"Delação é positiva quando é bem feita", afirma Dino
Ministro da Justiça falou sobre caso Marielle em entrevista ao programa "Bom dia, Ministro"
Henrique Bolgue
O ministro da Justiça, Flávio Dino, defendeu o uso da delação premiada no caso Marielle.
"Um mesmo objeto pode ser pro bem e pro mal, depende de como você utiliza. Então, no caso da delação premiada, você pode usar corretamente, como estamos usando, com os cuidados técnicos, não há coação, chantagem, há respeito do direito de defesa e há prova de corroboração", avaliou.
A declaração foi dada nesta 4ª feira (26.jul) no programa "Bom dia, Ministro" do Canal Gov, novo canal estatal da EBC.
Na entrevista, Dino também afirmou que a delação foi usada "indevidamente" em outros momentos.
A polêmica sobre o uso do instrumento para investigação começou na 3 ª feira (25.jul), quando o ministro foi alvo do ex-procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, e do senador Sérgio Moro (União Brasil - PR), que ironizaram o uso da delação no caso Marielle, comparando-o ao que ocorreu na operação que encabeçaram antes.
Na 2ª feira (24.jul), a Polícia Federal prendeu Maxwell Simões Corrêa, o Suel, suspeito de planejar o assassinato da vereadora, como um desdobramento da delação de Élcio de Queiroz, motorista que participou do assassinato.
+ Caso Marielle Franco: veja detalhes da delação de Élcio de Queiroz à Polícia Federal
O ministro também comentou a investigação sobre o assasinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Para Dino, o crime "é muito complexo" e há um novo patamar depois dos últimos passos da investigação.
Ele voltou a afirmar que novos fatos irão a público nas próximas semanas, após a confirmação do que foi dito na delação de Élcio e destacou que a investigação é independente. "Não tenho conhecimento dos autos, os delegados conduzem, não há interferência política", disse.
Dino ressaltou a importância de desvendar o caso para prenenir novos crimes contra mulheres, especialmente as que estão na política, que "são alvo de muita violência".