Partidos avançam na definição de palanques estaduais para presidenciáveis
Lula e Bolsonaro garantem mais espaço político em estados; Moro pode interferir em negociações
Partidos políticos dão as primeiras sinalizações em nomes para concorrer a governos estaduais e conceder base de apoio para candidatos à Presidência em 2022. Aqueles com as dez maiores bancadas na Câmara se dividem entre candidaturas próprias e maior espaço entre os dois principais nomes da próxima eleição: o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL). Mas outro candidato também interfere nas negociações, o ex-juiz Sergio Moro (Podemos).
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Líder nas pesquisas de intenção de voto para presidente da República, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está com palanque certo em ao menos sete estados, levando em conta as intenções do partido em pré-candidaturas e na indicação de apostar na reeleição da governadora petista Fátima Bezerra (RN). Também há avanço nas negociações no Rio de Janeiro com o deputado federal Marcelo Freixo, pré-candidato pelo PSB.
O presidente Jair Bolsonaro (PL), por sua vez, está com palanques em ao menos quatro estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No primeiro deles, há articulação do próprio presidente para levar o nome do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas - que ainda não tem partido. Outros dois ministros do governo também podem entrar na disputa estadual e na campanha do presidente: Onyx Lorenzoni (do Trabalho e Previdência Social), no Rio Grande do Sul, e Fábio Faria (das Comunicações), no Rio Grande do Norte. Os dois acenam com a possibilidade de troca de partido, deixando, respectivamente, o DEM e o PSD. Onyx deve ir para a mesma sigla de Bolsonaro.
O Partido Liberal, no qual Bolsonaro está filiado desde novembro, trabalha até o momento com duas pré-candidaturas em estados: reconduzir o atual governador carioca, Cláudio Castro, que assumiu o mandato após o impeachment de Wilson Witzel; e o senador Jorginho Mello, em Santa Catarina.
A chegada de Moro
Terceiro colocado em pesquisas, o ex-juiz Sergio Moro (Podemos) conta com palanques no Distrito Federal, Rondônia, Santa Catarina, Tocantins e São Paulo, locais onde o partido definiu pré-candidaturas. Um dos apoios esperados é o deputado estadual paulista Arthur do Val, que atualmente é pré-candidato ao governo do estado pelo Patriota, mas mudará para o Podemos em 26 de janeiro e enfrentará a disputa ao Palácio dos Bandeirantes pela sigla.
Moro pode interferir nos planos de Bolsonaro para apoio político do União Brasil. A legenda, que promete ser a maior da Câmara, se tiver a liberação confirmada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em fevereiro, reúne os parlamentares do Democratas (DEM) e do Partido Social Liberal (PSL). O novo partido, no entanto, trabalha com a possibilidade de ter uma candidatura própria. Um dos cotados é o ex-juiz, que deixaria o atual partido para uma nova filiação. Em estados, o União Brasil pretende lançar ao menos 11 nomes para governadores.
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Outros nomes
Os demais pré-candidatos ao Planalto contam com palanques estaduais de candidaturas do próprio partido. João Doria (PSDB) está com Rodrigo Garcia em São Paulo e com o senador Izalci Lucas no Distrito Federal, além de outros seis locais: Amazonas, Paraná, Paraíba, Piauí e Rio Grande do Sul. A pré-candidata ao Planalto Simone Tebet (MDB) está em um partido que trabalha nomes para governadores em seis estados. Entre eles, Minas Gerais e Pará - onde o atual governador Helder Barbalho tentará a reeleição.
O PDT de Ciro Gomes está com pré-candidatos em cinco estados, como o ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves para o Rio de Janeiro e o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio, cotado para concorrer no Ceará. O PSD, que traz o nome de Rodrigo Pacheco para o Planalto, ainda define os nomes da corrida de governos estaduais. Mas indica que terá candidatura própria em São Paulo, Rio de Janeiro, e em ao menos outros três estados.
Como partidos definem
O SBT News entrou em contato com os donos das dez maiores bancadas na Câmara para consultar quais são os pré-candidatos indicados até o momento em governos estaduais e quem a sigla deve apoiar na próxima corrida ao Planalto. Além deles, o Partido Democrático Trabalhista, que tem a 11ª maior bancada, também foi contatado, devido à candidatura de Ciro Gomes - pedetista que ficou em terceiro lugar no último pleito e aparece entre os principais nomes nas pesquisas de intenção de voto das próximas eleições para presidente.
PSL
Com o maior número de deputados federais, o partido ainda negocia internamente e aguarda a liberação do TSE sobre o União Brasil para definir candidaturas a governador. O apoio ao Planalto, por parte do União Brasil, também segue indefinido, dadas negociações com Moro e Bolsonaro. A intenção do novo partido é lançar governo em ao menos 11 estados.
