Lula não tem que fazer aceno a políticos de direita, diz pres. do PSOL
Em entrevista ao SBT News, Juliano Medeiros disse ainda que Alckmin está migrando para esquerda
Bruna Yamaguti
O presidente nacional do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Juliano Medeiros, disse não concordar com a ideia de que o ex-presidente Lula (PT) deve fazer acenos à ala da direita para conquistar votos. Segundo ele, tal premissa é "ultrapassada".
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"Não acho que o Lula vai ter mais votos se ele fizer aceno às velhas raposas que fizeram parte da crise que a gente vive hoje. A crise que estamos vivendo, que envolvem preço dos combutíveis, preço dos alimentos, foi criado por aquillo que Michel Temer chamou de 'ponte para o futuro', que era um choque de neoliberalismo", afirma Medeiros.
Ao programa Perspectivas, apresentado pela jornalista Débora Bergamasco, do SBT News, o presidente do PSOL argumentou que não há provas de que a aproximação de Lula com políticos emedebistas, por exemplo, significaria, também, aproximação com o eleitorado fora da esquerda.
"Eu queria realmente que algum cientista político pudesse me comprovar que fazer gestos para o Renan Calheiros, pro Eunice Oliveira, pro Eduardo Braga, vai aumentar a popularidade do Lula ou vai aumentar a sua perspectiva eleitoral. Eu não acredito nisso, não conheço nenhuma pesquisa que comprove isso", diz o presidente do PSOL. "Isso parte de uma ideia que é ultrapassada, que estava muito em voga no começo dos anos 2000", explica.
"O que não quer dizer que Lula não tenha que dialogar com o eleitorado mais amplo. O Lula tem que falar com o pequeno empresário, com o trabalhador que, desiludido com a política, votou no Bolsonaro em 2018", pondera.
Segundo Medeiros, Geraldo Alckmin (PSB) tem desempenhado um bom papel como vice de Lula. "Tenho que admitir que Alckmin, neste momento, está migrando para posições de centro-esquerda, e não o contrário. Ele não tem usado o espaço que ele tem de fala para questionar a base programática que nós construímos, pelo contrário, ele tem reforçado essa base, o que devo reconhecer que é positivo", diz.
Juliano Medeiros tem 38 anos, é gaúcho e mora em São Paulo. Doutor em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UnB) e mestre em História pela mesma instituição, ocupa o cargo de presidente nacional do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) desde 2018. Foi presidente da Fundação Lauro Campos e coordenou a Liderança da bancada do PSOL na Câmara dos Deputados. Iniciou a militância no movimento estudantil secundarista e foi duas vezes diretor da União Nacional dos Estudantes, entre 2005 e 2009.
Veja a íntegra da entrevista: