Dólar sobe e fecha cotado a R$ 5,40 com preocupação com os gastos do governo
No exterior, a perspectiva de um corte mais lento na taxa de juros dos Estados Unidos também teve impacto
O dólar registrou uma alta de 0,8% nesta quarta-feira (12) devido a fatores nacionais e internacionais. No cenário interno, pesou a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que a discussão econômica não considera as questões sociais. A declaração foi interpretada como uma tendência de aumentos dos gastos públicos, com possível deterioração das metas para as contas públicas. Neste ano, a previsão é de um déficit zero.
Na terça-feira, a situação das contas públicas já havia despertado a preocupação dos investidores após a devolução ao governo da "MP do Fim do Mundo" pelo presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco. A Medida Provisória, que restringe o uso do PIS/Cofins para compensar pagamento de outros tributos, foi proposta para compensar os custos com a manutenção da desoneração da folha de pagamento. Sem a MP, o governo precisará pensar numa outra alternativa para cobrir os custos de R$ 26 bilhões com o benefício fiscal.
No cenário externo, o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, decidiu manter a taxa de juros na faixa de 5,25 e -5,5% como esperado. Mas o presidente da autoridade monetária norte-americana, Jerome Powell, disse que novos cortes na taxa dependem de uma trajetória consistente de queda da inflação. Mais cedo, nesta quarta, o índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos mostrou uma leve desaceleração, um pouco acima da expectativa do mercado.
Os juros mais altos nos Estados Unidos atrai investidores e dificulta os investimentos no mercado brasileiro, que tradicionalmente apresenta mais riscos. Com uma entrada menor da moeda americana, a tendência é ela se valorizar em relação ao real.
Mercado de ações
O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, fechou em queda de 1,4% também com as incertezas em relação ao cenário nacional. O fato de a MP do PIS/Cofins proposta pelo Ministério da Fazenda ter sido devolvida, sem resistência pessoal do presidente Lula, eleva as dúvidas sobre a força de Fernando Haddad para aprovar as medidas econômicas necessárias para que o Brasil consiga cumprir as metas para as contas públicas neste e nos próximos anos.