PT
Até o momento, para disputar as eleições em unidades federativas, o Partido dos Trabalhadores indica lançar o senador e ex-governador baiano Jaques Wagner (PT-BA), na Bahia; o senador e ex-vereador do Recife Humberto Costa (PT-PE), em Pernambuco; o secretário de Fazenda do Piauí e presidente do Comitê Nacional de Secretários de Fazenda (Comsefaz), Rafael Fonteles, no estado; o deputado estadual gaúcho Edegar Pretto - o mais votado da história da sigla na ALRS -, no Rio Grande do Sul; e o ex-deputado federal e ex-prefeito de Porto Nacional (TO) Paulo Mourão, no Tocantins. A governadora petista Fátima Bezerra (RN) também deve tentar reeleição.
Em São Paulo, o ex-prefeito paulista e ex-ministro da Educação Fernando Haddad é visto no partido como pré-candidato natural ao Executivo com a decisão de Lula de disputar a Presidência da República, além de ter sido o único petista a manifestar vontade. As definições dos nomes pelo PT dependem do interesse nacional da sigla de levar Lula ao Planalto. O ex-presidente participa ativamente da escolha de cada pré-candidato, na qual interferem os planos do petista de fazer com que o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin se filie ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) e entre como vice-presidente na chapa de Lula neste ano.
PL
O partido de Bolsonaro trabalha com nomes nos territórios fluminense e catarinense. Nos dois locais, integrantes da sigla são pré-candidatos a governador: Cláudio Castro -- que tentará a reeleição -- e o senador Jorginho Mello (SC), um dos mais atuantes na defesa da gestão Bolsonaro durante a pandemia. No Rio Grande Sul, ainda, o ministro do Trabalho e Previdência Social, Onyx Lorenzoni (DEM) -- um dos aliados mais fiéis do presidente --, é pré-candidato ao Palácio Piratini. Com a confirmação da fusão entre o DEM e o PSL, porém, Onyx não vai fazer a transição para o União Brasil, e deverá aproveitar a janela para os filiados que não querem aderir à nova legenda para escolher outra sigla. A tendência é que vá para o PL.
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PSD
O partido do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, ainda está em tratativa sobre os nomes. Há intenção de candidatura própria em São Paulo e no Rio de Janeiro, além de tentar eleger novamente o ex-governador de Santa Catarina Raimundo Colombo. A sigla também pondera candidatura do prefeito de Cuiabá Marquinhos Trad ao governo de Mato Grosso do Sul e tentar novamente o governo de Sergipe. O atual governador do estado é Belivaldo Chagas, que está a dois mandatos e não poderá concorrer. Um nome cotado para o posto é o deputado federal Fábio Mitidieri.
MDB
O partido de Simone Tebet está com pré-candidatos em seis unidades federativas: Amazonas, com o senador Eduardo Braga; Distrito Federal, com a proposta de reeleição de Ibaneis Rocha; Minas Gerais, com o senador Carlos Viana; Pará, com a reeleição de Helder Barbalho; Roraima, com a gestora pública Teresa Surita; e Tocantins, com o senador Eduardo Gomes. Há intenção em outros estados, mas as tratativas ainda estão em andamento.
PSDB
A sigla de João Doria trabalha com pré-candidaturas em, ao menos, oito locais. Em São Paulo, há intenção de eleger o atual vice-governador, Rodrigo Garcia; no Distrito Federal, o senador Izalci Lucas; no Paraná, o ex-prefeito Cesar Silvestri Filho; na Paraíba, o deputado Pedro Cunha Lima; no Piauí, o prefeito de Teresina Silvio Mendes.
Há também o nome de Plínio Valério no Amazonas e o da prefeita de Caruaru Raquel Lyra para Pernambuco. No Rio Grande do Sul, o atual governador, Eduardo Leite, disse que não concorrerá à reeleição. Mas a sigla quer tentar um nome para substituí-lo no próximo pleito. Uma reunião do partido está marcada para 5ª feira (27.jan), novos nomes ou mudanças poderão ser definidos no encontro.
DEM
Assim como o PSL, as negociações do DEM devem avançar melhor após definição sobre o União Brasil. O ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, está como pré-candidato ao governo da Bahia pelo partido.
PDT
O partido de Ciro Gomes está, até o momento, com cinco nomes de pré-candidatos a governos estaduais. No Rio de Janeiro, trabalha com o nome do ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves; na Paraíba, com a vice-governadora Lídia Feliciano; no Maranhão, com o senador Weverton Rocha; no Ceará, com o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio e No Maranhão, com o atual prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda.
PSB, Republicanos e PP
Os partidos foram contatados pela reportagem, mas não responderam sobre possíveis nomes a governos estaduais até a publicação. O PSB, no entanto, já aprovou a candidatura do deputado Marcelo Freixo para o governo do Rio de Janeiro. O Republicanos e o PP são partidos da base de Bolsonaro. Os dois, inclusive, foram cotados como possíveis filiações do presidente.
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