Luis Miranda diz que falou a verdade sobre Covaxin: "Nada a esconder"
Deputado que denunciou supostas irregularidades em contratos para a compra do imunizante depõe à CPI na 6ª
Em entrevista ao SBT, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) disse, nesta 4ª feira (23.jun) que, em março, apresentou ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) documentos que poderiam indicar irregularidades nos contratos para a compra da vacina indiana Covaxin, mediada pela Precisa medicamentos.
"Existem processos, investigações com o mesmo grupo, inclusive, de terem pago e não terem recebido medicamentos no passado. E aí eu mostro isso para o presidente e explico que não é o mais grave. Nós temos uma situação maior que é: o que está no contrato não é o que está na nota fiscal", afirma o parlamentar.
O irmão do deputado federal, Luis Ricardo Fernandes Miranda, é servidor concursado do Ministério da Saúde desde 2011 e chefiava justamente o setor responsável pela importação das vacinas e insumos. O deputado afirma que Luis Ricardo foi pressionado por superiores a aprovar o pagamento antecipado para a aquisição do imunizante indiano. O parlamentar diz que o irmão procurou o presidente Bolsonaro antes de ir à imprensa.
"Então começa a pressão pra ele emitir essa LI, que é a licença de importação. Meu irmão se nega, não faz e eu mando para o adjunto do presidente para mostar para o presidente a situação às 23h, hora que estavam ligando pro meu irmão", conta.
O deputado federal afirmou que foi recebido por Bolsonaro no Palácio da Alvorada e que o presidente teria dado razão aos irmãos. "O presidente olha pra gente e diz: 'Realmente é grave e eu vou encaminhar para o DG (diretor-geral) da Polícia Federal para que ele inicie as investigações sobre o caso'."
Segundo Miranda, depois que fez a denúncia a Bolsonaro, ele passou a ser ignorado pelo Palácio do Planalto. "Na 2ª feira eu cobro pra saber o que aconteceu e como deveríamos nos posicionar, se teríamos que ir a Polícia Federal. De la pra cá, eu nunca mais escutei nada sobre o assunto, senão por conta que a CPI queria convocar o meu irmão. Aí, ontem (3ª feira), eu fui lá na CPI e falei: 'Vocês não vão convocar o irmão de um deputado federal que teve coragem de enfrentar um sistema que esta errado e ele não fez nada de errado, pelo contrário, esse cara é o cara que teve coragem de enfrentar o errado'."
A CPI da Pandemia teve acesso a documentos que mostram que o Ministério da Saúde teria aceitado pagar, em média, R$ 80 pela dose da vacina indiana este ano, enquanto que, em 2020, ela foi oferecida por cerca de R$ 6,50. Com a divulgação das denúncias, a comissão marcou para 6ª feira (25.jun) o depoimento do servidor do Ministério da Saúde. Luis Ricardo Miranda será ouvido na condição de convidado, ao lado do irmão, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF). A CPI requisitou segurança policial para os irmãos e parentes.
O deputado, então, afirmou que vai até o fim para provar que ele e o irmão disseram a verdade e que não se preocupa caso aprovem as quebras de sigilo dele: "Diferente de muitos que vão brigar para não entregar telefone, eu entrego tudo na hora. Meu telefone, meu telemático, minhas contas bancárias no Brasil, nos Estados Unidos, eu não tenho nada a esconder", acrescentou Miranda.