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Último debate em SP: Boulos liga prefeito a corrupção e Nunes ataca deputado por radicalismo

Candidatos protagonizaram encontro com poucas propostas e diversas provocações

Último debate em SP: Boulos liga prefeito a corrupção e Nunes ataca deputado por radicalismo
Guilherme Boulos e Ricardo Nunes no último debate eleitoral promovido pela TV Globo - Reprodução/Globo
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Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (Psol), candidatos à Prefeitura de São Paulo, realizaram na noite desta sexta-feira (25) o último debate antes do segundo turno das eleições. O encontro foi marcado por provocações e acusações de crimes entre os candidatos.

O deputado de esquerda tentou associar o atual prefeito a suspeitas de corrupção, citando a "máfia das creches" e a presença do cunhado de Marcola - líder do PCC - em órgão da prefeitura sob a administração de Nunes. Em contrapartida, o candidato à reeleição tentou colar em Boulos a imagem de baderneiro, radical, a favor da legalização das drogas.

O debate começou morno, mas ganhou tensão no final do primeiro bloco. Com a possibilidade de movimentação livre pelo cenário, os adversários ficaram cara a cara e, em alguns momentos, se estranharam.

O debate na TV Globo foi dividido em quatro blocos, com o primeiro e o terceiro com temas livres, e o segundo e o quarto com assuntos pré-definidos e negociados com as campanhas. Em meio a provocações, as propostas para a cidade ficaram de lado. Os temas que mais geraram respostas sobre desafios para a próxima administração municipal foram transporte e moradia. Veja abaixo como foi o andamento do debate, bloco a bloco.

Primeiro bloco

Os principais temas discutidos no bloco inicial foram segurança pública, privatização de serviços e a pandemia de covid-19.

O atual prefeito questionou Boulos sobre o voto contrário dele a um projeto, no Congresso Nacional, que aumentava penas para criminosos. O candidato do Psol, que é deputado federal, respondeu que não participou da sessão da Câmara em questão.

Depois, circulando à vontade no cenário, Boulos pediu aos eleitores que não tenham medo e optem pela mudança. O deputado aproveitou para questionar Nunes sobre a privatização dos cemitérios, alegando aumento nos custos para as famílias paulistanas.

Declarando-se liberal, o prefeito defendeu a privatização da Sabesp. Sobre o serviço funerário, negou o aumento nos preços e prometeu melhorias no serviço.

Por sua vez, Boulos questionou Nunes sobre declarações, feitas por ele no passado, elogiando atitudes do ex-presidente Jair Bolsonaro, dizendo que "fez tudo certo" durante a pandemia de covid-19. Nunes tentou fugir da resposta, mas ao ser questionado pela terceira vez, disse: “Quem enviou a vacina [para São Paulo] que você tomou foi o Bolsonaro.”

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Embora fora da alçada da prefeitura, Nunes insistiu no tema das drogas, alegando que Boulos é a favor da legalização. O candidato do Psol esclareceu que vê a questão como um problema de segurança e também de saúde. “Eu diferencio usuário de traficante”, argumentou Boulos.

Neste momento, uma leve tensão surgiu entre os candidatos, que se encararam. Questionado sobre ser "duas caras", Boulos afirmou: "quem tem duas caras neste debate é você".

Segundo bloco

Com os candidatos escolhendo os temas, Boulos optou por saúde e perguntou a Nunes quanto dinheiro a Prefeitura tem em caixa. O prefeito respondeu que o valor estimado é de cerca de R$ 22 milhões. O deputado do Psol indagou por que esse valor não é utilizado na melhoria dos serviços públicos de saúde na capital.

Nunes respondeu que sua gestão tem investido na área da saúde, que criou diversas UPAs e prometeu a criação de outras. Nesse momento, Boulos afirmou que o prefeito fechou unidades e abriu outras, e que essa manobra não é necessariamente uma melhoria no serviço. Encerrando o assunto, Boulos disse que vai criar o "Poupatempo da Saúde" para zerar a fila de exames em São Paulo.

