PEC de R$200 bi é tiro no pé de Lula, diz Tasso Jereissati
Para senador, transição não percebeu o risco de aumento de juros e inflação

Roseann Kennedy
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), autor de uma proposta paralela à PEC da Transição, avaliou que a equipe do próximo governo não se deu conta dos problemas que poderá trazer ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se forem aprovados gastos em torno de R$200 bilhões fora do teto. "Tenho a impressão de que o governo [eleito] não se alertou sobre os problemas que poderão vir pela frente. Tem que ficar muito claro que ele [Lula] pode estar dando um tiro no pé", afirmou o senador em entrevista exclusiva ao SBT News.
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Jereissati avaliou que um estouro deste tamanho no teto de gastos poderá levar à perda do controle da trajetória dos juros no país. "Juro alto leva a inflação alta, a crescimento pífio, pode até gerar recessão. Já vimos isso no governo Dilma Rousseff, que apresentou uma política fiscal no mesmo sentido, o que levou a uma recessão brutal no país", alertou.
Tasso apresentou uma PEC que garante R$80 bilhões para os pagamentos do Bolsa Família de R$600, mais R$150 por criança de até seis anos, e outros compromissos de valor menor. O texto vai tramitar em conjunto com o que foi apresentado pela equipe de transição e os parlamentares vão buscar com o relator, senador Marcelo Castro (MDB-PI), um meio termo que encontre apoio suficiente para ser aprovado rapidamente. O senador acredita que até quarta-feira da próxima semana (07.dez) será possível aprovar uma proposta no Senado e encaminhar para a Câmara.
Equipe econômica
O senador Tasso Jereissati lamentou que o presidente eleito não tenha indicado ainda os nomes da sua equipe econômica. "Se você não sabe quem é o ministro da Fazenda, não tem como levar as argumentações e opiniões. Gostaria muito de já ter ministro da Fazenda indicado para dialogar. Eu acho que essa demora, cria uma insegurança desnecessária", disse.
Um dos nomes cotados para a Fazenda é o do ex-ministro da Educação, Fernando Haddad (PT-SP). Na avaliação do parlamentar, o petista parece bem intencionado. "É um homem sério, respeitado, pelo que eu sei ele tem ideias na economia um pouco diferentes das minhas e de alguns economistas com quem convivo. Mas, acredito que seja bem intencionado e aberto ao diálogo. Não vejo nada que seja grave nem que atemorize", concluiu.
Assista a entrevista na íntegra: