Gleisi: "Não é papel das Forças Armadas fazer avaliação política"
Presidente nacional do PT e coordenadora política da transição comentou nota do Exército
Bruna Yamaguti
A presidente nacional do PT e coordenadora de articulação política do governo de transição, Gleisi Hoffmann, comentou, nesta 6ª feira (11.nov), a nota das Forças Armadas, a qual condena os excessos cometidos nas manifestações bolsonaristas, mas defendendo a legitimidade dos protestos.
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Ela afirmou que "não é papel" dos comandantes do Exército "fazer avaliação política", mas disse considerar que tal atitude é isolada, e não diz respeito à totalidade da instituição.
"No meu entender, não é papel dos comandantes das Forças Armadas fazer avaliação política, se posicionar politicamente nem fazer avaliação sobre as instituições republicanas. Eu vejo os fatos desses comandantes, desse governo, um fato que tende a ser isolado. Não acredito que a totalidade das Forças Armadas pense assim", disse Gleisi.
As declarações foram dadas em entrevista coletiva com jornalistas no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do Gabinete de Transição, em Brasília, onde ocorreu a primeira reunião com os representantes dos 14 partidos que integram o Conselho Político de Transição.
"PEC do Bolsa Família"
Gleisi Hoffmann afirmou que a prioridade do novo governo eleito é garantir a PEC que possibilita a continuidade do pagamento dos R$ 600 do Auxílio Brasil, a que ela chamou de "PEC do Bolsa Família".
"O centro da transição é a PEC do Bolsa Família. Nós queremos que esses programas sejam seccionalizados. Não é possível um país como esse, um país que tem tanta riqueza natural, a gente tenha um milhão de pessoas passando fome. É vergonhoso, é feio", disse Gleisi.
Ela destacou que o encontro desta 6ª foi importante para firmar compromisso e garantir que haja governabilidade na passagem do governo de Jair Bolsonaro (PL) para o do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"A reunião foi muito boa e serviu para que a gente pudesse esclarecer com os partidos como está se dando a transição, a composição dos grupos de trabalho, a participação dos partidos e o papel desse conselho, que é um papel exatamente de procurar, orientar politicamente, discutir os problemas que tem e ajudar a encontrar solução", afirmou.
"Sabendo que o processo de transição é um processo de diagnóstico, não é propositivo. Ou seja, nós estamos debatendo programa de governo, propostas de governo", ressaltou Gleisi.
A presidente do PT também comentou a reação do mercado financeiro às declarações de Lula feitas na 5ª feira (10.nov). A parlamentares dos partidos que fizeram parte da coligação de Lula nas eleições e outros aliados, o petista falou sobre estabilidade fiscal e ampliação de gastos públicos. A reação do mercado foi imediata, com a Bolsa de Valores B3 fechando o dia em queda de -3.35%. O dólar subiu 4,10% e foi vendida a R$ 5,3942.
Gleisi disse ter se surpreendido com tal resposta. "Não sei o que o presidente Lula falou que pudesse trazer uma reação tão grande do sentimento do mercado. Aliás, hoje todos os indicadores de dólar já voltaram à normalidade, mesmo com o movimento especulativo, que é muito ruim para o país", declarou.
"O mercado não tem que se preocupar, ele conhece quem é Lula, sabe como ele trabalha, sua responsabilidade com as finanças públicas e também o seu compromisso de acabar com a fome, de gerar emprego, de fazer desenvolvimento social", disse a presidente do PT.
Reunião com partidos
Representantes dos 14 partidos que integram o Conselho Político de Transição se reuniram, nesta 6ª feira (11.nov) na sede do Gabinete de Transição, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília (DF). Fazem parte do conselho as legendas PSB, PT, Solidariedade, PV, Psol, PC do B, Rede, Agir, PROS, Avante, PDT, PSD, MDB e Cidadania.
A presidente nacional do PT e coordenadora da articulação política do governo de transição participou do encontro, às 10h. O Conselho conta com os seguintes nomes:
1. Antônio Brito (PSD)
2. Carlos Siqueira (PSB)
3. Daniel Tourinho (AGIR)
4. Felipe Espirito Santo (PROS)
5. Gleisi Hoffmann (PT)
6. Guilherme Ítalo (Avante)
7. Jefferson Coriteac (SD)
8. José Luiz Penna (PV)
9. Juliano Medeiros (PSOL)
10. Luciana Santos (PCdoB)
11. Wesley Diógenes (REDE)
12. Wolney Queiroz (PDT)