Lula promete ministério para indígenas, caso eleito
O petista também prometeu que o ministro será "um índio ou uma índia"
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu, nesta terça-feira (12.abr), que, se eleito, vai criar um ministério para discutir questões indígenas e que a coordenação vai ser feita por um dos indígenas. "Não vai ser um homem branco feito eu, mas uma índio ou um índia", disse.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
Lula também destacou que em seu governo não vai ser permitido a invasão de terras indígenas por fazendeiros, para plantar soja, queimadas e garimpo. Além disso que será preciso fazer o "dia do revogaço" para desfazer medidas impostas pelo governo Bolsonaro. "É preciso criar o dia do revogaço, e tudo que for decreto, tudo que for empecilho, seja revogado imediatamente", afirmou o pré-candidato.
A deputada indígena Joenia Wapichana (Rede-RR) declarou que apoia mais candidaturas indígenas e que a pauta dos povos originários deve ser o mote do próximo governo. "É preciso eleger mais indígenas, mais mulheres, mais jovens. Precisamos tirar Bolsonaro e mostrar nossa união. Que venha Lula, com diálogo e respeito. A causa indígena é uma causa suprapartidaria", disse. Gritos de "fora garimpo" e "demarcação já" foram entoados durante o seu discurso.
Ato político
A visita de Lula ao acampamento representou um ato de apoio político à candidatura dele à presidência da República. Gritos de "Fora, Bolsonaro", de "olê, olê, olá, Lula, Lula", de "Lula sim, Alckmin não" foram entoados durante todo o evento. Indígenas desfilavam usando faixas na testa e toalhas nas costas com o nome e o rosto do petista.
A liderança indígena e pré-candidata a deputada federal Sônia Guajajara destacou que os povos originários querem participar do plano de governo de Lula. "Para que não haja mais Belo Monte em seu governo, não precisamos de hidroelétricas, queremos nosso território, nosso modo de vida respeitado e protegido. Não podemos ficar a margem da condução desse partido", disse. Guajajara ainda afirmou que agora os povos querem a coordenação da Fundação Nacional do Índio (Funai) e também de ministérios. "Nós não vamos permitir um Brasil sem nós", completou.
Acampamento Terra Livre
Cantos e rituais abriram o 18° Acampamento Terra Livre (ATL) nesta terça-feira (12.abr). Com eventos até o dia 14 do mesmo mês, o tema do ATL deste ano é "Retomando o Brasil: demarcar territórios e aldear a política". O encontro busca tratar temas como demarcação de territórios dos povos originários e incentivo ao aumento de candidaturas de indígenas, com foco em mulheres indígenas. O ATL está instalado no Complexo Cultural da Funarte, no Eixo Monumental, em Brasília.
A escolha da data foi pela promessa da Câmara de pautar a discussão de projetos que ameaçam territórios e povos originários. No entanto, o PL 191/2020 que propõe a mineração em terras indígenas e o uso dos recursos hídricos destas regiões ainda não tem grupo de trabalho formado, mesmo tramitando em regime de urgência na Câmara.
O acampamento reúne desde o dia 4 de abril cerca de seis mil índigenas acampados em Brasília para protestar contra políticas contrárias aos interesses dos povos originários. Entre elas, projetos de lei que autorizam a exploração de terras indígenas, que flexibiliza o uso de agrotóxicos, sobre licenciamento ambiental e o julgamento da tese do Marco Temporal, que pode mudar os critérios de demarcação de terras indigenas. Para este último, os povos indígenas prometem um novo acampamento em junho, quando o tema entrará na pauta do Supremo Tribunal Federal.