Membros do MBL se filiam ao PODE em evento com críticas ao governo e PT
Pré-candidato a governador de São Paulo, Arthur do Val dará palanque a Sergio Moro no estado

Guilherme Resck
O Movimento Brasil Livre (MBL), que apoiou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2015/2016 e a eleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2018, oficializou uma aliança com o Podemos (PODE) para criação de um palanque ao ex-juiz Sergio Moro no estado de São Paulo. Integrantes do movimento, o deputado federal Kim Kataguiri, o deputado estadual paulista Arthur do Val, o vereador de São Paulo Rubinho Nunes e a ex-candidata a vice-prefeita da capital paulista Adelaide Oliveira se filiaram à sigla na noite desta 4ª feira (26.jun), em evento -- com a presença da militância e outros políticos -- realizado no Teatro Renaissance, na zona oeste da cidade.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
A cerimônia, que teve início por volta das 19h30 e terminou cerca de duas horas depois, foi marcada por críticas ao ex-presidente Lula e a Bolsonaro -- ambos presidenciáveis, assim como Moro --, além de ao PSDB. No palco da sala de teatro, discursaram não só os novos filiados, mas também Moro, a presidente nacional do Podemos, Renata Abreu, o presidente estadual do partido, Thiago Milhim, o deputado federal André Janones (Avante-MG), o ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência e general Santos Cruz (Podemos), e o cofundador e coordenador do MBL Renan Santos, entre outros.
Ao fundo do palco, enquanto falavam, um telão alternava imagens, entre as quais algumas de protestos realizados pelo Movimento Brasil Livre e uma mostrando os novos filiados e Moro lado a lado, acompanhados da frase "Respeita São Paulo, Reergue o Brasil". Primeiro a discursar, Renan se referiu a Lula e Bolsonaro como "monstros" e "comedores de sonhos", e Moro e Arthur do Val, por outro lado, como pessoas que personificam "a esperança e a coragem". Ainda criticando o presidente da República, disse que, na pandemia, ele "transformou o absurdo em rotina". Especialmente por meio sua fala e a de Adelaide posteriormente, o MBL passou a ideia de ter sido traído por Bolsonaro porque, em 2018, não possuía o que chamaram de "projeto político de poder" e confiaram em alguém de fora do movimento, o que não planejam repetir neste ano.
A aliança entre MBL e Podemos foi tratada como a formação de um "partido-movimento". Ao final de sua fala, Renan ressaltou que "quem vota Arthur, vota Moro, quem vota Moro, vota Arthur". Arthur do Val é pré-candidato ao governo de São Paulo, onde o Partido da Social Democracia (PSDB) mantém hegemonia. Em seu discurso, aproveitou, então, para criticar os tucanos. "Aqui no estado nós sabemos que o nosso principal inimigo é o PSDB", pontuou. De acordo com o deputado estadual, a força da sigla no território paulista se dá porque, a cada eleição estadual, os candidatos não realizam debates de fato. E isso em razão, acrescentou, de haver uma "falsa oposição do PT" e geralmente o candidato ao governo querer "usar isso [cargo de governador] para ser presidente e ele não toca na principal dor do paulista". "E qual é a principal dor do Paulista? Pacto federativo", completou.

Do Val deu sinal de que uma se suas principais bandeiras na campanha para governador será uma mudança no pacto federativo, o qual atualmente, segundo ele, faz com que o paulista seja "roubado por Brasília". Posteriormente, no evento, Sergio Moro falou sobre a importância do estado para o país: "Se São Paulo vai mal, o Brasil vai mal". De acordo com o pré-candidato à Presidência, o Podemos não pode perder a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes e é preciso "ter alguém com uma postura firme contra o PT aqui, os planos do PT dentro desse estado". As críticas do ex-juiz não se voltaram apenas ao Partido dos Trabalhadores; Bolsonaro também foi abordado.
"A gente vê um governo que quer um cheque em branco do cidadão para ele, para que ele gaste para fazer as eleições", disse, se referindo ao Executivo federal. Além disso, afirmou que a atual gestão mentiu e "abandonou o povo", e que Bolsonaro não teve "compaixão" para com os brasileiros na pandemia. Em outro momento, se referiu ao governo como "Planalto da rachadinha". Ainda de acordo com Moro, Bolsonaro quer "entregar o poder exatamente para aquelas pessoas que nós combatemos durante a Lava Jato".
MBL
Kim Kataguiri, por sua vez, enalteceu o MBL: "Foi sempre no menosprezo, no ataque dos nossos inimigos, que nós construímos a nossa vitória". Já Rubinho Nunes, que se anunciou no evento como pré-candidato a deputado federal por São Paulo, disse que a aliança entre MBL e Podemos tem o objetivo de "conter o avanço do bolsopetismo no Brasil". Em suas palavras, o Movimento Brasil Livre "não abre mão de uma coisa: dos valores". "Ao contrário do presidente Jair Bolsonaro, os nossos valores não estão à venda, não tem negociata com o Centrão", acrescentou. Em outro ponto da fala, deixou claro o apoio a Moro: "Eu tenho certeza de que se esse homem for eleito presidente, e vai ser, nós vamos conseguir aprovar as reformas necessárias para o Brasil".
Militância
A fila de pessoas que se inscreveram para assistir à cerimônia passava pela Rua Haddock Lobo e seguia pela Alameda Santos, e era composta por um público diversificado: de idosos a jovens. Alguns dos presentes vestiam camisetas com a escrita "Nem Lula, Nem Bolsonaro" estampada ou com um adesivo com o logotipo do MBL. Segundo os organizadores do evento, havia espaço para 400 indivíduos na sala de teatro; grande parte das pessoas que compareceram não conseguiram entrar, devido ao fato de a capacidade máxima ter sido atingida. Ao longo da cerimônia, dentro da sala, a militância se mostrou empolgada em diferentes momentos, seja aplaudindo ou entoando canto com o nome de alguém que discursava.