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'Momento é de conter a flexibilização', diz Bruno Covas sobre Covid-19; leia entrevista na íntegra

Prefeito de São Paulo e candidato à reeleição participou de sabatina no SBT News nesta terça-feira

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SBT News
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O prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB), disse em sabatina do SBT News realizada nesta terça-feira, dia 24, que o momento é de conter a flexibilização do isolamento social na cidade para evitar aumento dos casos de coronavírus. Em entrevista coletiva recente, Covas negou a existência de uma segunda onda da pandemia na capital paulista e alegou estabilidade na situação epidemiológica, apesar de números divulgados pela própria prefeitura apontar crescimento nos registros. Nesta segunda-feira, dia 23, a taxa de ocupação dos leitos de UTI na cidade ultrapassou 50% pela primeira vez desde o início de agosto, quando a epidemia ainda estava no auge. "Não quero fazer nenhum discurso alarmista que muitos estão fazendo que estamos escondendo dados, o que não é verdade, todos os dados são publicados diariamente pela Prefeitura de São Paulo, mas também não quero fazer o discurso que a pandemia já acabou. As pessoas precisam continuar a evitar aglomeração, continuar a evitar sair de casa", disse. 

Covas também comentou sobre o déficit habitacional na capital e reconheceu a possibilidade de, caso seja reeleito, adotar sugestões de seu adversário nas eleições, Guilherme Boulos (PSOL), líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). "Eu não tenho nenhum problema em conversar com o Guilherme Boulos ou qualquer outra liderança da área habitacional. Aliás, já fiz isso como prefeito, já o recebi na Prefeitura de São Paulo", disse. 

Leia abaixo a entrevista na íntegra, ou se preferir, assista no canal do SBT News no Youtube. 

SBT NEWS: Candidato, nós aqui do SBT temos acompanhado, todos os dias, presencialmente tanto a sua campanha quanto a campanha de Guilherme Boulos. Eu estou todos os dias com o senhor, meu colega Fábio Diamente tem estado todos os dias com o candidato Guilherme Boulos. E nós temos podido acompanhar que, em alguns momentos, é inevitável a formação de aglomeração, por exemplo, em passeatas, em alguns atos na rua, e isso tem sido constante, muitas pessoas até sem máscara, eu mesma já presenciei o senhor pedindo para uma pessoa que estava ali, chegando perto, pedindo para usar a máscara. Eu pergunto ao senhor, onde fica a responsabilidade do prefeito Bruno Covas, que lembra a população que ainda estamos em pandemia, diante da agenda do candidato Bruno Covas?
BRUNO COVAS:
Bom, a responsabilidade é a mesma. Lembrando que, por força da determinação, a fiscalização em relação às ações de campanha, elas são do Tribunal [Regional] Eleitoral, não cabe à prefeitura a fiscalização de atos de campanha. A gente tem evitado ao máximo esse tipo de aglomeração, não incentivamos, inclusive, essas aglomerações. A gente sempre pede para as pessoas ficarem dispersas, sem ficar ao lado, sem ficar tumultuando. Às vezes é muito difícil conseguir que isso aconteça numa campanha eleitoral, muitas vezes as pessoas veem e querem abraçar, querem tirar foto, enfim, tem que também ter esse momento, mas a gente evita ao máximo as ações de rua, exatamente para poder respeitar a pandemia, para poder respeitar esse que é um desafio que a cidade de São Paulo, o Brasil e o mundo ainda estão enfrentando.

SBT NEWS: Candidato, queria falar com o senhor sobre as pesquisas, elas têm mostrado uma tendência aí de queda do senhor e de uma alta do Guilherme Boulos. Como o senhor está acompanhando isso? O senhor está preocupado?
BRUNO COVAS:
Imagina que quem sai candidato a prefeito de São Paulo fica preocupado com pesquisa eleitoral. Esse é um grande desafio. Todo mundo conhece a cidade de São Paulo, sabe como ela é polarizada, sabe a dificuldade que é vencer uma eleição aqui, enfim, não há nenhum trauma em relação à pesquisa. Digo a mesma coisa que dizia no primeiro turno: pesquisa não substitui eleição. O importante é domingo, dia 29, que as pessoas vão sair de casa, vão até à urna para poder votar. Até sábado, até o horário permitido a gente estará fazendo campanha, convencendo a população, enfim, a gente não é pautado por pesquisa eleitoral, seja quando sobe, seja quando desce, em relação às nossas ações. A nossa campanha é focada na cidade de São Paulo, falando o que fizemos aqui e o que nós queremos fazer pelos próximos quatro anos, quais são os desafios a serem enfrentados, tratando as pessoas com respeito que a população merece para poder ser parceira nossa na busca de soluções nos problemas da cidade de São Paulo. Então, não há nenhuma mudança no ritmo de campanha, não há mudança de estratégia, seja por conta dessa ou de qualquer outra pesquisa que ainda venha a sair nesse segundo turno.

