Em meio a tensões com os EUA, Brasil busca fortalecer laços com a China
Depois de visitar a Rússia, Lula participa de cúpula entre China e países latino-americanos e se reúne com Xi Jinping em Pequim

Murilo Fagundes
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visita esta semana a China, onde participará, nos dias 12 e 13 de maio, da Cúpula com países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
Além da participação na Cúpula, está previsto um encontro bilateral com o presidente chinês, Xi Jinping. A agenda inclui temas voltados à cooperação econômica e comercial entre os dois países.
A reunião ganha importância dentro do contexto da guerra comercial entre Estados Unidos e China, caracterizada por um aumento de tarifas e restrições que afetam cadeias globais de produção e comércio. Em alguns casos, o aumento dos custos de transações entre norte-americanos e chineses pode beneficiar as exportações brasileiras.
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Esta será a segunda visita de Lula à China em seu terceiro mandato e o terceiro encontro de Estado com Xi Jinping desde o início deste governo.
“Depois da visita do presidente Xi, acho que ficou bem clara a ideia de explorar novas vertentes de cooperação. Tem uma força-tarefa que trabalha a questão das sinergias entre as estratégias de desenvolvimento do Brasil e iniciativas como o Cinturão e Rota [programa de cooperação chinês]”, afirmou o secretário de Ásia e Pacífico do Ministério das Relações Exteriores, Eduardo Saboia, nesta terça-feira (6).
O fortalecimento de laços diplomáticos está pautado, em grande parte, pelo interesse comercial em novas parcerias de negócios e novos acordos, visto como relevante para o avanço da economia brasileira especialmente neste momento.
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"Desde 2009, a China é o maior parceiro comercial do Brasil. Em 2024, nossas exportações para a China responderam por 28% do total vendido ao exterior e por 41,4% do superávit comercial. A China é fundamental para o Brasil conseguir fechar as contas externas", disse Pedro Rebelo, diretor-executivo de Negócios Internacionais da SP Negócios e mestre em Ciência Política pela Universidade JiaoTong, de Xangai.
Segundo o Itamaraty, além de fazer uma visita de Estado à China, Lula participará da assinatura de, pelo menos, 16 atos bilaterais.
Na Rússia, primeira parada da agenda internacional, Lula participa nesta quarta-feira (7), a convite do presidente Vladimir Putin, das celebrações dos 80 anos da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial. Também haverá reunião bilateral nos dias 8 e 10 de maio entre os presidentes das duas nações.