Lula é um desconhecido nas urnas para 35 milhões dos atuais eleitores
Sem disputar eleições desde 2006, ex-presidente tem dificuldades de influenciar votos de quem tem de 16 a 30 anos
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Ausente das eleições nos últimos 14 anos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem dificuldade de influenciar os votos de uma parcela do eleitorado que nunca viu a foto do petista nas urnas. São 35 milhões de brasileiros de 16 a 30 anos -cerca de 23% do total de 150 milhões-, que estão aptos a participar da corrida municipal de novembro e que não têm a memória de Lula como candidato.
A última eleição que Lula participou como candidato foi a de 2006, quando ele derrotou o tucano Geraldo Alckmin no 2º turno. A ausência da foto do petista nas urnas, desde então, pode explicar por exemplo a baixa influência do ex-presidente sobre o eleitorado mais jovem. É o caso das eleições no Recife. Pesquisa Datafolha na capital pernambucana, um estado onde o petista mostra a maior força, revela a dificuldade.
Lá, no Recife, 35% dos eleitores votariam num nome indicado pelo líder petista. Quando a pesquisa é estratificada, 41% dos recifenses com mais de 61 anos chancelariam o nome sugerido por Lula. Mas apenas 22% dos mais jovens, entre 16 a 24 anos, escolheriam o candidato apontado pelo ex-presidente. "O PT tem uma dificuldade de renovação, isso explica muita coisa", diz Thiago Vidal, analista político da consultoria Prospectiva.
Na dificuldade de renovação, a imagem do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad -candidato ao Palácio do Planalto nas eleições de 2018- estaria muito mais presente na memória de mais eleitores do que a de Lula. "Por uma questão endógena (substituição de lideranças), mas por uma questão eleitoral também. É só ver o caso de São Paulo: o PT escolheu um candidato que não é da velha guarda do partido, mas está longe de ser a melhor ponte com o eleitorado mais jovem."
Segundo Vidal, tal equação ajuda a empurrar o eleitor mais progressista, jovem, para candidaturas de outros partidos, como PSB, PCdoB, PSOL. "Principalmente candidatos dessas legendas que sabem como conversar com um eleitor que não entende ou não liga muito para pautas da esquerda que faziam sentido nas décadas de 1980 e 1990 mas que envelheceram e, em alguns casos, deixaram de fazer sentido. O PT ainda continua preso por exemplo a pautas sindicais."
![](https://i.imgur.com/pqmtyBB.jpg)
Gráfico de pesquisas entre Jair Bolsonaro e Lula. Fonte: Google Trends
Arquirrivais
Nos últimos 12 meses, a título de comparação, os internautas tiveram quatro vezes mais interesse no presidente Jair Bolsonaro do que no petista. O gráfico mostra que mesmo nos momentos de queda nas buscas pelo nome do atual ocupante do Planalto, Lula também cai, mantendo a proporção de 4 para um em favor de Bolsonaro. "Há uma perda de memória, de recall, à medida que Lula fica longe das urnas", diz Manoel Fernandes, diretor da Bites, uma empresa especializada em análise de dados. "Isso quer dizer que Lula é carta fora do baralho, não, mas um indicativo que a estratégia petista precisa ser repensada."
A foto utilizada nesta reportagem é de autoria de Ricardo Stuckert
A última eleição que Lula participou como candidato foi a de 2006, quando ele derrotou o tucano Geraldo Alckmin no 2º turno. A ausência da foto do petista nas urnas, desde então, pode explicar por exemplo a baixa influência do ex-presidente sobre o eleitorado mais jovem. É o caso das eleições no Recife. Pesquisa Datafolha na capital pernambucana, um estado onde o petista mostra a maior força, revela a dificuldade.
Lá, no Recife, 35% dos eleitores votariam num nome indicado pelo líder petista. Quando a pesquisa é estratificada, 41% dos recifenses com mais de 61 anos chancelariam o nome sugerido por Lula. Mas apenas 22% dos mais jovens, entre 16 a 24 anos, escolheriam o candidato apontado pelo ex-presidente. "O PT tem uma dificuldade de renovação, isso explica muita coisa", diz Thiago Vidal, analista político da consultoria Prospectiva.
Na dificuldade de renovação, a imagem do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad -candidato ao Palácio do Planalto nas eleições de 2018- estaria muito mais presente na memória de mais eleitores do que a de Lula. "Por uma questão endógena (substituição de lideranças), mas por uma questão eleitoral também. É só ver o caso de São Paulo: o PT escolheu um candidato que não é da velha guarda do partido, mas está longe de ser a melhor ponte com o eleitorado mais jovem."
Segundo Vidal, tal equação ajuda a empurrar o eleitor mais progressista, jovem, para candidaturas de outros partidos, como PSB, PCdoB, PSOL. "Principalmente candidatos dessas legendas que sabem como conversar com um eleitor que não entende ou não liga muito para pautas da esquerda que faziam sentido nas décadas de 1980 e 1990 mas que envelheceram e, em alguns casos, deixaram de fazer sentido. O PT ainda continua preso por exemplo a pautas sindicais."
![](https://i.imgur.com/pqmtyBB.jpg)
Gráfico de pesquisas entre Jair Bolsonaro e Lula. Fonte: Google Trends
Arquirrivais
Nos últimos 12 meses, a título de comparação, os internautas tiveram quatro vezes mais interesse no presidente Jair Bolsonaro do que no petista. O gráfico mostra que mesmo nos momentos de queda nas buscas pelo nome do atual ocupante do Planalto, Lula também cai, mantendo a proporção de 4 para um em favor de Bolsonaro. "Há uma perda de memória, de recall, à medida que Lula fica longe das urnas", diz Manoel Fernandes, diretor da Bites, uma empresa especializada em análise de dados. "Isso quer dizer que Lula é carta fora do baralho, não, mas um indicativo que a estratégia petista precisa ser repensada."
A foto utilizada nesta reportagem é de autoria de Ricardo Stuckert
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