Haddad diz que negociação sobre IOF vai até "os 47 do segundo tempo", mas vê avanço no Congresso
Medida provisória precisa ser votada até quarta (8) para não perder validade; ministro admite que texto pode passar por mudanças

Warley Júnior
Segundo o ministro, o governo tem enfrentado resistência de setores beneficiados por isenções fiscais. "Tudo que mexe com privilégio é muito difícil mexer. Os lobistas ocupam Brasília para garantir que seus privilégios sejam mantidos", disse em entrevista ao programa "Bom Dia, Ministro", do CanalGov.
"Eu não saio da mesa de negociação. O que a gente está fazendo é mostrar que há privilégios tributários que não fazem mais sentido. E se não fazem mais sentido, tem que cortar", afirmou o ministro.
Haddad também elogiou a atuação conjunta entre os Poderes.
"Vamos olhar para aquilo que o Congresso tem entregado com negociação conosco. Quero enaltecer a parceria entre os Três Poderes que está acontecendo depois de muitos anos de conflito. Inclusive, a parceria federativa está acontecendo com estados e municípios e vamos fazer a agenda avançar", disse.
O ministro reconheceu que a MP pode passar por ajustes antes da votação.
"Sempre que nós encaminhamos um projeto, sabemos que vai ter uma margem de negociação. Seria muito ingênuo achar que o projeto do governo não teria emendas. Não temos problemas em relação a isso. Acredito que a negociação está indo bem", afirmou.
Isenção do IR: expectativa de sanção até fim de outubro
Na entrevista, Haddad também comentou a aprovação, na semana passada, do projeto que isenta de pagamento do Imposto de Renda (IR) quem ganha até R$ 5 mil por mês. O texto foi aprovado por unanimidade na Câmara dos Deputados, com 493 votos a favor e nenhum contra, e segue para análise do Senado.
O ministro classificou a proposta como um "pequeno ovo de Colombo" e disse que o resultado da votação não o surpreendeu.
“É muito difícil um deputado ou uma deputada votar contra essa ideia. Foi uma construção de quase um ano dentro do Ministério da Fazenda e da Receita Federal, com o objetivo de reduzir desigualdades e garantir que todos com rendimento expressivo paguem um imposto de renda mínimo", declarou.
Haddad afirmou ainda que o governo deve entregar um resultado fiscal melhor do que os dois últimos governos, com inflação, desemprego e crescimento em patamares mais favoráveis.
A expectativa do Ministério da Fazenda é de que o Senado conclua a votação da proposta do Imposto de Renda ainda neste mês, permitindo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancione a medida até o fim de outubro.









