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Eleições

Filipe Sabará quer mudar ideia de que assistência social é de esquerda; leia entrevista na íntegra

Quarto candidato entrevistado na série do SBT News falou sobre trechos de seu programa de governo

Imagem da noticia Filipe Sabará quer mudar ideia de que assistência social é de esquerda; leia entrevista na íntegra
Felipe Sabará em entrevista ao SBT News. Foto: divulgação
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Em entrevista ao SBT News, o candidato do partido Novo à Prefeitura de São Paulo, Filipe Sabará, criticou o que ele se referiu como uma espécie de monopólio da esquerda sobre as ações na área social. " Não é verdade que a esquerda detém esse bem que faz a sociedade", disse. "Então, o que eu entendo que o melhor programa social é o trabalho, emprego e a renda. E é isso que eu fiz a minha vida toda, muito antes de eu entrar para a política", completou. 

Leia abaixo a entrevista do candidato ao SBT News na íntegra aos jornalistas Simone Queiroz e Fábio Diamante - ou, se preferir, assista em vídeo.
 



ENTREVISTAS REALIZADAS:

SBT News: O seu partido chegou a suspender temporariamente a sua candidatura. Os motivos oficiais não foram revelados - até gostaria que o senhor esclarecesse quais foram os motivos, se foram realmente por inconsistências em seu currículo, em erros na declaração de bens ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Mas o senhor conseguiu retomar na Justiça o direito à candidatura. No futebol, na gíria, a gente diria, no "tapetão". Eu pergunto ao senhor, o seu partido está com o senhor? Ou o Novo não quer o senhor como candidato?
FILIPE SABARÁ: Bom, boa noite.
Respondendo à pergunta, o partido Novo tem um processo extremamente criterioso e exigente de análise de seus candidatos e até filiados, é o único partido ficha limpa para os próprios filiados. E com relação a essa situação minha, o partido fez um processo seletivo bastante criterioso, que começou em maio e acabou em novembro do ano passado. E todos os meus documentos foram apresentados durante esse processo eletivo. Eu concorri com 76 outros candidatos, foram 77 no total comigo, onde todos os meus documentos foram apresentados.
O que aconteceu foi uma denúncia falsa e totalmente inverídica de uma pessoa na comissão de ética do partido, e o partido aceitou investigar essa denúncia, que eu vou repetir é falsa. Tudo apresentei para o partido no processo eletivo é verdadeiro, meu currículo é inclusive público, então não tem nenhuma inverdade na informação que foi colocada para a imprensa. Então no meu currículo está tudo certo.
Com relação à declaração de bens, a lei exige que você declare o seu IR e, se você quiser, você pode declarar também o valor das cotas que você tem em empresa ou o valor da empresa. O que eu fiz foi declarar o valor da empresa, da minha participação da empresa. Eu tenho 72% de participação numa empresa, e isso dá em torno de R$ 5 milhões porque a empresa vale R$ 7 milhões. Então eu fui mais transparente do que a lei exige.
Enfim, então são essas situações, e o partido tem todo o direito de averiguar, mas espero que o julgamento seja técnico e não político, e que a gente possa continuar a nossa campanha. Apenas complementando o que você disse, o próprio partido tem um slogan que é "ninguém está acima da lei", e a Constituição Brasileira, a lei eleitoral, garantem ao candidato que ofereça todas as suas informações, concorra às eleições, e é isso que a gente está fazendo.


Candidato, seguindo nesse mesmo assunto: eu li várias das entrevistas, últimas entrevistas que o senhor concedeu. E eu queria que o senhor esclarecesse uma declaração, que me chamou a atenção, recente. Sobre esse episódio, o senhor disse que vinha sendo atacado por uma ?ala esquerdista minoritária do partido Novo?. Candidato, tem comunista no partido fundado por João Amoêdo?
Bom, em todos os partidos existem pessoas que discordam umas das outras, né? Se não houver discordância, ou é uma seita, ou é uma ditadura, e não é diferente no partido Novo. Têm pessoas que discordam de mim e das minhas afirmações, principalmente daquelas que são mais à direita. Eu sou uma pessoa de direita, sempre me coloquei como uma pessoa de direita - direita raiz, inclusive, que defende a liberdade em primeiro lugar, a liberdade é o bem mais sagrado da democracia. E há sempre algumas discordâncias, e há algumas pessoas que acabaram se filiando ao partido Novo tem vieses menos à direita, vamos dizer assim, mais à esquerda. E essas pessoas acabaram discordando. O que é normal, como eu disse. Se um partido não tem discordância, ou é uma seita, ou é uma ditadura.

