Número de policiais no governo Bolsonaro dispara
No Ministério da Justiça, crescimento foi de mais de 2000%. Em toda a Esplanada, mais de 570 policiais e bombeiros desempenham alguma função
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Levantamento feito pelo SBT News revela que o número de integrantes de forças policiais cedidos ao governo Jair Bolsonaro disparou desde que o presidente assumiu o cargo, em 1º de janeiro de 2019. Atualmente, Bolsonaro conta com 576 policiais militares, civis e bombeiros cedidos pelas corporações para trabalhar nos 23 ministérios.
No Ministério da Justiça, o aumento foi de mais de 2000% em quatro anos. Em 2016, a pasta abrigava 22 integrantes de forças policiais, tais como PMs, policiais civis e bombeiros. Já em 2020, esse número passou para 473. O levantamento não levou em conta os 1.170 policiais e bombeiros cedidos em 2020 para a Força Nacional. Esses servidores são convocados esporadicamente para servir a União.
Todos os dados foram obtidos pela reportagem a partir de pedidos feitos via Lei de Acesso à Informação (LAI).
A elevação de policiais cedidos para a União ao Ministério da Justiça foi gradativa, mas o movimento se acentuou a partir do governo de Michel Temer. Em 2017, com Temer na Presidência, 75 policiais e bombeiros foram emprestados pelas corporações. No ano seguinte, esse número cresceu para 191- um aumento de 154%.
Hoje, o Ministério da Justiça é o local de trabalho de 276 policiais militares, 146 policiais civis e 51 bombeiros, sendo a pasta que abriga o maior número de integrantes das forças policiais estaduais. A segunda com o maior efetivo policial em sua estrutura é o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, com 29 PMs, 2 bombeiros e 35 policiais civis.
A disparada do número de integrantes de forças policiais em seu governo condiz com o discurso do presidente desde o início do mandato de que iria montar um governo "militarizado". Bolsonaro é capitão reformado do Exército, e o vice, Hamilton Mourão (PRTB-RJ), general da reserva.
O fenômeno de "militarização" é ainda mais expressivo se levado em consideração a quantidade de agentes das polícias federais cedidos ao governo. São 194 agentes cedidos pela Polícia Federal; e 12 pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). O SBT News começou a fazer o levantamento no início de setembro.
Um outrou levantamento, este do Poder360, reveliu que 8.450 oficiais e praças aposentados trabalham em ministérios, comandos e tribunais militares. É contingente contratado para a "tarefa por tempo certo". Na função, que pode durar 10 anos, ganham bônus de 30% sobre o salário.
Em 22 de maio, em entrevista à rádio Jovem Pan, o presidente já tinha antecipado esse movimento. "Está dando certo, está mudando muita gente lá. ?Ah, está enchendo de militar?. Vai botar mais militares, sim. Como civis não deu certo. E ponto final", afirmou Bolsonaro, na época.
"Todos os governos precisam recorrer a determinados setores para ocupar todos os cargos da Esplanada. Nenhum partido tem quadros suficientes para preencher todas as vagas", disse o professor, que coordena o Núcleo de Estudos sobre Violência e Segurança da universidade.
"Na gestão de Fernando Henrique Cardoso (1994-2002), o tucano recorreu ao Itamaraty, ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e ao Ipea para preencher as vagas. Quando o PT estava na Presidência, os cargos eram preenchidos por pessoas dos sindicatos, das universidades e dos movimentos sociais. Agora, Bolsonaro recorre aos militares e também aos evangélicos."
No Ministério da Justiça, o aumento foi de mais de 2000% em quatro anos. Em 2016, a pasta abrigava 22 integrantes de forças policiais, tais como PMs, policiais civis e bombeiros. Já em 2020, esse número passou para 473. O levantamento não levou em conta os 1.170 policiais e bombeiros cedidos em 2020 para a Força Nacional. Esses servidores são convocados esporadicamente para servir a União.
Todos os dados foram obtidos pela reportagem a partir de pedidos feitos via Lei de Acesso à Informação (LAI).
A elevação de policiais cedidos para a União ao Ministério da Justiça foi gradativa, mas o movimento se acentuou a partir do governo de Michel Temer. Em 2017, com Temer na Presidência, 75 policiais e bombeiros foram emprestados pelas corporações. No ano seguinte, esse número cresceu para 191- um aumento de 154%.
Hoje, o Ministério da Justiça é o local de trabalho de 276 policiais militares, 146 policiais civis e 51 bombeiros, sendo a pasta que abriga o maior número de integrantes das forças policiais estaduais. A segunda com o maior efetivo policial em sua estrutura é o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, com 29 PMs, 2 bombeiros e 35 policiais civis.
A disparada do número de integrantes de forças policiais em seu governo condiz com o discurso do presidente desde o início do mandato de que iria montar um governo "militarizado". Bolsonaro é capitão reformado do Exército, e o vice, Hamilton Mourão (PRTB-RJ), general da reserva.
O fenômeno de "militarização" é ainda mais expressivo se levado em consideração a quantidade de agentes das polícias federais cedidos ao governo. São 194 agentes cedidos pela Polícia Federal; e 12 pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). O SBT News começou a fazer o levantamento no início de setembro.
Militares
Em 17 de julho, o Tribunal de Contas da União (TCU) mostrou que há 6.157 militares no governo. De 2016 a 2020, ocorreu um aumento de 3.200 integrantes das Forças Armadas no Executivo Federal. Apenas no governo Bolsonaro, o número dobrou em menos dois anos.Um outrou levantamento, este do Poder360, reveliu que 8.450 oficiais e praças aposentados trabalham em ministérios, comandos e tribunais militares. É contingente contratado para a "tarefa por tempo certo". Na função, que pode durar 10 anos, ganham bônus de 30% sobre o salário.
Em 22 de maio, em entrevista à rádio Jovem Pan, o presidente já tinha antecipado esse movimento. "Está dando certo, está mudando muita gente lá. ?Ah, está enchendo de militar?. Vai botar mais militares, sim. Como civis não deu certo. E ponto final", afirmou Bolsonaro, na época.
Parte da cultura
Ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, o professor de sociologia da Universidade de Brasília (UNB) Arthur Trindade disse ao SBT News que a prática de os governos preencherem cargos da Esplanada com servidores ligados a setores dos quais têm maior apoio é cultural."Todos os governos precisam recorrer a determinados setores para ocupar todos os cargos da Esplanada. Nenhum partido tem quadros suficientes para preencher todas as vagas", disse o professor, que coordena o Núcleo de Estudos sobre Violência e Segurança da universidade.
"Na gestão de Fernando Henrique Cardoso (1994-2002), o tucano recorreu ao Itamaraty, ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e ao Ipea para preencher as vagas. Quando o PT estava na Presidência, os cargos eram preenchidos por pessoas dos sindicatos, das universidades e dos movimentos sociais. Agora, Bolsonaro recorre aos militares e também aos evangélicos."
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