SBT NEWS: Candidato, estima-se que o déficit habitacional na cidade de São Paulo seja de 500 mil unidades. Se eu tiver errada o senhor, provavelmente tem os números, pode me corrigir. O fato é que o problema da habitação tomou uma importância muito grande na pauta eleitoral desse ano, justamente por em estar entre os concorrentes Guilherme Boulos, que é coordenador do MTST. Eu gostaria de conhecer as suas propostas para a área da habitação e saber se, caso o senhor vença, o senhor aceitaria encorporar ideias de Guilherme Boulos? O senhor ouviria o MTST no governo?
BRUNO COVAS:
Bom, na verdade, a questão do número do deficit habitacional depende do recorte que você faça. Você pode falar que o deficit habitacional quando você fala da fila da COHAB [Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo], você pode falar das pessoas quando não têm casa própria, você pode incluir, às vezes, aqueles que ainda moram de aluguel. Então, dependente do recorte que se faça, você tem um número de déficit habitacional diferente na cidade. A ação da prefeitura precisa ser nas mais variadas formas possíveis. Não adianta focar só nesta ou naquela saída, quando se fala em política habitacional, até porque nós estamos falando do que é um sonho da [casa própria]. Bom, então vamos lá, o seu número, como você mencionou, ele está correto, mas cada um faz um recorte desse deficit habitacional. Tem gente que considera, inclusive, as pessoas que moram de aluguel quando se fala de deficit habitacional e esse número é ainda maior. Mas, de qualquer forma, a estratégia da prefeitura precisa ser bem diversificada e exatamente essa linha da política municipal de habitação. A gente fala de política habitacional, nós temos que falar da construção de unidades feitas diretamente pela prefeitura, das isenções tributárias que são dadas para poder facilitar a construção onde habitação de interesse social, que são as habitações voltadas a população de baixa renda aqui no município de São Paulo. Regularização fundiária, foram 200 mil atendidas durante a nossa gestão, vamos ampliar e continuar ampliando isso na cidade de São Paulo. Reurbanização de favelas, o lote urbanizado, uma legislação nova, recém-aprovada pela Câmara Municipal, que sejam feitas parcerias com as entidades, que é também uma das lutas, inclusive, do MTST, processos que foram inciados na gestão passada e que nós retomamos. Eu não tenho nenhum problema em conversar com o Guilherme Boulos ou qualquer outra liderança da área habitacional. Aliás, já fiz isso como prefeito, já o recebi na prefeitura de São Paulo, ele esteve presente num dos atos que a gente realizou em outubro do ano passado, quando mudamos a utilização do recurso do FUNDURB [Fundo de Desenvolvimento Urbano], que era um recurso que a gente só podia utilizar para poder comprar terrenos na cidade e a gente mudou isso para poder, também, utilizar esse recurso para construir unidades habitacionais. Então, eu não tenho nenhum problema em ouvir as pessoas, em ouvir boas ideais, em ouvir boas sugestões. Não é porque a pessoa pensa diferente de mim, não é porque a pessoa é de outro partido político que ela não tem boas ideias que possam ser incorporadas a prefeitura de São Paulo.

SBT NEWS: Candidato, vamos falar sobre mobilidade. Os especialistas na área dizem que a mobilidade na cidade depende de uma integração das várias formas de transporte, então eu queria fazer um pingue-pongue com o senhor sobre assuntos que estão no seu plano de governo. BRT na Aricanduva, por que só na Aricanduva? Já que ele é um meio de transporte rápido, poderia ser incorporado em outros corredores já existentes.
BRUNO COVAS: Porque já existe um projeto. Exatamente por isso, vamos começar por aí, nós já temos um projeto, nós já estamos na busca dos recursos necessários para implementar ele. Nenhum problema em buscar em outros cantos da cidade de São Paulo, mas com o projeto já em mão, a gente tem certeza que em quatro anos ele vai ser concluído.