Candidato, o senhor afirma que no seu programa de governo, o senhor propõe um programa de promoção de renda, mas fazendo a ressalva que 'sem assistencialismo'. Queria que o senhor detalhasse um pouco esse seu programa. Em um momento que a gente vive agora, de pandemia, em que nós temos milhões de desempregados hoje, nos números do IBGE, 14 milhões no país, e uma grande parte disso está aqui em São Paulo. O senhor poderia detalhar como será esse programa de assistência sem ser assistencialismo?
Bom, vou voltar para a questão da direita versus aquilo que a esquerda sempre promoveu. Não é verdade que a esquerda detém esse bem que faz a sociedade na área social. Eu sou uma pessoa de direita e sempre fiz trabalho social, foi assim que eu entrei para a vida pública. Então, o que eu entendo: que o melhor programa social é o trabalho, emprego e a renda.
E é isso que eu fiz a minha vida toda. Muito antes de eu entrar para a política, quando eu era adolescente ainda, comecei um programa de promoção de emprego e renda para a população em situação de rua na cidade de São Paulo. E no nosso plano de governo nós criamos alguns programas para atender a essa população mais vulnerável. Uma delas é a Jornada da Autonomia, que inclusive eu já apliquei como secretário, eu criei o programa Trabalho Novo aqui em São Paulo, que empregou mais de 3 mil pessoas que estavam nas ruas. Empresas privadas. Em um ano, foi um recorde de promoção de emprego para essas pessoas específicas, que estão em situação de rua, que sofrem muito esse flagelo da vulnerabilidade social. E o Jornada da Autonomia envolve abordagem social qualificada na rua, a capacitação e acolhimento, o emprego e habitação.
Então essa Jornada da Autonomia é uma forma de você dar a oportunidade social, voltada para a renda. Porque o assistencialismo já provou que não funciona, os programas sociais têm que ter portas de entrada, tratamento, um acolhimento, a qualificação e a porta de saída. O sucesso dos programas sociais são medidos com quantas pessoas saem dos programas sociais, e não com quantas pessoas entram nele. Então esse é o primeiro programa.
O segundo é o Crédito Barato, que está no nosso plano de governo, que é a levada do investimento para pequenos e microempreendedores nas periferias, nas regiões de oportunidade. Hoje, com a taxa de juros mais baixa, recorde a 2% Selic, o mercado de investimento, as Fintecs, os fundos de investimentos, os investidores, podem investir nos pequenos e microempreendedores, e ganhar dinheiro junto com quem já empreende na periferia, e precisa de crédito para crescer.
Hoje a maior demanda dos micro e pequenos empreendedores na periferia é por crédito barato. Então, por isso que nós criamos esse programa, que inclusive ajuda a melhorar o trânsito, porque as pessoas podem trabalhar mais perto de onde elas moram. E também melhora muito a questão da diminuição da evasão escolar porque os jovens com emprego perto de onde moram não precisam sair da escola para poder criar a sua renda. Então é muito bom quando o mercado financeiro pode apoiar o pequeno empreendedor, e quando também você pode aplicar uma jornada da autonomia, para que as pessoas saiam da situação de vulnerabilidade com emprego. O melhor programa social é o emprego.


Candidato, vamos aproveitar: o senhor falou, inclusive, do programa do Trabalho Novo. Eu tenho uma pergunta sobre o programa. Para que as pessoas saibam, esse é um programa que o senhor quando era secretário do João Doria, prefeito de São Paulo, e a meta do programa era empregar 20 mil pessoas no primeiro ano, moradores de rua. O programa acabou sendo encerrado em dois anos e foram cerca de 3 mil pessoas atendidas. Vou fazer um paralelo muito rápido com a iniciativa privada que as pessoas do seu partido gostam de fazer essa análise. Se fosse um banco: o senhor é gerente de um banco, o senhor tem como meta ter 20 mil correntistas em um ano, depois de dois anos o senhor tem 3 mil correntistas... o senhor seria demitido, certamente.
O que deu errado? Não dá pra falar que um projeto que tinha essa meta de 20 mil pessoas atendidas em um ano e atendeu 3 mil foi um projeto de sucesso. O que deu errado? O que faltou para alcançar a meta?

Essa meta foi divulgada pela imprensa, mas nunca foi a minha meta. Até porque o Fernando Haddad, que foi o prefeito que antecedeu o nosso programa, ele empregou quatro pessoas em quatro anos. Quatro pessoas só, em situação de rua, foram empregadas. As outras que ele diz que empregou foram por meio de "bolsa crack", né? Quem não se lembra da bolsa que o Fernando Haddad dava para as pessoas consumirem crack?
Então você sai de quatro empregos em quatro anos para 3 mil empregos em um ano, é muita coisa. Essa meta eu desconheço. A minha meta foi atingida. Eu bati 147% das metas de 2020 em 2018. Infelizmente, o prefeito [João Doria] acabou saindo e as metas todas dele acabaram ficando com o Bruno Covas. Agora, as minhas metas todas eu cumpri e, inclusive, cumpri a mais. Como eu te disse, 147% das metas de 2020 foram batidas em 2018, em apenas dois anos que eu fiquei lá. Então 3 mil empregos para a população de rua é recorde.
A gente, inclusive, recebeu aqui o secretário dos Estados Unidos de desenvolvimento econômico, que vem entender o nosso programa Trabalho Novo porque nos Estados Unidos também tem um problemão de pessoas vivendo nas ruas. Então, o nosso programa foi de sucesso. Foi um recorde, né? 3 mil pessoas que viviam embaixo de viadutos, embaixo de marquises, enroladas em cobertores, que acabaram tendo seu emprego, sua vida recuperada e a sua família restaurada.


Vamos falar agora de Educação. No seu programa de governo, o senhor entende que a educação pública municipal hoje é muito ruim. Não por falta de dinheiro, mas por falta de gestão. Eu gostaria de saber o que o senhor pretende fazer para reverter esse quadro. E, já aproveitando a pergunta, vou perguntar como é que o senhor se identifica mais: como um gestor ou como um político?
Bom, eu vou começar pelo final da sua pergunta. Eu entendo que a política é uma ferramenta muito importante e necessária para transformar a vida das pessoas em escala. E é por isso que eu entrei para a política. Eu sempre servi as pessoas mais vulneráveis. Isso é um propósito que eu tenho de vida. Eu entendo que isso é algo que me chamou, foi um chamado que eu tive quando adolescente, quando eu comecei a cuidar das pessoas em situação de rua. Muitas que eu levei pra minha casa, inclusive.
Vários programas que eu criei, inclusive a ARCA, que é um instituto que eu criei, que é o instituto que mais gera emprego e renda para a população em situação de vulnerabilidade aqui em São Paulo. Eu entrei para política justamente por causa disso. Então eu me considero uma pessoa que entrou pra política para transformar e, claro, que essa boa política, tem que ter gestão também. Então tem que ter as duas coisas, né?
Agora, com relação à Educação: os números não mentem. A última pesquisa feita pelo Todos Pela Educação, que é um instituto extremamente importante nessa área, mostra que 88% das crianças que concluem o Ensino Fundamental aqui em São Paulo, que é responsabilidade do município, não sabem um razoável de matemática. 88%. E mais de 63% não têm o básico de gramática e português. Então esses números já mostram que as pessoas não estão aprendendo. Nós estamos investindo, só na Educação, R$ 14 bilhões por ano, e as crianças continuam não aprendendo.
Como é que muda isso? Fazendo gestão, melhorando as condições desses investimentos para que deixem de ser apenas gastos e se tornem investimentos de fato. Para que isso aconteça a medição do aprendizado tem que melhorar. A gente tem que ter medição mais frequente. A gente tem que mudar esse sistema de avaliação para que a metodologia seja atualizada e melhorada durante o processo educacional. Não dá pra continuar investindo R$ 14 bilhões na Educação e, como eu disse aí, quase 90% crianças não sabendo o básico de matemática.
Os professores precisam de apoio, as escolas precisam de infraestrutura. Eu estou escutando de vários professores que até alguns têm que levar papel higiênico para a própria escola. Muitos vêem que não tem nem água nas torneiras das escolas, sem falar de bola, de giz, o mínimo para os professores poderem dar boas aulas e os alunos aprenderem. Então, por isso que o nosso programa, que a gente chamou de Ensino Nota 10, que é focado na aprendizagem.
Eu tive um papo com uma pessoa especialista em educação semana retrasada - e ela é uma pessoa que é mais simples, é uma professora, e tem as suas expressões - mas ela falou: "Filipe, o problema é que a gente está muito focado na ?ensinagem?, e a aprendizagem não está acontecendo". Então, tirando a expressão dela, o que mostra é que os professores querem ensinar, mas os alunos não estão aprendendo. Então, precisa mudar a metodologia e o acompanhamento para que, de fato, os nossos impostos, que estão sendo investidos na educação, R$ 14 bilhões, sejam transformados em educação de fato para as nossas crianças.


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