Coronavírus: Chineses e asiáticos são alvos de discriminação em São Paulo
Em um edifício comercial, na região nobre da capital, um aviso estipulava condições para que funcionários chineses de uma empresa circulassem dentro do prédio
Coronavírus: Chineses e asiáticos são alvos de discriminação em São Paulo
SBT News
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A notícia do aumento de casos do coronavírus na China e em outros países veio acompanhada de uma onda de ações discriminatórias contra chineses e asiáticos em geral, demonstrando que o preconceito se dissemina tão rapidamente quanto o vírus.
Um dos casos aconteceu em um bairro nobre de São Paulo. No elevador de um edifício comercial, um documento alertava sobre a epidemia da doença e indicava regras diferenciadas para funcionários de uma das multinacionais com sede no local.
O texto trazia o seguinte comunicado: "Com a finalidade de prevenir eventual transmissão aos usuários do condomínio, comunicamos que há uma empresa oriental instalada neste edifício e que dentre os funcionários existem vários chineses. Além disso, está prevista a chegada de chineses na próxima semana, que irão trabalhar no prédio".
Em seguida, o aviso estipulava condições para que os funcionários chineses circulassem dentro das dependências do edifício: "Fica determinado o uso de máscaras cirúrgicas, a utilização apenas do elevador privativo e a higienização das mãos com álcool em gel".
O comunicado, que é assinado pela administração do prédio, já foi retirado do elevador. A equipe de reportagem do SBT Brasil não conseguiu obter contato com os gerentes ou administradores do local.
No Rio de Janeiro, outro caso de xenofobia também chamou atenção. Em um vídeo, publicado nas redes sociais, uma idosa xinga uma jovem de origem japonesa. Sob gritos de "chinesa porca", a senhora também acusa a moça de propagar o coronavírus.
Segundo o Instituto Cultural Brasil-China, estes não são casos isolados. O presidente do Ibrachina, Thomas Law, conta que, desde o início da epidemia, vem recebendo denúncias e mensagens ofensivas contra a comunidade chinesa em São Paulo. "Meninos indo para a balada, falando: `Esse aí é o coronavírus!` A brincadeira de muito mal gosto, que começa agora a vir com uma questão de discurso de ódio. Você vê, nas nossas redes sociais: quero eliminar o povo, que exterminar, quero acabar com a raça".
No Brasil, a Xenofobia é crime, cuja pena prevista é de um a três anos de reclusão, além de multa.