Cães farejadores identificam covid com até 94% de precisão, diz estudo
Animais passaram por um treinamento que durou semanas, no qual amostras de odores eram apresentadas
Cães farejadores conseguem descobrir com até 94,3% de precisão se uma pessoa está com covid-19, segundo um estudo conduzido pela Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres (LSHTM) em parceira com a instituição de caridade britânica Medical Detection Dogs e a Durham University. Os resultados -- ainda não submetidos a revisão por pares -- apontam que indíviduos infectados pelo novo coronavírus exalam um odor específico, para o qual cachorros podem ser treinados para identificar.
O trabalho foi financiado, em parte, pelo Serviço Nacional de Saúde (NHS) do Reino Unido. Para realizá-lo, os pesquisadores coletaram 3.728 amostras de odores e, destas, escolheram 325 de pessoas diagnosticadas com a covid e 675 sem a doença. De acordo com eles, os animais participantes conseguiram detectar a enfermidade mesmo em pessoas assintomáticas ou infectadas por duas variantes diferentes do Sars-CoV-2, independentemente se a carga viral de qualquer paciente era baixa ou alta.
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Os cães passaram por um treinamento que durou várias semanas, no qual as amostras eram apresentadas a eles e, quando o animal acertava o resultado -- indicando a positiva ou ignorando, no caso da negativa --, ganhavam uma recompensa. Dentre o total de cachorros, seis foram levados depois para um ensaio randomizado duplo-cego, ou seja, em que o cão, o técnico e o treinador não tinham conhecimento sobre quais amostras eram positivas ou negativas. Nessa ocasião, os pesquisadores utilizaram 400 unidades de odores. No fim, o diagnóstico da doença por parte daqueles com melhor desempenho ocorreu não só com sensibilidade de até 94,3%, mas também com especificidade de até 92%.
O primeiro índice significa uma chance pequena de um resultado falso negativo, e o segundo, de falso positivo. Para efeito de comparação, segundo os pesquisadores, os testes de antígeno para covid têm sensibilidade entre 58% e 77%, enquanto que naqueles considerados do padrão ouro, o RT-PCR, é de 97,2%.
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Refletindo sobre os dados obtidos no estudo, o professor James Logan, chefe do Departamento de Controle de Doenças da LSHTM, afirma que "mais pesquisas são necessárias para ver se os cães podem replicar esses resultados em um cenário do mundo real, mas essas descobertas são extremamente encorajadoras". " A vantagem de usar este método é ser capaz de detectar covid-19 com incrível velocidade e boa precisão em grandes grupos de pessoas, mesmo em casos assintomáticos", completou.
Já na visão da doutora Claire Guest, diretora científica da Medical Detection Dogs, "saber que podemos aproveitar o incrível poder do nariz de um cachorro para detectar covid de forma rápida e não invasiva nos dá esperança de um retorno a um estilo de vida mais normal por meio de viagens mais seguras e acesso a locais públicos, para que possamos novamente socialize-se com a família e amigos".