Padre Kelmon: candidato à Presidência, negociador e aliado do governo
Considerado figura importante da campanha de Bolsonaro, religioso diz se inspirar em João Paulo II
Kelmon Luis da Silva Souza, conhecido como Padre Kelmon, figura desconhecida no meio político até o primeiro turno das eleições presidenciais, é agora um dos atores mais importantes da campanha de Jair Bolsonaro (PL), que tenta reeleição.
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Padre Kelmon ganhou mais destaque depois do debate entre presidenciáveis na TV Globo, no dia 29 de setembro, três dias antes da votação do primeiro turno. Na ocasião, o então candidato teve embate direto com Soraya Thronicke (União) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A candidata do União Brasil o chamou de cabo eleitoral de Bolsonaro -- sendo interrompida durante a fala -- e questionou se ele não tinha medo de ir para o inferno. Soraya também apontou que o candidato do PTB não respondeu a sua pergunta sobre extrema unção: "Não deu extrema unção porque o senhor é um padre de festa junina".
No confronto com Lula, Kelmon fez diversas provocações ao petista. Irritado, o ex-presidente também elevou o tom e afirmou que o adversário é um "padre fantasiado". Diversas vezes, o mediador do debate precisou intervir para que os dois candidatos respeitassem o tempo de fala um do outro.
Já no segundo turno, Padre Kelmon declarou abertamente seu apoio a Bolsonaro e tem participado ativamente das atividades promovidas pela equipe do atual chefe do Executivo.
No sábado (22.out), Kelmon participou da "super live" de Bolsonaro, que teve início às 17h e teve duração de 22 horas, em alusão ao número do presidente nas urnas. Na transmissão, o padre defendeu a mistura da política com a religião. "A gente tem o papa João Paulo II como um exemplo, é um líder religioso, mas é um líder político. As duas coisas se misturam, e separar as ações políticas de ações religiosas leva ao vácuo, e as ideologias vêm e tomam conta", disse.
"As duas coisas têm o mesmo fim, a religião de ligar o homem a Deus, a política de servir. A política existe para fazer caridade, para servir ao outro, então as duas coisas se confundem e se completam", acrescentou.
As falas rebatem declarações do ex-presidente Lula, que já criticou o uso político da religião em igrejas. "Os cristãos do Brasil, nós fomos enganados pela esquerda", disse Kelmon, que já participou de comícios de Bolsonaro.
Negociador
Padre Kelmon foi à casa de Roberto Jefferson na tarde deste domingo (23.out), em Comendador Levy Gasparian, no interior do Rio de Janeiro, onde o ex-deputado federal resistia à prisão. Kelmon participou das negociações com a polícia.
Nas eleições deste ano, Kelmon substitiu Jefferson como candidato do PTB, depois que o ex-presidente do partido teve sua candidatura indeferida pelo TSE.
Roberto Jefferson teve prisão domiciliar revogada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e atirou contra policiais federais que cumpriam o mandado de prisão contra ele.
Carreira política e ortodoxa
Kelmon tem formação nos seminários da Igreja Católica Apostólica Romana e Igreja Católica Ortodoxa. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), no entanto, já afirmou que o ex-candidato do PTB à Presidência não é sacerdote da Igreja Católica Apostólica Romana.
"O senhor Kelmon Luís da Silva Souza, candidato que se apresenta como 'padre Kelmon', não é sacerdote da Igreja Católica Apostólica Romana, sem qualquer vínculo com a Igreja sob o magistério do papa Francisco", disse a entidade em comunicado.
Padre Kelmon iniciou sua carreira política quando conheceu Roberto Jefferson, à época presidente do PTB, durante uma missão na Bahia e, a partir desse encontro, formaram uma parceria. A pedido de Jefferson, o sarcedote passou a ajudá-lo na reorganização da juventude do PTB. Nas eleições presidenciais de 2010, organizou, juntamente com Dom Luís Gonzaga Bergonzine, uma campanha contra o aborto.