SBT NEWS: Ciclofaixas, expansão ou revisão?
BRUNO COVAS: Nós, nesses quatro anos, requalificamos 310 km, estamos ampliando em 173,5 km e pros próximos 4 anos teremos mais 300 km de ciclovias na cidade de São Paulo.

SBT NEWS: Transporte aquático, onde?
BRUNO COVAS:
Nós vamos começar pela Represa Billings, juntando o Cantinho do Céu até a região da Pedreira, passando pelo Cocaia, passando por alguns outros pontos ali da região da Billings, integrando isso com o Bilhete Único, reduzindo em uma hora o tempo que as pessoas levam para fazer o mesmo percurso pelas avenidas ali da Zona Sul da cidade de São Paulo.

SBT NEWS: Candidato, essa proposta do transporte aquático, ela já é uma proposta aprovada para a cidade. Ela foi aprovada na Câmara Municipal, foi sancionada anos atrás pelo ex-prefeito Fernando Haddad e que não foi posta em prática até agora e foi uma proposta, um projeto apresentado pelo seu vice na Câmara Municipal, Ricardo Nunes. Ricardo Nunes, que a gente tem visto, é alvo de denúncias, pessoas, ligadas a ele, teriam lucrado com aluguéis de creches da prefeitura. E o senhor tem sempre dito que ele é investigado, mas ele não é processado e que, com tantos anos ali em mandatos da Câmara Municipal, ele conhece muita gente. Eu pergunto ao senhor, o seu grupo já checou, por exemplo, se ele também tem amigos ligados a empresas que poderiam fazer esse transporte aquático, isso eu digo para evitar, lá na frente, mal entendidos ou alvo de denúncias, caso o senhor seja eleito?
BRUNO COVAS:
Olha, não sei se ele conhece ninguém, mas isso vai ser fruto de uma licitação. O prefeito não escolhe qual empresa presta serviço para cidade de São Paulo. O prefeito licita e aí aquele que oferece o menor valor é quem presta serviço aqui na cidade de São Paulo. Vamos voltar para essa questão da creche porque ela é importante. Todos os contratos em que se colocam sob suspeita, são contratos da gestão passada, nenhum contrato é dessa gestão, todos esses contratos colocam sob suspeita tiveram valores de aluguéis reduzidos pela nossa gestão, porque nós adotamos um padrão de pagamento de aluguel para toda cidade de São Paulo. Ao invés de cada creche estabelecer qual o valor, a gente estabeleceu um limite que é relacionado ao valor vernal desses imóveis e, com isso, a gente economizou R$ 100 milhões na cidade de São Paulo. Então, volto a dizer, levantar denúncias é muito fácil, a gente está em um país que vai levantando denúncias, vai estabelecendo relações, sem nenhuma comprovação de favorecimento, mas o que é verdade mesmo, em relação ao meu vice, é que ele trouxe R$ 1,2 bilhão que os bancos estavam deixando de pagar para a prefeitura de São Paulo e essa foi a grande contribuição do Ricardo Nunes como vereador de São Paulo.

SBT NEWS: Candidato, seguindo ainda nesse tema, de fato ele tem sido alvo de denúncias desde o início, e na primeira denúncia foi em relação a uma suposta agressão contra a esposa dele. O senhor mesmo se posicionou dizendo que era grave e precisava ser apurado. Eu queria fazer uma pergunta que eu já vi fazerem com o senhor e eu não ouvi a resposta direta. O senhor põe a mão no fogo pelo seu vice? Sim ou não?
BRUNO COVAS:
Eu ponho a mão no fogo pelo meu vice, eu o escolhi como o meu vice. Ele está preparado para poder me auxiliar ao longo dos próximos quatro anos. Na agressão, a própria esposa dele disse que nada disso aconteceu. Eu sou a favor de chamar a polícia quando existe uma agressão. Não sou contra chamar a polícia, não sou o candidato que acha que aqui ou acolá, a polícia não tem que se intrometer quando tem agressão de homem contra mulher. Eu acredito nisso, tanto que nós ampliamos a ação da Guarda Civil Metropolitana através do programa guardião Maria da Penha para todos os cantos da cidade de São Paulo. Nós mudamos a legislação municipal para permitir que a prefeitura possa solicitar das empresas terceirizadas vagas para mulheres vítimas de violência, para cortar o vínculo que ela tem ? porque muitas vezes ela tem um vínculo financeiro com o seu agressor. Então, portanto, é completamente favorável a qualquer tipo de investigação. Agora, não dá para dizer e estabelecer que ele tem qualquer tipo de mácula na sua história, já que a própria esposa esclareceu que nada disso aconteceu.

