Em dois anos, Receita Federal apreende 846 contêineres com minérios ilegais em portos do país
Entre os minérios exportados ilegalmente estão cobre, quartzo e zirconita, considerados 'críticos' para a economia brasileira

SBT Brasil
Nos últimos dois anos, a Receita Federal apreendeu 846 contêineres com minérios extraídos ilegalmente. As apreensões foram feitas em diversos portos de todo o país. Só no Porto de Santos, o maior da América Latina, foram registradas 107 apreensões apenas em 2025, com 43 delas realizadas nos últimos três meses.
Os minerais encontrados - cobre, quartzo e zirconita - são considerados 'críticos' para a economia.
De acordo com o auditor-fiscal e chefe da Divisão de Vigilância e Repressão da Alfândega de Santos, Ivan da Silva Brasílico, a alta procura dessas matérias-primas está diretamente ligada ao avanço da tecnologia global.
"Esses minerais são, em grande parte, utilizados pela revolução digital, que tem se acelerado cada vez mais com o uso da inteligência artificial. Com a crescente demanda, aumenta também a exploração ilegal", explica o auditor.
Esquema sofisticado usa portos estratégicos
O esquema de exportação ilegal movimentava empresas de diversas regiões do país que operavam sem as licenças necessárias para a extração e comercialização de minérios. Inicialmente, os portos de Vila do Conde, em Barcarena, no Pará, e de Pecém, em São Gonçalo do Amarante, no Ceará, eram os principais alvos das operações de fiscalização.
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Entretanto, com o aumento da vigilância, as rotas passaram a ser redirecionadas, privilegiando o Porto de Santos, que é responsável por 29% de toda a movimentação portuária do Brasil.
O Porto de Santos tornou-se estratégico para organizações criminosas que enviam minérios ilegalmente, principalmente ao continente asiático. Neste ano, as autoridades já realizaram 45 ações fiscais relacionadas à prática criminosa, destacando a eficácia das novas estratégias de fiscalização.
O auditor-fiscal Rômulo Pereira Brandão Neto, da Receita Federal de Santos, explica que a fiscalização busca não apenas combater o esquema de exportação clandestina, mas também abrir caminho para investigações mais aprofundadas. "Perguntas como 'De onde veio o minério?', 'Qual o comprovante de pagamento da operação?' e 'Onde estão as licenças?' são fundamentais para desmontar essas redes criminosas", detalha.
Além dos prejuízos econômicos, que já somam R$ 83 milhões em mercadorias apreendidas, o crime traz impacto significativo tanto para o meio ambiente quanto para a sociedade. "A mineração é regulamentada exatamente para preservar a riqueza natural do país e minimizar os danos ambientais dessa atividade. Porém, quando feita de maneira ilegal, os impactos são devastadores", destaca Ivan da Silva Brasílico.
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Esforços para conter o crime
As apreensões recentes ocorreram com o auxílio de tecnologia avançada de monitoramento, como sistemas antifraude e cães farejadores treinados, que têm desempenhado um papel crucial na identificação de cargas suspeitas.
Segundo estimativas das autoridades, o prejuízo real causado pelo mercado clandestino pode ser ainda maior, considerando a possível circulação de cargas não fiscalizadas.
As operações continuarão ao longo de 2026, com a prioridade de fortalecer a fiscalização nos portos de maior movimentação, de modo a enfraquecer as redes criminosas e conter o garimpo ilegal, que afeta a economia, o meio ambiente e a sustentabilidade do país.









