Bairros carentes têm mais mortes por covid-19, mostra estudo
Pandemia escancarou ainda mais as desigualdades entre as áreas ricas e pobres da capital paulista

SBT Brasil
A pandemia atingiu em cheio as famílias que sofrem com a falta de infraestrutura. Um dos bairros mais pobres da capital paulista registrou quatro vezes mais mortes por covid-19 que uma das regiões mais ricas da cidade, segundo pesquisa divulgada nesta 2ª feira (13.set) pela Rede Nossa São Paulo.
Nas fotos do comerciante Cícero Leite, as lembranças dos familiares que morreram por causa da covid: o irmão, em dezembro do ano passado, a enteada, em março de 2021, e a sogra, em abril. Ele é morador de Perus, na zona norte, um dos locais com maior coeficiente de mortalidade da pandemia em pessoas com menos de 60 anos. No primeiro semestre deste ano, o bairro onde a renda média não chega a R$ 3 mil teve quase 110 mortes a cada 100 mil habitantes.
A pandemia escancarou ainda mais as desigualdades entre as áreas ricas e pobres da cidade. De acordo com Jorge Abrahão, coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo, "o acesso à saúde nesses distritos mais da periferia, mais vulneráveis, ele é prejudicado, não tem a mesma qualidade". Ainda nas palavras dele, "as pessoas não conseguiram muitas vezes fazer o isolamento porque moram em espaços em que elas não conseguem fazer o isolamento".
Jorge aponta também a maior utilização do transporte público por parte dos moradores de periferia como um dos fatores para esses locais terem um índice de mortes superior. No bairro de Perdizes, na zona oeste, a situação é bem diferente. Com a segunda maior renda média da capital, teve a menor mortalidade por covid de São Paulo - quase nove vezes menos que a região mais carente da cidade.
Para quem enfrentou a dor da perda da pandemia, uma lição: Cícero afirma que fala para as pessoas se cuidarem. "Tem que usar máscara, evitar aglomeração, porque só quem perde mesmo tem o poder de sentir, quem não perde fica achando que é fácil e depois que acontece vê que não é fácil", completa.
Veja reportagem do SBT Brasil: