BNDES deve ter papel fundamental para a retomada da indústria no governo Lula

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que será empossado em 1º de janeiro de 2023, certamente não terá poucos desafios pela frente. Um deles, será retomar a capacidade industrial do Brasil, que nos últimos anos teve queda.

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"O Brasil precisa pensar em recuperar a sua capacidade industrial. A gente tinha empresário nacionalista, com visão de soberania da indústria nacional. Eram empresários que pensavam o Brasil. Isso acabou", afirmou Lula durante sua campanha.

Para o economista Hugo Garbe, "a queda da capacidade industrial do Brasil tem uma relação direta com a taxa de juros, ou seja, quanto maior a taxa de juros, menor o incentivo que você dá pro empresário abrir novas indústrias. E dois outros fatores importantes, tributação, o aspecto tributário na indústria ele é brutal, ele massacra o industrial". O especialista aponta também a legislação trabalhista como outro fator que incentiva a desindustrialização do país.

A missão de comandar o Ministério da Indústria, Comércio e Serviços foi designada para o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin.

"Os principais desafios pro novo governo industrializar o país novamente, primeiro é o incentivo pro empreendedor ou pro industrial abrir novas indústrias, novos parques industriais, ou atrair investimento estrangeiro em indústria. Pra isso você precisa trazer segurança jurídica pra esse investidor, você precisa ter um fomento, um incentivo fiscal, a tributação no Brasil ela é muito cara ainda", afirma Hugo Garbe.

"E o mais importante é financiamento. Você precisa dar crédito pra esses empresários pra que ele possa acessar esse crédito e fazer o investimento em indústrias e gerar emprego e renda", completa o economista

Um dos protagonistas para a retomada da indústria no Brasil deve ser o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que terá Aloizio Mercadante como presidente.

Ao anunciar parte da nova diretoria do BNDES, Mercadante falou sobre a importância do banco para os objetivos do governo eleito: "uma equipe de alto nível e de gente do mercado, sistema financeiro, gente com experiência na administração pública para poder abrir caminho para que o BNDES impulsiona a indústria, porque o Brasil precisa de reindustrializar", defendeu. "A carteira do BNDES era 43%, hoje é só 16%. O Brasil sem indústria não gera emprego de qualidade, não gera tecnologia, não gera inovação", completou.

Para Hugo Garbe, o "BNDES tem que mapear quais são os setores industriais que são fundamentais pro desenvolvimento econômico do Brasil e financiar isso a crédito subsidiado, crédito barato, fácil, não burocrático. O BNDES tem um papel fundamental tirar esses projetos do papel".

Para Lula, o primeiro passo para retomar a capacidade industrial do país é definir os nichos que se pretende investir. O presidente eleito já defendeu inovação e tecnologia como prioridades.

"É importante definir o nicho sim, porque você já tem setores industriais que já são desenvolvidos no Brasil, por exemplo, commodities, você tem parte de frigorífico, agroindústria, agronegócio que já tem muito dinheiro, já tem bastante investimento no Brasil. Precisa definir setores que ainda precisam de crédito, precisam de desenvolvimento. O setor automobilístico no Brasil tem muitas empresas que estão saindo, tecnologia também no Brasil tem muitas empresas que estão saindo, então é importante sim definir nichos que façam sentido pro desenvolvimento do Brasil e investir e dar crédito pra que esse setor possa crescer", afirma Hugo Garbe.

O economista também concorda com os nichos apontados por Lula como prioridades: "acho que inovação e tecnologia são dois setores importantíssimos pro desenvolvimento do Brasil, mas precisa de fato investir, não dá pra colocar um crédito absolutamente burocrático e não sair do papel. Acho que os setores mais importantes hoje são setores que tem relação com o futuro do Brasil, saúde é um setor também carente, setor de desenvolvimento de infraestrutura, então todos esses setores são fundamentais pro crescimento e pro desenvolvimento econômico do país".