Economia

Mais de dois milhões de lares saem da insegurança alimentar no Brasil, aponta IBGE

Apesar da queda, dados mostram que um em cada quatro domicílios permanece nessa situação

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A quantidade de domicílios com pessoas com algum grau de insegurança alimentar caiu para 18,9 milhões, o que representa 2,2 milhões de lares a menos nessa condição entre 2023 para 2024. Proporcionalmente, o número de domicílios recuou de 27,6% para 24,2% nesse mesmo período, indicando que quase um em cada quatro domicílios ainda está em insegurança alimentar. Consequentemente, a proporção de domicílios em segurança alimentar aumentou de 72,4% para 75,8%.

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Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (10) pelo IBGE e fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.

A pesquisa classifica a insegurança alimentar em três níveis:

- Insegurança alimentar leve: preocupação ou incerteza quanto ao acesso a alimentos e redução da qualidade para não afetar a quantidade;

- Insegurança alimentar moderada: falta de qualidade e redução na quantidade de alimentos entre adultos;

- Insegurança alimentar grave: falta de qualidade e redução na quantidade de alimentos também entre menores de 18 anos. Nessa situação, a fome passa a ser uma experiência vivida no domicílio.

Todos os três níveis de insegurança alimentar caíram de 2023 para 2024: leve, de 18,2% para 16,4%; moderada, de 5,3% para 4,5%; e grave, de 4,1% para 3,2%. Em relação ao nível grave, esse percentual representa 2,5 milhões de famílias que passaram por privação quantitativa de alimentos, que atingiram tanto adultos quanto crianças e adolescentes.

Proporção de domicílios com insegurança alimentar é maior no Norte e Nordeste

Norte (37,7%) e Nordeste (34,8%) apresentaram as maiores proporções de insegurança alimentar nos três níveis (leve, moderada e grave), sendo que o grau mais grave foi registrado em 6,3% e 4,8% dos domicílios, respectivamente. Entre as demais grandes regiões, a insegurança alimentar chegou a 20,5% dos domicílios do Centro-Oeste, 19,6% do Sudeste, e 13,5% do Sul.

A taxa de insegurança alimentar grave do Norte foi quase quatro vezes maior quando comparada com o Sul (1,7%), que foi a grande região com a menor proporção de domicílios em insegurança alimentar.

A quantidade de domicílios em insegurança alimentar era maior no Nordeste (7,2 milhões), seguido por Sudeste (6,6 milhões), Norte (2,2 milhões), Sul (1,6 milhão) e Centro-Oeste (1,3 milhão). “Em termos absolutos, a região Sudeste, por concentrar a maior parte da população, tem um número elevado de domicílios em situação de insegurança alimentar. Uma coisa é olhar por termos proporcionais, com piores situações no Norte e Nordeste. Mas quando vemos em termos de quantidade, são Nordeste e Sudeste”, explicou a analista da pesquisa, Maria Lucia Vieira.

Insegurança alimentar por Estados

Quase todas as Unidades da Federação tiveram melhora na situação de insegurança alimentar entre 2023 e 2024. As exceções foram Roraima, que aumentou de 36,4% para 43,6%; Distrito Federal, que foi de 26,5% para 27,0%; Amapá, que passou de 30,7% para 32,5%; e Tocantins, que saiu de 28,9% para 29,6%. Por outro lado, nove estados tiveram menos de 20% no índice de insegurança alimentar: Santa Catarina (9,4%), Espírito Santo (13,5%), Rio Grande do Sul (14,8%), Paraná (15,3%), Goiás (17,9%), Mato Grosso do Sul (18,5%), Rondônia (18,5%), São Paulo (19,3%) e Minas Gerais (19,5%).

Os percentuais mais altos de domicílios em insegurança alimentar foram no Pará (44,6%), Roraima (43,6%), Amazonas (38,9%), Bahia (37,8%), Pernambuco (35,3%), Maranhão (35,2%), Alagoas (35%) e Sergipe (35%). Já os estados com nível grave de insegurança alimentar mais alto foram Amapá (9,3%), Amazonas (7,2%) e Pará (7,0%).

Rural e urbano

Proporcionalmente, a insegurança alimentar atingia mais domicílios em áreas rurais (31,3%) do que em zonas urbanas (23,2%). No grau mais grave de insegurança alimentar, o percentual de domicílios na área rural chegou a 4,6%, enquanto na área urbana foi de 3,0%.

“Esses dados vão um pouco contra a nossa intuição de que na área rural as pessoas plantam seus alimentos, portanto a insegurança alimentar ali seria menor. Entretanto, parte dos domicílios rurais tem rendimento per capita menor e maior presença de crianças, de tal forma que, mesmo com cultivo agrícola, esse pode ser restrito e não variado, não garantindo nem quantidade e nem qualidade”, avaliou Maria Lucia.

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