Número de parlamentares negros eleitos cresce 8,94%
Na Câmara, pretos e pardos serão 26%, enquanto no Senado, 22%
Soane Guerreiro
Número de deputados negros aumentou nesta eleição, mas ainda é bem inferior ao de candidatos brancos. Porém, em patamares menores que na eleição de 2018.
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Mais de 50% da população brasileira se identifica como preta ou parda, segundo o IBGE. Mas o Congresso Nacional ainda está longe de representar essa proporção da sociedade. Nestas eleições, o registro de candidaturas negras aumentou 36,25% em relação a 2018. Mas a quantidade de pretos e pardos eleitos cresceu 8,94%.
Na Câmara, a partir do ano que vem, dos 513 deputados, 134 serão negros, 107 pardos e 27 pretos: 26% das cadeiras. Já os deputados brancos serão 379: 74%.
No Senado, das 27 vagas disputadas nesta eleição, seis ficaram com negros, o que representa 22% do total.
Entre as mulheres negras, o número de deputadas federais eleitas saltou de 13 para 29. A pedagoga Dandara (PT) foi uma delas. E disse que pretende defender a política de cotas -- que a ajudou a conquistar o cargo.
"Nós vamos ter, pela primeira vez na história, uma cotista no Congresso Nacional. Eu fui cotista na graduação e na pós-graduação. Chega de vencer na vida só quem tem quem indica ou quem tem dinheiro para pagar. Nós queremos um país de oportunidades e as cotas é para equilibrar a balança e gerar mais oportunidades", diz Dandara Tonantzin (PT), deputada federal eleita.
Neste ano, os votos em candidatos e candidatas negras contam em dobro para a distribuição de recursos dos fundos partidário e eleitoral. Por isso, a Coalização Negra por Direitos, uma organização de abrangência nacional, resolveu se mobilizar para garantir nomes que defendam a causa negra. Conseguiu eleger 26 candidatos, oito para deputado federal.
"A Coalização Negra por Direitos lançou a iniciativa Quilombos nos Parlamentos com fins de direcionar esse voto antirracista, esse voto aí com aumento de representatividade em pessoas que tinham por intuito a defesa de agenda do movimento negro, uma agenda de direitos ligada ao movimento negro, a uma luta coletiva para exercer isso nos parlamentos. então, o fato de ser negro, não necessariamente, significa que essa pessoa vai estar alinhada a uma luta antirracista", explica Sheila de Carvalho, articuladora da coalizão.