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Em seguida, Nunes escolheu o tema trabalho e questionou Boulos sobre o projeto "Meu Trampo", que oferece cursos gratuitos de empreendedorismo para jovens. Boulos respondeu que "dá pra fazer muito mais". Citando Marta Suplicy, sua vice, o candidato do Psol prometeu a criação do "CEU Profissões", para incentivar a capacitação de jovens da periferia em diversas áreas.

O prefeito citou a redução de impostos como um incentivo para a geração de empregos na cidade e questionou Boulos sobre o voto contrário de seu partido sobre o assunto. Boulos afirmou que a proposta em questão incluía diversos "jabutis", emendas feitas posteriormente que desvirtuam a ideia principal do projeto. Destacando o apoio de Tabata Amaral, candidata derrotada do PSB no primeiro turno, Guilherme afirmou que vai incorporar a proposta "Jovem Empreendedor", programa que oferecerá crédito para jovens que quiserem iniciar um negócio próprio.

Terceiro bloco

Novamente com tema livre, o terceiro bloco teve poucas discussões sobre propostas e ideias para o desenvolvimento da capital paulista.

Logo no início, Boulos questionou Nunes sobre a investigação da "máfia das creches" e os cheques recebidos de um dos suspeitos envolvidos. Nunes afirmou que o psolista mentia sobre o assunto, e o atacou dando a entender que Boulos não trabalha.

O debate seguiu com trocas de provocações. Como vinha fazendo durante toda a campanha, Boulos desafiou Nunes a abrir seus dados bancários. O prefeito se esquivou e acusou Boulos de cometer crimes pelo MTST (Moimento dos Trabalhadores Sem Teto).

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Boulos também relembrou um episódio em que Nunes foi acusado por porte de arma e disparo em Embu das Artes, na década de 1990. O prefeito se defendeu, afirmando que apenas separou uma confusão envolvendo um amigo dele.

Seguindo na linha sobre corrupções, Boulos perguntou sobre a indicação do cunhado do traficante Marcola, líder do PCC, para um cargo na prefeitura. Nunes tentou convencer o eleitor de que não teve qualquer influência na presença do funcionário "de carreira", que teria ingressado no serviço público durante o mandato de Luiza Erundina, nos anos 1980.

Quarto bloco

No último bloco do debate, Nunes começou falando sobre o programa "Pode Entrar", criado na gestão de Bruno Covas - prefeito falecido durante o segundo mandato. Boulos reconheceu pontos positivos do projeto, mas afirmou que há espaço para melhorias.

O candidato do Psol abordou o aumento da população em situação de rua na gestão de Nunes que, por sua vez, negou a informação. O prefeito citou ampliação de vagas em hotéis para pessoas sem teto. Boulos relembrou sua trajetória na luta por moradia, e prometeu enfrentar o problema na capital.

Neste momento, a tensão entre os opositores aumentou, especialmente quando Nunes criticou a proximidade física imposta por Boulos. "Dá licença", pediu Nunes para Boulos que se posicionava em frente ao adversário, dificultando que este mostrasse o mapa da cidade que ficava no centro do cenário. Em tom de ironia, Boulos retrucou: "fique à vontade".

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O bloco prosseguiu com o psolista falando sobre mobilidade e perguntando a Nunes por que não foram executadas as obras prometidas para o Grajaú, bairro da zona Sul da capital, no início da gestão Covas. O prefeito justificou que ainda falta a licença ambiental.

Boulos tentou provocar o adversário afirmando que as viagens de ônibus em São Paulo foram reduzidas, e que a situação é pior aos domingos, quando o transporte é gratuito. Nunes negou a informação e foi ironizado.

Nunes foi o primeiro a fazer as considerações finais, focando nas promessas de continuidade de obras na cidade, enquanto Boulos encerrou o debate pedindo para que os eleitores não tenham medo e votem em paz. O segundo turno das eleições municipais acontece neste domingo (27).

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