Desmatamento na Amazônia tem queda após 4 anos; alertas batem recorde no Cerrado
Dados anuais registrados por sistema de monitoramento do Inpe foram apresentados nesta 5ª feira
Emanuelle Menezes
Os alertas de desmatamento na Amazônia registraram queda de 7,4% de agosto de 2022 a julho de 2023, em comparação com o mesmo período da temporada de 2021/2022. Foram 7.952 km² de área desmatada, o menor valor dos últimos quatro anos. Os dados são do Inpe, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, e foram divulgados pelos ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima e da Ciência, Tecnologia e Inovação nesta 5ª feira (3.ago).
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O instituto utiliza como ano de referência para calcular o desmatamento anual o intervalo entre agosto de um ano e julho do ano seguinte. O recorde na série histórica foi registrado na temporada 2019/2020, primeira vez em que o levantamento foi feito totalmente com dados do governo de Jair Bolsonaro (PL): 9.216 km² de área devastada.
Quando contabilizado somente o período do governo Lula (PT), com Marina Silva a frente do ministério do Meio Ambiente, a redução é ainda mais expressiva: ao longo do último semestre houve uma queda de 42,4% nos alertas. Para o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, a reversão na curva de desmatamento é um sinal positivo.
"O atual governo recebeu um desmatamento em crescimento acelerado. Após sete meses de trabalho, nós temos uma redução de 42,4%", disse Capobianco.
O secretário também destacou a queda de 66% no desmatamento registrada em julho na Amazônia, com 500 km² desmatados. Tradicionalmente, esse é o mês com maior índice de desmatamento na região, por causa do clima. Em 2022, no mesmo mês, foram 1.487 km². Em 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro, foram 2.255 km².
Cerrado bate recorde
Já no Cerrado, os alertas de desmatamento bateram recorde. Foram 6.359 km² de área desmatada, o pior resultado desde o início da série histórica do Deter, sistema de monitoramento em tempo real do Inpe.
Na comparação com a temporada anterior, o aumento foi de 16,5%. De agosto de 2021 a julho de 2022, o número de alertas registrados foi de 5.458 km². Na temporada 2017/2018, primeiro ano de registro do sistema, foram derrubados 4.520 km².
Segundo a ministra do Meio Ambiente, o desmatamento no Cerrado é "complexo", já que apenas 8% do bioma é protegido por unidades de conservação e 80% do território pode ser explorada com autorização dos estados.
"Temos uma situação que é complexa em função da incidência de desmatamento com autorização. O Ibama pode atuar nas áreas com ilegalidade comprovada ou suspeita muito evidente de ilegalidade", disse Marina.