SBT NEWS: Candidato, essa semana o governador João DOria disse que não será candidato à reeleição lá pelo governo de São Paulo. Caso o senhor seja eleito, obviamente a prefeitura de São Paulo é uma vitrine espetacular, não só para o estado como também para o país. E isso o tornaria o candidato natural do PSDB à sucessão de João Doria no Palácio dos Bandeirantes. Eu gostaria de saber de novo, o seu compromisso ou não, de que o senhor não vai deixar a prefeitura antes de completar os quatro anos de mandato.
BRUNO COVAS:
Se eu for reeleito como prefeito da Prefeitura de São Paulo, eu continuo no cargo até 31 de dezembro de 2024. Não apenas dou a minha palavra, mas a população tem percebido o meu comportamento durante a campanha. A gente tem focado nos temas da cidade de São Paulo, exatamente porque eu não estou fazendo dessa eleição um terceiro turno de 2018, e nem uma antecipação da eleição de 2022. A minha preocupação não é com a eleição para governo do estado e para a presidência da República. Eu já avisei isso ao meu partido político, eles já sabem da minha pretensão de ficar os 4 anos e vou ser eleito para poder governar a cidade até o dia 31/12/2024.

SBT NEWS:  Candidato, eu queria falar de transporte público. Teve um episódio que chamou muito a nossa atenção ali no auge da pandemia, quando o senhor fez uma promessa de que as pessoas só andariam nos ônibus sentadas. O senhor prometeu isso, o seu secretário de transportes também, e no fim não foi possível cumprir. Vamos deixar de lado a questão de que a vigilância sanitária depôs, fez um parecer dizendo que não era perigoso para transmissão do vírus. Vamos só na questão de que isso não foi possível. O senhor tinha menos passageiros na época e não foi possível colocar as pessoas sentadas no ônibus. Isso não é um sinal de um problema sério no transporte público na sua gestão?
BRUNO COVAS:
 Olha, Fábio, o inquérito sorológico realizado pela prefeitura de São Paulo mostra que a proporção de pessoas que foram infectadas pelo coronavírus é a mesma entre quem pega ônibus e quem não pega ônibus na cidade de São Paulo. A gente passou o período da pandemia com uma diferença de 30% entre demanda e oferta enquanto a gente teve durante grande parte do período 45%, 50% da demanda de passageiros da quantidade de passageiros em relação ao mesmo período do ano passado, a gente ficou com 75%, 80% dos ônibus circulando na cidade de São Paulo. Então a gente ficou com quantidade acima da demanda, nós vamos pagar o subsídio extra que deve chegar a R$700 milhões a mais além do previsto, mas isso foi importante para que a gente pudesse enfrentar a pandemia sem os ônibus lotados na cidade de São Paulo.

SBT NEWS: Quando o senhor diz isso, o fato é que as pessoas andaram de ônibus em pé. Essa é uma questão que não se discute e as imagens mostram. O senhor está dizendo que o senhor tinha uma frota maior ali. Como é que isso aconteceu? O senhor põe mais ônibus, tem menos passageiros e as pessoas estavam em pé?
BRUNO COVAS:
Volto a dizer: a vigilância sanitária tem o mesmo entendimento. Que uma coisa é colocar uma quantidade de passageiros igual a quantidade de pessoas que podem ir sentadas. É diferente de todo mundo ir sentado. Não é por acaso que eu troquei o secretário de transportes que deu entendimento diverso em relação a isso, e disse que todo mundo ia sentado, não conseguiu cumprir isso, e mudei ele nessa semana que ele fez esse compromisso, que não tinha nenhuma relação com aquilo que tinha sido solicitado pela Vigilância Sanitária.

SBT NEWS: Candidato, no Dia da Consciência Negra, ou seja, no dia seguinte à morte de João Roberto Freitas no Carrefour lá de Porto Alegre, o senhor foi um dos muitos ou quase todos os brasileiros que se indignaram com o que aconteceu lá no Rio Grande do Sul. E o senhor disse isso, inclusive disse que era importante e fundamental que houvesse políticas de combate ao racismo. Eu pergunto o senhor: nesse momento o senhor não se arrependeu da extinção da Secretaria da Igualdade Racial durante a sua gestão?
BRUNO COVAS:
 Veja Simone, o que é importante: a existência de uma Secretaria ou a existência de políticas públicas de combate ao racismo? eu não tenho... se fosse a criação de uma secretaria a saída para todos os problemas a gente não teria problema na educação, porque tem a Secretaria da Educação. A gente não teria problema na saúde, porque tem Secretaria da Saúde. A gente não tem problema de transporte, porque temos que teria de transportes. Aliás, você criaria 800 secretarias, cada uma com um tema diferente para acabar todos os problemas da cidade de São Paulo. Não é essa a saída. Não é questão de existir ou não uma secretaria. É a questão de ter políticas públicas que, aliás, quando se fala em combate ao racismo, precisa ser política pública integrando as demais secretarias. Imagina que só uma secretaria vai tratar desse tema. Nós estamos referenciando o Hospital Santo Amaro que é um hospital que nós estamos entregando este ano, como um hospital para poder tratar anemia falciforme que é uma doença que compromete mais a população negra da cidade de São Paulo. Então você veja a importância da Secretaria da Saúde também ter esse tipo de preocupação. Isso é algo que passa pelas mais variadas secretarias e a secretaria de Direitos Humanos articula isso. Nós dobramos a quantidade de centro de referência de igualdade racial na cidade de São Paulo, nós denominamos os 12 CEUs com nomes de personalidades negras, nós temos a primeira mulher negra comandando a Guarda Civil Metropolitana. Agora, confesso que esse é um tema que eu também estou aprendendo, porque eu não sinto isso na pele. Eu nunca tive que explicar pro meu filho o porquê do segurança do shopping me parar prra revistar e não para revistar outras pessoas. Agora, reconhecer que o racismo existe é uma obrigação nossa. Eu quero aqui lamentar a fala de diversos políticos que custam a reconhecer a existência do racismo. E volto a dizer: boas ideias precisam ser aproveitadas. O deputado Orlando Silva, que é um deputado que foi candidato contra a mim no primeiro turno, não me apoia no segundo turno, lançou uma boa ideia. Que é caçar o alvará de funcionamento de estabelecimentos que permitem o racismo. Vamos estudar isso para a cidade de São Paulo. Já chamei ele para a semana que vem ir na prefeitura se reunir comigo para ver de que forma a gente implementa isso na cidade. Políticas Públicas é que combatem o racismo, não a existência de uma ou outra secretaria.

SBT NEWS: Candidato, eu queria falar sobre uma crítica que o senhor faz muito a Guilherme Boulos. O disse que ele é experiente. Eu queria que o senhor respondesse qual a experiência que o senhor tinha que lhe credenciava para assumir a prefeitura da maior cidade do país?
BRUNO COVAS:
Antes de assumir a prefeitura eu já tinha sido deputado estadual, fui eleito. Fui considerado o deputado mais atuante pela ONG Voto Consciente, fui reeleito como o mais votado do estado de São Paulo, fui secretário de estado, fui relator do orçamento, fui presidente da comissão de finanças, fui deputado federal, fui membro da Comissão Processante da ex-presidente Dilma, fui vice-prefeito e secretário municipal. Eu já tinha 12 anos de vida pública antes de assumir a prefeitura de São Paulo. E mais do que isso, né? é preparo, saber exatamente que através do diálogo que a gente consegue construir consenso, é reconhecer que você precisa conversar, ,dialogar, estabelecer a busca de unidades consensuais, respeitar a democracia, respeita a lei, respeitar a ordem,, respeitar as decisões judiciais, dialogar com o legislativo, com o judiciário, com o Ministério público, é esse trabalho, é essa experiência que eu acumulei antes de ser prefeito da cidade de São Paulo. E como prefeito da cidade enfrentei o prédio que caiu, o viaduto que caiu, pandemia do coronavírus, a maior enchente dos últimos 70 anos, não foram poucos os desafios que enfrentei com o prefeito da cidade de São Paulo, e é essa experiência que eu coloco à disposição para ajudar a cidade a sair deste grande desafio que o mundo está enfrentando que a crise econômica e social que o coronavírus nos trouxe.

