Publicidade

Ministério da Saúde comprou sem necessidade R$ 32 mi em preservativos femininos na pandemia, aponta CGU

Contratos foram fechados no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, para fornecimento de 10 milhões de unidades em látex

Ministério da Saúde comprou sem necessidade R$ 32 mi em preservativos femininos na pandemia, aponta CGU
Lateral do Ministério da Saúde (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
Publicidade

Um relatório de apuração publicado pela Controladoria-Geral da União (CGU) nesta segunda-feira (26) aponta que o Ministério da Saúde comprou, durante a pandemia de covid-19, de forma desnecessária, R$ 31,9 milhões em preservativos femininos.

+ Brasil se aproxima de 1 milhão de casos e 200 mortes por dengue em 2024

São dois contratos fechados durante o governo Jair Bolsonaro (PL). Entre eles, um com a empresa estrangeira Cupid Limited, representada pela companhia nacional Precisa Comercialização de Medicamentos, no valor de R$ 16.379.913,98, que foi assinado em 13 de novembro de 2020, para fornecimento de 5 milhões de preservativos femininos em látex; e um com a empresa estrangeira HLL Lifecare Limited, representada pela nacional Injeflex Indústria e Comércio de Dispositivos e Produtos Ltda, no valor de R$ 15.561.132,64, que foi assinado em 25 de novembro de 2020, também para o fornecimento de cinco milhões de preservativos femininos em látex.

A auditoria da CGU concluiu que a efetivação dos contratos, no momento em que ocorreu, era desnecessária, tendo em vista o estoque de 8.522.300 preservativos femininos em látex provenientes de um contrato anterior e suficiente para atender a demanda por mais de 12 meses. Além disso, era inoportuna, "considerando o contexto crítico em que se encontrava a saúde pública no Brasil em meio à pandemia do coronavírus".

A CGU diz ainda que as aquisições objetos desses contratos "se deram com base em um consumo médio superestimado e sem comprovação e em uma subestimativa do período de cobertura do estoque já existente".

+ Maioria dos municípios não atingiu meta de cobertura para vacinação infantil em 2023, diz Butantan

Em relação ao procedimento licitatório do Pregão Eletrônico nº 81/2020, realizado pelo Ministério da Saúde para aquisição de preservativos femininos e do qual decorrem os contratos, a Controladoria-Geral da União pontua que a justificativa sobre o quantitativo e a definição da especificação dos tipos de materiais licitados foi deficiente e a pasta não esclareceu "devida e oportunamente a metodologia de cálculo, os critérios adotados e a fonte dos dados e os sistemas utilizados que a embasaram".

A CGU ressalta que o trabalho de auditoria demonstrou também que houve atraso reiterado nas entregas dos produtos; as providências adotadas pelo fiscal dos contratos foram "intempestivas e ineficazes"; e o Ministério da Saúde "tem atuado com morosidade na aplicação e na efetiva cobrança das multas, no total de R$ 2.790.207, aplicadas às empresas Precisa e Injeflex, pelos atrasos reiterados nas entregas de preservativos femininos".

A auditoria identificou que a pasta não utiliza critérios objetivamente estabelecidos, pautados, por exemplo, no público-alvo a ser atendido, para o atendimento aos pedidos de preservativos femininos realizados pelos estados e municípios por meio do Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (Siclom). Este, diz a CGU, precisa de aperfeiçoamento, pelo ministério, das funcionalidades gerenciais.

+ Campanha "Fevereiro Roxo e Laranja" promove conscientização sobre doenças crônicas

"Espera-se que, a partir dos resultados obtidos neste trabalho de auditoria, o Ministério da Saúde planeje de forma mais assertiva suas aquisições", pontua a Controladoria-Geral da União.

Além disso, pede que a pasta atue com mais transparência na priorização das compras de insumos e maior racionalidade na otimização do uso dos recursos públicos e no dimensionamento das reais necessidades de abastecimento e distribuição; e seja tempestiva no acompanhamento dos contratos e na aplicação e cobrança de penalidades aplicadas.

