Indústria da construção aponta principais motivos para a queda da confiança no Brasil
Setor reclama da piora da situação financeira, de acordo com pesquisa da CNI com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)

Beto Lima
Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) mostrou uma queda na confiança da indústria da construção no Brasil. O setor apontou os juros altos, impostos e a dificuldade de encontrar trabalhadores qualificados como motivos para uma piora na situação financeira.
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Comparando com o 4º trimestre de 2024, os dados do 1º trimestre de 2025 mostram que:
- O índice de satisfação com o lucro operacional caiu de 44,8 para 42,8 pontos.
- O índice de satisfação com a situação financeira também recuou, de 49 para 46,4 pontos.
- O índice de facilidade de acesso ao crédito caiu para 37,4 pontos (recuo de 0,3 ponto).
- O índice de evolução dos preços de insumos subiu para 64,6 pontos, apontando aceleração nos custos de produção.
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Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI, explica o efeito cascata da alta da Selic: "A indústria da construção é diretamente impactada pela alta da Selic. Como fica mais difícil acessar financiamento para a compra de imóveis, a demanda diminui. Esse movimento chega até a produção, pois a indústria também sente os reflexos dos juros para financiar a compra de insumos, então há um efeito em cadeia”.
A pesquisa ouviu 316 empresas de todos os portes no começo de Abril.
Ranking dos principais problemas
No ranking dos principais problemas que assombram a construção, as taxas de juros elevadas lideram, apontadas por 35,3% dos empresários. Em seguida, figuram a elevada carga tributária (27,8%) e a persistente falta ou alto custo de mão de obra qualificada (27,1%). Um sinal de alerta é o salto da demanda interna insuficiente, que ascendeu da sétima para a quarta posição entre os maiores obstáculos, e a crescente preocupação com a falta de capital de giro, que subiu da oitava para a sexta colocação.
O desempenho do setor em março de 2025 apresentou uma leve melhora no nível de atividade, atingindo 47,2 pontos, mas ainda abaixo do registrado em março de 2024. O emprego se manteve praticamente estável, e a Utilização da Capacidade Operacional (UCO) estacionou em 67% pelo quinto mês consecutivo. Diante desse cenário desafiador, as expectativas para os próximos seis meses perderam força, com todos os índices de expectativa recuando em abril, embora ainda se mantenham acima da linha dos 50 pontos.