ONU volta a cobrar negociações diplomáticas entre Rússia e Ucrânia
"A única pergunta é: quantas vidas mais devem ser perdidas?", questionou o chefe da entidade
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, voltou a apelar por negociações diplomáticas entre a Rússia e a Ucrânia para o fim do conflito militar entre os países. Em novo pronunciamento na tarde de 3ª feira (22.mar), o líder afirmou que os governos têm "o suficiente sobre a mesa para um cessar-fogo imediato" e que continuar com os combates é "moralmente inaceitável e sem sentido".
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"Esta guerra é invencível", disse ele, em uma mensagem contundente à Rússia. "Cedo ou tarde, ele [governo russo] terá que passar do campo de batalha para a mesa de paz. Isso é inevitável. A única pergunta é: quantas vidas mais devem ser perdidas? Quantas bombas mais devem cair? Quantos ucranianos e russos mais serão mortos antes que todos percebam que esta guerra não tem vencedores - apenas perdedores?", questionou.
Entre as consequências dos conflitos militares, Guterres citou a cidade de Mariupol, que está sendo alvo de intensos bombardeios aéreos nos últimos dias. No último domingo (20.mar), por exemplo, um ataque russo atingiu uma escola onde cerca de 400 pessoas estavam abrigadas. Prédios residenciais e hospitais também continuam sendo alvo dos bombardeios para que as autoridades entreguem a cidade à Rússia.
"A guerra não vai a lugar nenhum. Por mais de duas semanas, Mariupol foi cercada pelo exército russo e incansavelmente bombardeada e atacada. Para quê? Mesmo que Mariupol caia, a Ucrânia não pode ser conquistada cidade por cidade, rua por rua, casa por casa", advertiu. "O povo ucraniano está enfrentando um inferno vivo e as reverberações estão sendo sentidas em todo o mundo com o aumento dos preços dos alimentos e energia", acrescentou.
Ele também expressou preocupação com o alto número de refugiados da Ucrânia, que já chega a mais de 3,5 milhões. Segundo monitoramento da ONU, a maioria dos civis seguem procurando abrigo na Polônia e Moldávia, enquanto outros seguem para a Hungria, Romênia, Eslováquia e, até mesmo, algumas regiões da Rússia. A movimentação na Europa é a maior desde a Segunda Guerra Mundial.
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"O que eu disse deste pódio há quase um mês deve ser ainda mais evidente hoje. É hora de parar a luta e dar uma chance à paz. É hora de acabar com esta guerra absurda", concluiu Guterres.
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