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Crime

Quase mil trabalhadores em condições de escravidão são resgatados em 2020

Na última semana, um grupo com policiais federais e auditores fiscais foi formado para ajudar vítimas de empregos degradantes

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Vítima de trabalho análogo à escravidão, senhor se inclina para mexer em objetos de madeira em um local sujo (SBT Jornalismo)
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No Brasil, 942 pessoas foram resgatadas de empregos análogos à escravidão em 2020, segundo números atualizados pelo Painel de Informações e Estatísticas da Inspeção do Trabalho nesta quarta-feira (28), quando se comemora o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo. O problema se repete por todo o país e cresce devido à impunidade, mas, na semana passada, a Polícia Federal (PF) lançou a maior força-tarefa da história brasileira para ajudar as vítimas.

O grupo reúne cerca de 300 policiais federais, 100 auditores fiscais, 29 procuradores, 78 agentes de segurança institucional, e 12 defesendores públicos e membros do Ministério Público Federal (MPF), que vêm participando da chamada Operação Resgate. Entre as pessoas salvas por eles até o momento, está um senhor que passou os ultimos 15 anos morando em um pequeno quadrado, sem poder sair.

Segundo Rômulo Machado, subsecretário de Inspeção do Trabalho do Ministério da Economia (ME), um emprego degradante é caracterizado pela "falta de acesso a água potável, alimentação, falta de acesso ao banheiro". Mesmo hoje, data simbólica criada em homenagem a auditores assassinados quando investigavam uma fazenda em Unaí (MG) há 17 anos, um caso foi denunciado: no Rio de Janeiro, uma senhora de 63 anos trabalhava há 41 anos como empregada doméstica, sem receber salário e ter férias. A mulher já recebeu ajuda.

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Nos últimos 15 dias, foram resgatados 140 empregados em 12 estados, sendo 32 só em plantações de Goiás, 27 em carvoarias de Minas Gerais e 25 indígenas em Mato Grosso do Sul, as três unidades federação com o maior número de casos. "Nós temos aí cerca de R$ 500 mil de verba rescisória para serem pagas a esses trabalhadores", explica Rômulo.

De 2017 até o ano passado, as equipes de fiscalização conseguiram garantir o pagamento de pouco mais de R$ 3 milhões em salários e verbas rescisórias para pessoas que viveram sob a sombra do trabalho análogo à escravidão. Além disso, 1.278 delas tiveram o contrato de trabalho formalizado. Por outro lado, entre 2008 e 2019, apenas quatro em cada dez empregadores foram responsabilizados, segundo uma pesquisa feita pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

"Os processos precisam tramitar de uma maneira mais rápida, mais célere, às vezes se passam tanto anos desde que as pessoas foram resgatadas do trabalho escravo, que já não se encontram mais as vítimas, as testemunhas não se lembram de nada", pontua Carlos Haddad, juiz federal e professor responsável pelo estudo.
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