"Os fatos ou condutas evidenciados neste relatório que ensejarem a apuração de responsabilidade administrativa poderão ser encaminhados às instâncias específicas da CGU para a realização de juízo de admissibilidade, nos termos da legislação vigente", salienta o relatório.

O SBT News pediu um posicionamento do Ministério da Saúde sobre as conclusões da ação de controle. Em nota, a pasta disse que "vai analisar os apontamentos trazidos pela CGU sobre os contratos firmados na gestão passada".

Precisa Medicamentos

A Precisa foi investigada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da pandemia, do Senado, em 2021, pela assinatura de um contrato com o Ministério da Saúde para aquisição da vacina indiana Covaxin.

O relatório final aprovado pelo colegiado pediu o indiciamento da empresa por ato lesivo à administração pública. Também foi sugerido o indiciamento de um dos sócios da companhia, Francisco Emerson Maximiano, por falsidade ideológica, uso de documento falso, fraude processual, fraude em contrato, formação de organização criminosa e improbidade administrativa.

Publicidade
Publicidade

Assuntos relacionados

Governo
Saúde
Ministério da Saúde
compras

Últimas notícias

Trump se esquiva de responsabilidade por 6 de Janeiro; Biden aponta apoio a neonazistas

Trump se esquiva de responsabilidade por 6 de Janeiro; Biden aponta apoio a neonazistas

No primeiro debate para eleições presidenciais dos Estados Unidos, presidente e ex discutem invasão do Capitólio
Os bastidores do primeiro debate presidencial entre Biden e Trump

Os bastidores do primeiro debate presidencial entre Biden e Trump

Joe Biden e Trump começaram com tom de voz baixo, calmos, mas a partir dos 30 minutos debateram com entusiasmo
"Nós temos que tirar essas pessoas e rapidamente", diz Trump sobre imigrantes

"Nós temos que tirar essas pessoas e rapidamente", diz Trump sobre imigrantes

Ex-presidente voltou a afirmar durante o debate presidencial nos EUA, que, se eleito, terá um programa massivo de deportação
Cidade de SP completa um mês sem chuvas significativas, diz CGE

Cidade de SP completa um mês sem chuvas significativas, diz CGE

Monitoramento da prefeitura não registra quedas de água desde 27 de maio na capital
Biden x Trump: democrata e republicano divergem sobre direito ao aborto

Biden x Trump: democrata e republicano divergem sobre direito ao aborto

Decisões da Suprema Corte dos Estados Unidos foram tema no primeiro debate da eleição presidencial dos Estados Unidos
Confrontado sobre inflação nos EUA, Biden culpa Trump: "Estava tudo um caos"

Confrontado sobre inflação nos EUA, Biden culpa Trump: "Estava tudo um caos"

Presidente dos Estados Unidos enfrenta o antecessor no primeiro debate presidencial das eleições de novembro
Parto de jiboia "Ronaldo", que se pensava ser macho e estava sozinha, surpreende especialistas

Parto de jiboia "Ronaldo", que se pensava ser macho e estava sozinha, surpreende especialistas

Animal deu à luz 14 filhotes dentro de viveiro de instituição na Inglaterra onde vive isolado há nove anos
MP denuncia presidente do Solidariedade por organização criminosa

MP denuncia presidente do Solidariedade por organização criminosa

Eurípedes Júnior e outros nove integrantes do partido são acusados de criar candidaturas laranja para desviar dinheiro dos Fundos Partidário e Eleitoral
Segurança salva Cristiano Ronaldo de "voadora" após jogo da Eurocopa

Segurança salva Cristiano Ronaldo de "voadora" após jogo da Eurocopa

Cristiano Ronaldo descia para o túnel, quando um torcedor, que estava na arquibancada, voou sobre ele
"Um Lugar Silencioso: Dia Um" – O silêncio aterrorizante retorna aos cinemas

"Um Lugar Silencioso: Dia Um" – O silêncio aterrorizante retorna aos cinemas

Filme chega ao Brasil nesta semana e o SBT News foi nesta quarta (26) à estreia em Nova York
Publicidade
Publicidade