"Não acredito que as Forças Armadas aceitem", diz Lula sobre golpe
Petista considera falta de apoio de militares a suposta intervenção nas eleições
O ex-presidente e candidato ao Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), considera que a possível intenção em um golpe democrático, a depender do resultado das eleições, não ganhará força nas Forças Armadas. Segundo afirmou Lula, militares não devem dar apoio à suposta ação, mesmo se houver movimentos para tal por parte do presidente Jair Bolsonaro (PL).
"As Forças Armadas não criam causo. Tenho certeza que as bobagens que o Bolsonaro fala não têm apoio do alto comando e dos militares da ativa. Não acredito em golpe, não acredito que as Forças Armadas aceitem isso e que a sociedade brasileira permita. Se ele começar a brincar com a democracia ele vai pagar um preço muito caro", declarou Lula, em entrevista ao portal UOL, nesta 4ª feira (27.jul).
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O petista declarou considerar que Bolsonaro fará de tudo para um suposto golpe. Mas disse que militares "são mais responsáveis" que o mandatário. "Convivi com eles e posso dizer que não tenho queixas do comportamento das Forças Armadas. Mantive oito anos de convivência da forma mais digna possível, não criaram problemas, ajudaram no que era possível ajudar", afirmou.
As declarações vieram um dia após o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, declarar no exterior que o Brasil respeita a Carta Democrática Interamericana. Há, também, mobilização da sociedade civil em defesa da democracia.
Petrobras
Na entrevista ao portal UOL, Lula também afirmou que fará mudanças na política de preços da Petrobras, de forma que a estatal seja desatrelada ao dólar e baseada no real. O petista ainda afirmou que a mudança não ocorreu por intenção em "agradar aos acionistas".
"A gente pode reduzir o preço, sim. O presidente não teve coragem, porque depois que privatizaram a BR, surgiram 392 empresas importadoras de derivados de petróleo". "Não se pode mexer no preço porque está comprometido com a privatização", disse.
Proposta de governo
Lula ainda comentou sobre a intenção de retomar programas sociais, como o Minha Casa Minha Vida, PAC e Bolsa Família ? no valor de R$ 600, atualmente pagos ao Auxílio Brasil. O petista disse, no entanto, que fará alterações na forma de classificar os beneficiários ao programa social, levando em conta a quantidade de pessoas de cada família: "Não pode ser igual para todo mundo".
Em relação a composição do governo, o petista disse que recriará todos os ministérios, e que quer pastas comandadas por especialistas que tenham mente "política". Sem cravar nenhum nome, Lula defendeu querer algo que não seja apenas técnico. "Não quero um governo burocrata, só com técnicos", disse. "Vamos criar ministérios necessários. Quando se coloca uma coisa importante, como cultura, em lugar secundário, você não está dando importância", completou.