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Jornalismo

Pesquisadores alertam para ausência de dados ocupacionais sobre covid

Lacuna pode impactar o monitoramento de doenças e o planejamento de ações responsivas

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Ausência inclui informações precisas e confiáveis sobre o número de casos relacionados ao trabalho e internações | Flickr
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Pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca e da Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, fizeram um alerta para a dificuldade na obtenção dos dados de saúde ocupacional durante a pandemia de covid-19 no Brasil. Em publicação na The Lancet Regional Health Americas, os autores criticam a ausência de informações precisas sobre o número de casos e hospitalizações no país, além de lamentar os cortes no Censo 2022 para o desenvolvimento de pesquisas. 

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Segundo os pesquisadores, a coleta de dados primários é essencial para auxiliar os gestores públicos no monitoramento de doenças e no planejamento de serviços e ações, principalmente diante de crises globais de saúde como a gerada pelo Sars-CoV-2. Além disso, eles revelam que, dois anos após o início da pandemia, há uma melhor compreensão de que o vírus afeta desigualmente subgrupos populacionais. 

Apesar de o desemprego, a informalidade e alguns empregos classificados como essenciais serem associados a uma maior mortalidade por covid, não há informações precisas e confiáveis sobre o número de casos relacionados ao trabalho e internações. "Essa é uma lacuna de informação muito importante em um país onde o desemprego atingiu 13,5 milhões de pessoas e 38 milhões de trabalhadores não tinham carteira assinada ao final de 2021 (40,6% da população ocupada)", avaliam.

O Brasil possui diversas bases de dados desagregadas que têm sido utilizadas por diversas instituições para estudar os impactos da doença em diferentes ocupações, como e-SUS Notifica, Sivep-Gripe e SIM. No entanto, conforme revelaram os pesquisadores, essas bases possuem mais de 90% de dados faltantes para variáveis ocupacionais, como indicadores de morbidade. Atualmente, as últimas informações disponíveis para trabalho e emprego datam de 2010.

"A ausência de dados censitários pode gerar impactos de longo prazo na distribuição de recursos aos municípios, na representação parlamentar de cada Estado e na implementação de programas governamentais como o novo Auxílio Brasil", afirmam os autores, lembrando os cortes que pesquisas nacionais sofreram em 2022. 

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"O falso dilema entre saúde e trabalho e o manejo errático da pandemia têm sido responsáveis por perdas humanas incalculáveis e deterioração das condições de vida e trabalho da população. Lacunas de dados impedem análises científicas precisas dos impactos da covid-19 nos trabalhadores brasileiros", concluem.

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