilherme vai além das discussões jurídicas, mas sim sobre algo que faz parte do dia a dia de milhares de famílias vítimas de casos de violência como este: a triste sensação de que a Justiça brasileira tem pesos e medidas diferentes, para casos absolutamente iguais. 

Em um exemplo prático, horas antes de Guilherme ser morto, outro crime acontecia na zona norte da capital paulista. Um investigador chegava em casa, quando um criminoso passa de moto. O comparsa vem logo atrás e dá 10 tiros no policial, que morre dentro do carro. 

O crime brutal teve resposta: os dois criminosos foram presos e estão na cadeia enquanto são julgados.  

Um mecânico e um policial assassinados quase no mesmo dia. Duas famílias foram destruídas. Criminosos identificados nos dois casos. A mesma Justiça, mas com resultados muito diferentes. 

"O Guilherme era negro e pobre, ele não teve essa escolha. Agora, se ele fosse o filho de um magnata, ele fosse o filho de um político, sabe, um filho de um juiz, um filho de um promotor, eles já estariam até exonerados", desabafa Eliete. 

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