SBT NEWS: Candidato, apoiador deveria só trazer benefício, né? e não constrangimento. E, no entanto, o senhor está tendo que lidar nos últimos, com apoios, por exemplo, de Celso Russomano que foi apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro no primeiro turno, ou apoio da deputada Joice Hasselmann, que até criou uma dancinha, enfim. Fazia insinuações que o senhor tirava férias demais. Agora eu pergunto ao senhor: esses dois apoios especialmente, eles de alguma forma não traem a história do PSDB, a história que o seu avô Mário Covas também ajudou a construir?
BRUNO COVAS: 
Olha, você não deve se lembrar, mas em 94 o Mário Covas recebeu apoio do Paulo Maluf no segundo turno.

SBT NEWS: Sim, candidato, porque eu estava lá cobrindo.

BRUNO COVAS:
Ah, não é possível que em 94 você já estivesse lá.

SBT NEWS: E se o senhor me permite, eu vi o seu avô indo apoiar Lula contra Fernando Collor de Melo, e todos chocados porque ele foi lá apoiar o Lula. Eu vi isso pessoalmente.

BRUNO COVAS:
 Porque no segundo turno você faz uma escolha entre duas opções que o povo dá. Se a gene tivesse mais pontos em comum do que discordâncias nós estaremos unidos desde o primeiro turno. Mas não. Eles representavam uma outra estratégia, uma outra saída, um outro programa de governo, uma outra visão para a cidade de São Paulo. Então receba esse apoio no segundo turno até como forma de reconhecer que sozinhos nós não atingimos a maioria da população. É preciso ampliar com mais ideias, com mais propostas, para poder agora atingir a maioria dos votos válidos. Essa é a ideia do segundo turno. Ampliar o leque de alianças para poder governar a cidade. Agora, isso não quer dizer que eu mudo os meus princípios, que o mudo os meus valores, que eu mudo a minha visão de mundo. Eu permaneço o mesmo Bruno quando não era político como deputado estadual, deputado federal, prefeito, candidato, eu sou a mesma pessoa. Mas se tem algo que eu aprendi com meu avô Mário Covas que você mencionou, Simone, é que político precisa ter coerência. Eu sou o mesmo independente do cargo que eu disputo.

SBT NEWS: Candidato, infelizmente a gente está com o tempo no limite. Eu queria que o senhor fizesse suas considerações finais. Se o senhor puder concluir a questão do Covid que é um assunto delicado, saber se de fato como o senhor diz, nada de grave está acontecendo, a população não está deixando de saber de nada pra saber só depois da eleição.
BRUNO COVAS:
Obrigado Fábio e Simone pela oportunidade de me receberem aqui também no segundo turno. Dizer que o desafio ao enfrentamento do coronavírus a gente tem feito na cidade de São Paulo sempre ouvindo a ciência. O vírus não é de esquerda ou de direita. O vírus é uma realidade a ser enfrentado e assim a gente tem pautado as ações desde o primeiro momento, desde que teve que começar a atuar quando vir o chegou na cidade, quando teve o primeiro óbito, o primeiro caso de transmissão comunitária, de forma transparente. Aqui eu não quero fazer nenhum discurso alarmista que muitos estão fazendo que nós estamos escondendo dados - o que não é verdade. Todos os dados são publicados diariamente pela prefeitura de São Paulo, mas eu também não quero fazer um discurso de que a pandemia já acabou. As pessoas devem continuar a evitar aglomerações, continuar a evitar sair de casa, continuar a utilizar máscara, álcool gel, continua a ser um desafio a ser enfrentado. A gente vem colecionando bons itens. Estagnamos nos últimos números, nos últimos dados, nos últimos dias. O que não significa a segunda onda da doença. Significa que é o momento de conter a flexibilização, de não ampliar ainda mais. A cidade de São Paulo não repetiu erros de outras cidades. Aqui todos os que buscaram tratamento foram tratados. Cidade muito mais ricas do que São Paulo, o médico tinha que escolher quem era entubado e quem não era entubado. Essa mesma disposição para poder enfrentar o desafio do coronavírus que agora eu tenho para poder seguir em frente à prefeitura de São Paulo e ajudar a cidade a voltar a crescer. Eu fico muito feliz de tudo aquilo que nós entregamos, mas eu sei que ainda não basta. Eu sei que é preciso avançar ainda mais na educação, na saúde, na geração de emprego e renda, e é por isso que eu peço a sua confiança, é por isso que eu peço o seu voto. Domingo agora vote 45.



 
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