"Pagamento de dívida histórica", diz Lula ao assinar pacote de medidas para igualdade racial
Na data em que se comemora o Dia da Consciência Negra, presidente afirmou que 2023 é ano de reconstrução de políticas públicas
Felipe Moraes
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou, nesta 2ª feira (20.nov), Dia da Consciência Negra, um pacote de medidas para a promoção da igualdade racial no Brasil. Em cerimônia no Palácio do Planalto, classificou o gesto como "pagamento de dívida histórica".
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"Tudo que assinamos agora é como se a gente estivesse plantando uma árvore. Para dar certo, tem que ser semeada, colocar água, tem que ter sol, precisa ter adubo. Adubo para a política pública funcionar são vocês", disse Lula, em evento com ministros de Estado, como Anielle Franco (Igualdade Racial) e Margareth Menezes (Cultura), representantes do terceiro setor e lideranças de movimentos sociais. Jorge Aragão e Lia de Itamaracá fizeram apresentações musicais.
"O que fizemos aqui hoje é pagamento de dívida histórica que a supremacia branca construiu neste país desde que foi descoberto", afirmou o presidente. "Queremos apenas recompor aquilo que é realidade da sociedade democrática. Tudo que a gente está fazendo é tentativa de recompor coisas que foram destruídas e recolocar no lugar coisas que foram tiradas", continuou Lula, em referência à gestão de Jair Bolsonaro (PL), mas sem citar nominalmente o ex-presidente.
O pacote inclui programas nacionais, titulações de territórios quilombolas, bolsas de intercâmbio, acordos de cooperação e formação de grupos de trabalho interministeriais, entre outras iniciativas.
Antes do discurso de Lula, Anielle Franco anunciou medidas como o investimento de R$ 8 milhões, junto com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, em iniciativa de qualificação para atendimento psicossocial de mãe e familiares vítimas de violência.
"Impossível não lembrar da minha irmã [Marielle Franco, assassinada em 2018]. Sempre penso onde ela estaria. Mas a gente segue firme, por ela também", disse Anielle.
Lula classificou os anos anteriores a 2023 como "um furacão" que "destruiu tudo que é política de inclusão social que a gente se matou para fazer em 13 anos". "Digo que este ano foi de reconstrução, de colocar a casa em pé. Muitos ministérios não têm a quantidade de funcionários hoje que tinham quando fui presidente entre 2003 e 2010", pontuou.
Ao lado da deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), Lula quebrou o protocolo e entregou a palavra à parlamentar. "Acho que o melhor jeito de homenagear o dia de hoje é colocar uma pessoa por quem tenho profundo amor, respeito e carinho. Uma figura que nasceu na política junto comigo e ajudou a construir este partido", disse Lula.
Emocionada, Benedita declarou que a eleição de Lula para um terceiro mandato significou um alívio pessoal: "Se não ganhasse as eleições, não sei como eu ficaria".
No encerramento da cerimônia, a deputada cantou o samba Juízo Final, composto por Nelson Cavaquinho e Élcio Soares.
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