MP quer bloquear conta de financiador de índio, estopim de vandalismo no DF
Agricultor identificado como financiador do cacique Tserere, preso pela PF, pediu dinheiro em vídeo
Ricardo Brandt
O chefe do Ministério Público em Mato Grosso identificou e pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta 6ª feira (16.dez), a quebra do sigilo bancário e o bloqueio das contas bancárias de um agricultor do estado, suspeito de ser um dos financiadores do índio José Acácio Serere Xavante. O indigena, conhecido como Cacique Tserere, foi preso no início da semana, em Brasília, pela Polícia Federal (PF) por envolvimento em atos antidemocráticos.
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A detenção índio desencadeou os atos de vandalismo registrados na noite desta 2ª feira (12.dez), no Distrito Federal. Um grupo de manifestantes tentou invadir a sede da PF, queimou quatro ônibus, pelo menos oito carros e depredou bens, gerando tumulto na região central, em protesto à prisão do Cacique Tserere.
O chefe do MP de Mato Grosso, José Antônio Borges Pereira, encaminhou ao STF relatório de inteligência que "identifica possível organizador/financiador de grupos de pessoas que participam das manifestações relacionadas às eleições gerais de 2022". O estado é um dos que mais têm registrado atos de vandalismo, desde o início dos protestos, após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nas eleições.
O principal alvo é o produtor rural Mauridis Parreira Pimenta, conhecido como Dide Pimenta, de Campinápolis (MT). O MP informa que circula nas mídias sociais vídeo do alvo que relata ter sido "procurado pelo Cacique Tserere ? cuja prisão fora recentemente decretada por este STF".
O produtor rural relata no vídeo enviado ao STF, ao qual o SBT News teve acesso, "ele e um grupo de amigos prestou auxílio à população indígena daquela localidade para o deslocamento à Brasília-DF para participar dos atos antidemocráticos" - conforme registra o documento da Procuradoria Geral de Justiça do Mato Grosso.
"Segundo ele mesmo declara, já auxiliaram no deslocamento de oito ônibus de indígenas à capital federal", informa o MP.
Veja vídeo:
Megaoperação da PF
O chefe do MP matogrossense pede o bloqueio imediato das contas de Dide Pimenta, dentro dos decretos do STF que embasaram a megaoperação deflagrada nesta 5ª feira (15.dez) contra alvos suspeitos de liderarem, financiarem e participarem ativamente dos atos antidemocráticos registrados nos protestos em rodovias e quartéis das Forças Armadas, iniciados após a derrota do presidente, Jair Bolsonaro (PL), nas eleições.
A maior ofensiva do STF contra os atos, desde 31 de outubro, foi realizada em oito estados e mais no DF. Além de quatro prisões decretadas no Espírito Santo, foram ordenadas 103 buscas e apreensões, bloqueios de 168 contas de perfis sociais na internet, suspensão de registros de colecionadores de armas, bloqueios de contas bancárias e quebras de sigilos bancários, fiscal e telemáticos de alvos.
No relatório de inteligência, em que o MP de Mato Grosso enviou pedindo que o financiador do índio Serere seja alvo de medidas cautelares, está registrardo que "Dide Pimenta fala que está recebendo entre R$ 30,00 a R$ 500,00 e que 'podem passar um PIX para a conta direta do Tserere ou para a minha".
O agricultor foi fichado pelo setor de inteligência do MP de Mato Grosso. A reportagem tentou contato com ele, e ainda aguarda retorno.
"Didi, fala ao final do vídeo que 'Estamos empenhados nessa luta junto com Tserere e Xavantes para manter nossa democracia e nosso capitão no governo", regisra documento reservado enviado ao STF.
O SBT News mostrou que os relatórios de inteligência das polícias e do MP dos estados têm embasado apuração centralizada no STF, como o ministro Alexandre de Moreas. Além de indentificar os "cabeças", o financiadores e envolvidos nos protestos antidemocráticos, os documentos registram as situações locais e as medidas tomadas por autoridades.
O Cacique Tserere foi preso temporariamente por dez dias. Ele está detido em uma cela especial na Papuda, em Brasília.
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