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Governo

Marina Silva: "Brasil está para o século XXI como os EUA estiveram para o XX"

Ministra e Haddad participaram do painel Transformação Ecológica: O Brasil e o Mundo, em Nova York

Imagem da noticia Marina Silva: "Brasil está para o século XXI como os EUA estiveram para o XX"
Marina Silva (Lula Marques/Agência Brasil)
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A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, disse nesta 2ª feira (18.set) que o Brasil "está para o século XXI como os Estados Unidos estiveram para o século XX: um país jovem, competindo com países de cultura milenar, que se tornou mais desenvolvido em vários aspectos do que eles". A declaração foi dada durante participação no painel Transformação Ecológica: O Brasil e o Mundo, do evento Brasil em Foco - realizado pela Fiesp e a Confederação Nacional da Indústria em Nova York, nos EUA.

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"Nós não temos as mesmas capacidades técnicas nem os recursos financeiros, mas se tivermos a decisão política e o compromisso ético de fazermos as mudanças que podemos fazer, com certeza o Brasil será uma potência em vários sentidos. Primeiro porque vamos liderar pelo exemplo. Já conseguimos nesses primeiros oito meses reduzir a emissão de CO2 em cerca de 200 milhões de toneladas, evitando o desmatamento de 48% no índice do desmatamento da Amazônia", complementou Marina.

Ainda de acordo com ela, o país já fez o "plano de transição para uma agricultura de baixo carbono". "O Plano Safra já é a base da agricultura de baixo carbono, para que sejamos, ao mesmo tempo, uma potência agrícola, uma potência florestal, uma potência hídrica e ambiental".

Em outro momento do painel, respondendo a questão sobre como ela enxerga o desafio de uma nova indústria e quais os cenários mais promissores para o Brasil crescer verde, Marina disse que "a transição ecológica, as mudanças que o mundo precisa necessitam de um Estado mobilizador, que seja capaz de mobilizar o que há de melhor da iniciativa privada, que seja capaz de mobilizar o que há de melhor da sociedade".

Ela prosseguiu: "E nesse sentido, eu diria que essa nova indústria, essa nova economia, o novo não se cria em cima do novo. Tudo que existe para existir precisa preservar alguma coisa, e essa visão em relação aos processos produtivos não é para que a gente possa descartá-los. É para que a gente possa, em algum caso, transformá-los e ressignificar a experiência que tivemos, preservando as coisas boas, mudando as coisas que já não estão mais dando certo. Então a gente precisa do Estado mobilizador".

Segundo Marina, o processo de desindustrialização do Brasil precisa ser "urgentemente" superada. "Nenhum país, como dizem os economistas que eu admiro, vai sair da armadilha de ser eternamente um país de renda média se não for capaz de combinar suas necessárias commodities, que o Brasil tem, com uma indústria vigorosa, uma indústria forte".

Exportar sustentabilidade

Marina disse no painel também que, ao produzir agricultura de baixo carbono, o Brasil estará "exportando sustentabilidade". "Ao produzirmos hidrogênio verde, estaremos exportando sustentabilidade, ao fazermos manejo florestal e vendermos nossas madeiras, agregando valor, estaremos exportando sustentabilidade", complementou.

Conforme ela, neste ano, o governo concederá 1 milhão de hectares de floresta para o manejo sustentável: "O governo anterior concedeu 400 mil hectares de floresta para uso produtivo. Nós, neste ano, vamos fazer a concessão de 1 milhão de hectares. Queremos chegar até o final dos quatro anos do governo do presidente Lula com 5 milhões de hectares concedidos para gerar emprego, para gerar renda".

A ministra continuou: "Estamos também inovando, não só fazendo concessão florestal para o manejo sustentável, mas também para restauração e, aí, a lei do mercado regulado de carbono vai nos ajudar, porque vamos conceder áreas degradadas para poder prestar um triplo serviço: gerar emprego, gerar renda, ao mesmo tempo, sequestrar carbono e ajudar a criar novas condições para a transição do planeta".

Fernando Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também participou do painel. Em determinado momento, disse que o agronegócio brasileiro "já deu várias demonstrações de modernidade".

"Às vezes a gente olha para maus brasileiros, que desmatam, que corrompem a natureza visando ao lucro fácil, mas não é essa a realidade do nosso agro. O agro vem investindo pesadamente em tecnologia, em novas formas de produção, vem garantindo espaço no mercado internacional com produtos de cada vez mais qualidade".

Haddad prosseguiu: "E essa agenda da pecuária e da agricultura moderna tem que também estar no nosso horizonte. E eu vejo uma grande disposição dos nossos empresários do agro em fazer os investimentos necessários para que a agricultura e a pecuária continuem tendo ganhos enormes de produtividade, mas também com ganhos ambientais expressivos, porque o agro é o primeiro a saber que se essa agenda não for endereçada, ele vai acabar perdendo mercado internacional".

Em outro momento, Haddad discorreu sobre a capacidade do Brasil de produzir energia limpa. "O que nós faremos da energia limpa que podemos produzir? Porque nós podemos duplicá-la. O Brasil pode se tornar exportador de terras raras e energia limpa, exportar lítio, exportar hidrogênio, ou nós podemos usar uma parte dessa energia para produção de produtos verdes. Nós podemos neoindustrializar o país, mas pensando em exportar produtos verdes, produzir produtos verdes", disse.

"E nós temos toda a condição disso se nós agirmos em outras áreas que estão no nosso radar, no radar do atual governo e do Congresso".

Entre essas áreas, disse, a sustentabilidades das contas públicas.

Oportunidade

Haddad disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai se encontrar com presidente americano, Joe Biden, na 4ª feira (20.set) e que foi convidado para participar da reunião.

"E eu penso que nós temos uma oportunidade única de mostrar que o país é um país aberto aos negócios verdes. Nós temos que abrir a nossa economia para o green business, tornar o Brasil o porto de chegada do investimento que visa a sustentabilidade do planeta. A sustentabilidade social, a sustentabilidade das contas públicas", complementou.

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