Saiba a lógica dos negócios visionários e das empresas perenes
As diferenças entre os tipos de organizações mostram a dinâmica corporativa na estratégia de inovação e negócios para o futuro
Empresas visionárias possuem algo a mais, algo que vai além do lucro e da busca incessante por crescimento.
São organizações que entenderam, desde sua fundação, a importância de ter uma estratégia baseada em uma forte visão.
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Uma cultura baseada em valores e propósito não é uma mera declaração de intenções, mas a base sobre a qual toda a organização se sustenta e evolui.
Empresas como a Walt Disney são exemplos perfeitos dessa filosofia. Elas não apenas vendem produtos ou serviços, elas entregam uma visão de mundo, uma experiência, uma expectativa e uma promessa.
Mas, para durar, não basta ter uma visão. É preciso fazer o básico bem feito, ter uma estrutura sólida, mas ao mesmo tempo, ser dinâmico e imparável.
As empresas perenes sabem equilibrar a preservação de seus valores com a necessidade constante de progresso. Para elas, a inovação não é uma opção, é uma necessidade.
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E aqui está o paradoxo: enquanto muitas empresas falham ao tentar se reinventar e inovar de qualquer forma, as visionárias fazem isso de forma constante e consciente, mas mantendo seus valores intactos.
Pense na Johnson & Johnson e em sua habilidade de evoluir sem perder a essência de cuidar das pessoas.
O livro "Built to Last" de Jim Collins, publicado em 1994, apresentou pela primeira vez um termo bem conhecido hoje: as metas "cabulosas" chamadas BHAGs (Big Hairy Audacious Goals). Essas metas servem como faróis, guiando e inspirando todos os membros de uma organização.
Não se trata de objetivos triviais, mas de metas que parecem quase impossíveis.
Mas por que isso é importante?
É justamente essa ousadia que move uma organização para além de seus limites, criando uma cultura incansável de superação constante.
A 3M, por exemplo, não teria se tornado a gigante da inovação que é hoje se não tivesse estabelecido metas audaciosas desde o início.
Aqui no Brasil, trago o meu exemplo, a Bossanova Investimentos (hoje Bossa Invest), que criou em 2016 a meta BHAG de investir em mil startups até 2021 e não só alcançou esse número, como hoje já são mais de 1.700 startups investidas. Mas uma coisa é importante que seja dita e afirmada: fizemos esse resultado sem perder a essência e os nossos valores.
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Cultura forte é a principal característica das empresas perenes. Ela não se forma do dia para a noite. É o resultado de práticas consistentes e da vivência diária dos valores da empresa.
Uma cultura forte cria coesão interna e garante que todos estejam alinhados com a visão e os objetivos da organização. Mais do que isso, é um diferencial competitivo que atrai e retém os melhores talentos.
O desenvolvimento interno de liderança é outro pilar importante. Promover líderes dentro da organização garante que a cultura e os valores permaneçam vivos e bem representados em cada momento da empresa e a cada decisão estratégica.
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Essas empresas não precisam buscar fora se já possuem dentro líderes que entendem a alma da organização e estão preparados para seguir adiante. Isso cria um ciclo virtuoso de continuidade e inovação.
Mas atenção: para essa formação, só contrate pessoas que queiram fazer mais do que é demandado e que estejam muito alinhadas com a cultura e visão da empresa.
Empresas perenes são mestres na experimentação, na validação e na adaptação. Elas não têm medo de falhar, têm medo de não tentar.
A experimentação é vista como uma oportunidade de aprendizado, uma possibilidade de pivô, e cada erro é uma lição valiosa, sem querer achar culpados.
Ao invés de seguir um plano rígido, essas empresas adotam uma abordagem flexível, sempre prontas para ajustar o curso conforme necessário. Essa capacidade de adaptação é o que permite que sobrevivam e prosperem em ambientes altamente voláteis.
E aqui está o ponto que muitos ignoram: lucro é importante, mas não é tudo.
As empresas visionárias entendem que sua missão vai além do resultado financeiro. Elas querem fazer uma diferença significativa no mundo, impactar positivamente a vida das pessoas.
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Isso cria um propósito maior que motiva e engaja todos os envolvidos. Não é apenas sobre o que se faz, mas sobre o porquê se faz.
Eu digo sempre que a razão pela qual fazemos as coisas, é mais importante que as coisas que fazemos.
Outro fator frequentemente negligenciado é a habilidade de se manter relevante ao longo do tempo. Empresas perenes também enfrentam crises, mudanças de mercado e evoluções tecnológicas com uma resiliência impressionante.
Elas não apenas sobrevivem, elas se fortalecem. Essa continuidade é um testemunho da eficácia de seus valores e práticas.
Quando olhamos para empresas como a Disney e sua capacidade de se reinventar constantemente sem perder a magia original, vemos a essência da perenidade.
É importante enxergar a empresa como um organismo vivo, em constante evolução. A capacidade de aprender e crescer é inerente às empresas perenes.
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Elas investem em aprendizado contínuo, em todos os níveis da organização. A educação e o desenvolvimento são vistos não como custos, mas como investimentos essenciais para o futuro.
Não é a mais rápida que vence, mas a que cresce de forma orgânica e sustentável, garantindo a perenidade.
Empresas perenes não são fruto do acaso. São o resultado de práticas deliberadas, de uma visão estratégica muito clara e de uma cultura forte.
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Elas inspiram, inovam e deixam um legado duradouro. Em um mundo onde muitas empresas surgem e desaparecem com a mesma rapidez, aquelas que duram nos mostram que a verdadeira chave para o sucesso está na combinação de valores sólidos, inovação constante e um propósito maior ainda.
Pense nisso!