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Eleições

Candidato médio é homem, negro, casado e com ensino superior

Nestas eleições, 27.174 candidaturas foram registradas pelo TSE como aptas a concorrer

Imagem da noticia Candidato médio é homem, negro, casado e com ensino superior
Eleições 2022: perfil das candidaturas é branco e masculino
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Nestas eleições, 27.174 candidaturas foram registradas como aptas a concorrer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Destas, 19.347 (66%) são de homens e 9.890 (34%) são de mulheres. No recorte de cor/raça, pela primeira vez, candidatos negros (pretos + pardos) são maioria em relação a brancos. Assim, ainda com base nos dados da Corte, o perfil médio do candidato é homem, casado, negro e com ensino superior completo.

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Cor/raça x gênero

Neste ano, o número de pedidos de registro de candidatos negros superou o de candidatos brancos. Segundo classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são considerados negros a soma dos declarados pretos ou pardos. Foram 14.709 candidaturas negras (54,12%) e 14.104 brancas (48,2%). Entre os negros, são 4.133 pretos (14,12%) e 10.576 pardos (36,14%). Candidatos indígenas somam 0,64% (186) e, amarelos, 0,4% (117). 

Para o cientista político Valdir Pucci, da Universidade de Brasília (UnB), houve um avanço progressivo ao longo da história eleitoral brasileira em relação à representatividade política, mas ainda há pontos de atenção.

"Vejo os dados como positivos já que, poucos anos atrás, nós tínhamos majoritariamente candidatos homens e brancos, ou seja, uma política totalmente dominada por estes segmentos sociais", avalia. "Agora, se analisarmos esses mesmos dados sobre alguns aspectos específicos, vemos algumas distorções que não correspondem à realidade", pontua o especialista.

Uma dessas distorções, por exemplo, é em relação à disparidade entre candidaturas masculinas e femininas. 

"Há ainda uma visão distorcida da própria lei eleitoral, que não diz que 30% das vagas devem ser de mulheres, mas faz uma distinção entre gêneros. Se há 70% de candidaturas de um gênero, pelo menos deve haver 30% de outro gênero ,não necessariamente de mulheres. Então até aproveitando-se um pouco desta leitura errônea da legislação, fala-se que as mulheres deveriam ter 30% das vagas, mas elas deveriam ter muito mais", ressalta Pucci. 

Quando analisados juntos os recortes de gênero e raça, a desigualdade é ainda maior quanto à distribuição de recursos para as candidaturas, por exemplo. Segundo levantamento da campanha "A Conta não Fecha", criada para denunciar a sub-representação de gênero e raça na política, as mulheres negras correspondem a 17,7% da candidaturas, mas receberam apenas 10% dos recursos. Os homens brancos, por sua vez, têm 33% de candidaturas e 50,2% dos recursos.  

"A lei que é para estimular que tenham mais candidaturas femninas está criando um nicho para as mulheres de 30%, e não vejo sinais de que esse percentual cresça exponencialmente para as próximas eleições", afirma a consultora de análise política Raquel Alves, da consultoria BMJ. "A mulher brasileira, que é mais da metade eleitorado, precisa eleger mulheres capacitadas para que elas ocupem não apenas os espaços de poder, mas que tratem de outras leis sobre a participação feminina na política e evitem que a lei de hoje acabe se transformando num instrumento contra as candidaturas femininas", destaca. 

Idade x Estado civil 

Ainda de acordo com os dados do TSE, 52% dos candidatos são pessoas casadas. Solteiros representam 32%, divorciados são 13% e viúvos somam 2%. Separados judicialmente são 1%. 

Já em relação à faixa etária, a maioria dos candidatos têm entre 35 e 59 anos. Veja os gráficos a seguir: 

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Fonte: TSE | SBT News 

Grau de instrução x Ocupação

Em relação ao grau de instrução, a maioria dos candidatos (54,56%) tem ensino superior completo. Além disso, empresários representam boa parte das candidaturas registradas em 2022. O cientista político Valdir Pucci explica esses números:

"Uma candidatura depende de tempo e recursos e nem todo mundo tem essa disponibilidade. Por exemplo, seria preciso abandonar o seu trabalho por um mês ou dois para se dedicar à campanha. Quem tem muito essa característica são profissionais liberais e empresários, e que muitas vezes estão associados a pessoas que têm o nível superior. Talvez nós pudéssemos mudar este cenário se mudássemos um pouco a nossa legislação, facilitando e auxiliando a vida de outro perfil que quisesse ser candidato, por exemplo, o empregado CLT."

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Fonte: TSE | SBT News 
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