Norte e Nordeste têm "enorme potencial" de crescimento de exportações, diz Apex
Presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos falou ao SBT News
SBT News
O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Jorge Viana, disse nesta 5ª feira (2.jan) que as exportações brasileiras no Norte e Nordeste são ainda "muito baixas", mas acredita haver "um enorme potencial de crescimento de produtos e de empresa" em ambas as regiões, sem prejuízo às demais. As declarações foram dadas em entrevista ao programa Perspectivas, do SBT News.
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No ano passado, explicou, o Brasil exportou US$ 334 bilhões, sendo US$ 162 bilhões no Sudeste, cerca de US$ 55 bi no Sul, aproximadamente US$ 55 bi também no Centro-Oeste, US$ 28 bi no Norte e em torno de US$ 27 bi no Nordeste. Dessa forma, a Apex atuará para que o Brasil continue disputando o mercado mundial com as três primeiras regiões, mas inclua "nessa disputa, nesse trabalho, fortemente o Norte e o Nordeste", sem prejudicar as outras.
Viana vai conversar com representantes dos governos das 27 unidades federativas (UFs), para ver "bem" o potencial de cada UF e, assim, a Apex agir com precisão quando chegar para preparar as empresas para exportação. "Porque essa é uma das coisas que a gente faz, tem um programa chamado Peiex, que nós reforçaremos nas 27 UFs", disse. Falando sobre o Distrito Federal especificamente, pontuou: "Não pode ser um lugar apenas do servidor público ou daqueles que trabalham por conta da administração pública. O DF tem a sua vocação. É um hub fundamental para a viação, para a logística toda, e isso pode ser um potencial enorme para exportação".
Ele espera concluir a tarefa de conversar com os governos até o final de março. Já se reuniu com os governadores Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul, Rafael Fonteles (PT), do Piauí, Gladson Cameli (PP), do Acre, e Clécio Luís (Solidariedade), do Amapá. As exportações do Brasil no Sul, Sudeste e Centro-Oeste estão crescendo e também precisam aumentar mais, ressaltou.
Ainda segundo Viana, logo após a posse do novo presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, na 2ª feira (6.fev), vai se reunir com ele, em Brasília, para discutir "um redirecionamento de investimentos de créditos para setores que são estratégicos e que visam também fortalecer essas cadeias produtivas da exportação". Isso porque, pontuou, "quando você fala de exportação, tem um diferencial, pois uma empresa que vai exportar ela paga melhor os seus servidores, seus colaboradores, ela tem um produto de melhor qualidade, porque o mercado é muito exigente, a concorrência não é dentro do Brasil, é lá fora. Então quanto mais exportarmos, melhor. A gente vai melhorar a vida de quem trabalha naquela empresa, vai melhorar o salário e também o produto".
O potencial de produção de alimentos e a capacidade de retomar indústria são, na avaliação do presidente da Apex, "a grande vantagem" do Brasil no mercado mundial. O país precisa, de acordo com ele, voltar a industrializar os seus produtos para exportar. Além disso, pode incluir no comércio com o mundo "os produtos da Amazônia, os produtos compatíveis com a floresta, o uso da biodiversidade". "Quanto mais nós valorizarmos o uso dos recursos naturais, mais eles serão preservados. Não é deixar em pé. 'Ah, árvore em pé, a floresta em pé'. Primeiro que eu não falo nunca redução do desmatamento. Redução do desmatamento ilegal primeiro. Primeiro vamos atacar isso".
Viana afirmou que há um mercado de USS 177 bilhões, no mundo, de produtos compatíveis com a floresta, e o Brasil, atualmente, participa com apenas US$ 300 milhões. A Apex, em sua gestão, portanto, atuará para aumentar a participação. Entre os produtos compatíveis com a floresta que o país tem para oferecer, estão a castanha-do-pará e a pimenta do reino.
Agenda climática
Conforme o presidente da Apex, o mundo vive uma agenda climática, ou seja, vem, por exemplo, discutindo uma transição de economia de carbono para descarbonizada, por causa das mudanças climáticas, mas, nos últimos anos, o Brasil passou a ser visto como um país que voltou a destruir o meio ambiente, em vez de reduzir essa destruição, e também uma nação "que vivia um descaso com as populações originárias". Mudar essa visão, ressaltou, favorece bastante o crescimento dos negócios.
"Eu acho que agora, com o presidente Lula, há uma avenida para ser percorrida, e eu espero, como presidente da Apex, com um time muito bom que nós temos na Apex, que a missão dela é essa, a gente possa acelerar o processo de crescimento da presença do Brasil no mercado exterior, desse fluxo de importação e exportação, mas, para isso, nós vamos ter que ter um trabalho muito em conjunto com as empresas, com o setor produtivo brasileiro e, obviamente, conquistar os investidores estrangeiros para que eles possam fazer investimentos duradouros no Brasil", afirmou.
Busca ativa
Ainda na entrevista, Viana disse que a agência fará uma busca ativa por companhias: "Tem um número enorme de empresas que estão habilitadas para exportar, mas não estão exportando nada. Nós vamos fazer busca ativa, entender por que não está exportando. Porque às vezes falta um crédito, uma condição mínima, um contato com o mercado, então a Apex vai também dar um passo atrás, vai para o andar de baixo, tentar identificar potenciais produtos, quem quer trabalhar aqueles produtos, ver se falta um crédito, vamos ver se a gente trabalha com fundo de aval, eu fiz isso quando eu era prefeito em 1993. Fundo de aval, criar alguma coisa que a Apex não faz, principalmente para o Norte e Nordeste e com empresas que estão começando".
Mudanças
Outro tema abordado na entrevista foi a mudança das pessoas que trabalham na Apex. Segundo Jorge Viana, quando começou a atuar como presidente da agência, no último mês, pediu para que fossem trocados todos os ocupantes dos cargos comissionados, porque "é assim que funciona". Segundo ele, é normal uma nova gestão governamental mudar ocupantes de cargos comissionados. A Apex trocou todos da sede e dos seus escritórios nos países.