"A grande diferença do Guilherme é a empatia em relação ao outro", diz companheira de Boulos
Natália Szermeta afirma que candidato do PSOL sempre teve a coragem de se despir dos próprios privilégios
O candidato do PSOL à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, e Natalia Szermeta, que faz parte da direção nacional do PSOL, se conheceram em 2005, em uma assembleia do MTST. A companheira de Boulos lembra que, para ela, ele é o Guilherme e não o Boulos. Há quem diga que o candidato do PSOL é o sucessor natual do presidente Lula como uma liderança nacional do campo progressista, no entanto, Natalia destaca que o deputado federal tem personalidade própria e que muito antes da vida político-partidária era uma liderança nata no movimento por moradia.
Para a companheira, o que diferencia Guilherme Boulos de outros políticos é a empatia. "Boulos tem a empatia de quem conviveu com as pessoas que não têm um lar para onde voltar, de quem não tem o que comer, e não a empatia de um político tradicional que vai na feira comer um pastel e diz que é do povo", salienta Natália.
Antes de fazer parte do movimento por moradia, Boulos já dava sinais que não iriam se enquadrar na vida de um jovem de classe média alta. Filho de dois médicos do SUS, o deputado federal pediu aos pais no terceiro ano do Ensino Médio para deixar a escola particular e ir estudar no Colégio Estadual Fernão Dias, que fica no bairro de Pinheiros, onde a família mora até hoje.
Aos 18 anos, veio uma outra mudança, Guilherme Boulos decidiu deixar o apartamento dos pais para ir viver em um acampamento do movimento de luta por moradia em Osasco. Logo ele se tornou a principal liderança do MTST e chegou a ser preso, em 2012, ao se opor à atuação da Polícia Militar na ocupação do bairro de Pinheiro, em São José dos Campos, no Vale do Paraíba. No episódio, Boulos precisou negociar com Geraldo Alckmin, que é vice-presidente da República, mas que na época governava São Paulo.
O líder do movimento por moradia não imaginava, então, que 12 anos depois, ele e Alckmin estariam no mesmo palanque. No segundo turno da disputa, Alckmin – que é do PSB e foi cabo eleitoral de Tabata Amaral o primeiro turno –, participou de vários atos de campanha para tentar compensar a ausência de Lula, que teve um acidente doméstico e não pôde vir à capital paulista. Para Natália Szermeta, a relação de Alckmin e Boulos mostra que o candidato do PSOL não é um radical ou "invasor" de casas como tentam rotulá-lo.
Em mais de dois meses de campanha, a companheira de Boulos também relembra dos momentos difíceis, quando o candidato do PSOL virou alvo de uma fakenews que atingiu as filhas Laura, de 13 anos, e Sofia de 14 anos. O candidato do PRTB, Pablo Marçal, publicou vídeos dizendo que o candidato do PSOL cheirava cocaína. A campanha de Boulos conseguiu derrubar perfis oficiais de Marçal, mas o estrago já havia sido feito e as filhas foram alvo dos colegas na escola. Em um dos dias, no meio do primeiro turno, a mais nova voltou do colégio chorando por causa da acusação feita pelos colegas de que ela era filha de um cheirador.
"A acusação de que o Guilherme cheirava, a gente nunca esperou, uma coisa é chamar o Guilherme de invasor, isso a gente já estava acostumado, mas esse episódio deixou nossa filha magoada". Natália destaca que, no fim disso tudo, esses episódios devem contribuir para a formação das filhas, que certamente farão escolhas mais humanas.
Feminista, Natália Szermeta assegura que, se Guilherme Boulos for eleito no domingo, as mulheres terão uma maior participação na administração municipal. Segundo a dirigente do PSOL, no programa de governo do candidato tem o compromisso que 50% do secretariado será de mulheres. A companheira de Boulos também lembra que, em um momento em que se fala muito em prosperidade individual, o que deverá definir um futuro mandato de Boulos será uma prosperidade coletiva. "A nossa vida é dedicada a um propósito de prosperidade, mas um propósito de prosperidade coletiva e de acreditar que é possível mudar a vida de muitas pessoas".