Márcio França, ex-governador de SP, é alvo de operação da Polícia Civil

A Polícia Civil de São Paulo cumpre nesta quarta-feira (05.jan) 34 mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao ex-governador de São Paulo, Márcio França (PSB). A investigação apura um suposto esquema de desvios de recursos da área de saúde e é um desdobramento da Operação Raio X, deflagrada em 2020, em Araçatuba, no interior do estado, que apura crimes de formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro.

Segundo os policiais, no suposto esquema organizações sociais, as chamadas OS, seriam usadas para desvios de recursos mediante contratos superfaturados para gestão de unidades de saúde destinadas ao atendimento da população pobre. Cerca de R$ 500 milhões teriam sido desviados dos cofres públicos.

O médico Cleudson Garcia Montali, de Birigui (SP) teria agido como "testa de ferro" do ex-governador Márcio França para captação de recursos. E a organização também teria bancado parte da campanha de Márcio França à prefeitura de São Paulo.

Outro alvo da operação é o irmão do ex-governador, o médico Cláudio França. Os agentes fazem buscas em pelo menos trinta locais  da capital, litoral e interior em endereços da família França e, também, de ex-funcionários de organizações sociais, empresários e médicos.

Há pouco, Márcio França falou sobre a operação. Disse que "há tempos (venho) alertando que um grupo criminoso em SP tenta me impedir de expressar a verdade. Sabem que não compactuo com eles, que querem tomar conta do Estado de SP. Se depender de mim, não vão conseguir", afirmou.

França é um dos pré-candidatos ao governo paulista e, segundo números do Datafolha, oscila entre 13% e 19% das intenções de voto, em terceiro ou segundo na disputa em cenários com Alckmin e Fernando Haddad (PT), mas à frente de Rodrigo Garcia (PSDB), candidato de Doria à sucessão.

Confira na íntegra a nota publicada por Márcio França (PSB):

"Começaram as eleições 2022.  1ª Operação Política.

Não há outro nome para uma trapalhada, por falsas alegações,  que determinadas "autoridades", com "medo de perder as eleições", tenham produzido os fatos ocorridos nesta manhã em minha casa.

Toda operação policial tem nome! 
Essa é uma operação política e não policial.

Ela é, evidentemente, de cunho político eleitoral. 

Não tenho ou tive qualquer relação comercial ou advocatícia com as pessoas jurídicas e físicas que são alvo da investigação. 

É lamentável que se comece uma eleição para o Governo de SP com estas cenas de abuso de poder político.

Já venho há tempos alertando que um grupo criminoso em SP tenta me impedir de expressar a verdade. Sabem que não compactuo com eles, que querem tomar conta do Estado de SP. Se depender de mim, não vão conseguir. 

Eu não sou alvo de nenhuma operação, pois sou advogado particular, não tenho relações nem vínculo com serviços públicos. Não tenho relação com a área médica ou de saúde.

Tenho 40 anos de vida pública, não respondo a nenhum processo criminal.    

Só deixarei de ser governador de SP se o povo paulista não quiser.

Não tenho medo de ameaças ou de chantagem. Em 40 anos de vida pública, já fui muitas vezes difamado e injustiçado, nunca condenado. 

Aliás, já enfrentei adversários muito mais qualificados. Não vão ser os meus atuais concorrentes, notórios mentirosos, que me farão recuar", conclui Márcio França.